sexta-feira, 25 de março de 2011

CÓDIGO FLORESTAL !!!!!

Produtores de São Paulo conseguem plantar em áreas de preservação

Resolução do Conama levanta discussão do Código Florestal e garante cultivo de famíliasSebastião Garcia
São Paulo (SP)

As discussões sobre o Código Florestal levantam a polêmica sobre o plantio em Áreas de Preservação Permanente (APP). Para a maior parte dos produtores brasileiros, é proibido plantar nessas áreas. Mas no Estado de São Paulo, uma lei permite que agricultores familiares plantem em APP. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) autoriza a exploração nessas áreas desde que os produtores se comprometam em recuperar a vegetação do local.

O Canal Rural já contou a história do produtor rural Oswaldo de Andrade, que conseguiu licença para plantar numa APP. Ele e a mulher plantam palmito no sitio onde moram, em Porto Feliz (SP), há 80 quilometros da capital paulista.

Ele tem licença pra plantar porque participa de um projeto de recuperação e exploração da área, criado pelo Instituto de Terras de São Paulo (Itesp). O trabalho começou quatro anos atrás, e envolveu 30 famílias de agricultores. Eles trabalharam na recuperação na área, prepararam o terreno e plantaram árvores, todas nativas, como o palmito. Foram inclusive remunerados por isso.

– No começo a gente até ganhou um dinheiro cuidando. Depois a gente plantou também, e colheu algumas coisas. Isso ajuda – afirmou Osvaldo de Andrade.

Seu Osvaldo não é o único produtor do Estado que planta numa APP. Além do Conama, a lei federal que garantiu legalidade ao produtor, São Paulo tem uma outra resolução, da Secretaria do Meio Ambiente. Assim, é o governo do Estado que define como deve ser esta exploração, quais os critérios e procedimentos. A lei tem pouco mais de dois anos, e quase 10 produtores já pediram licença pra plantar em APP.

A resolução, de número 44, permite que sejam implantados sistemas agroflorestais em APPs que estejam em pequenas propriedades ou propriedades de posse rural familiar, definidas pelo Código Florestal. No Estado de São Paulo são aquelas com área de até 30 hectares, em que pelo menos 80% da renda familiar resulte do trabalho na propriedade.

A agrônoma Renata Inês Ramos, da Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo (Cetesb), o órgão que fiscaliza e controla as autorizações, justifica a medida implantada no Estado.

– No entendimento da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, não é uma exploração. Em São Paulo, existe mais de um milhão de hectares de Áreas de Preservação Permanente desprovidos de vegetação nativa. O custo para recuperar estas áreas é de R$ 16 mil por hectare. Um custo muito alto para o pequeno produtor rural. O sistema agroflorestal é uma maneira de recuperar – disse a agrônoma.

A resolução tem pelo menos 11 artigos sobre os critérios e procedimentos para o uso e recuperação da terra. É uma espécie de contrato com o produtor, estabelecendo os direitos e responsabilidades de uso de uma Área de Preservação Permanente.

– Nesta resolução, está dito o número de espécies, as restrições, o limite do uso de agroquímicos, de adubos, de pesticidas, o cuidado no plantio e quanto tempo na reserva legal você vai usar o sistema agroflorestal. Sempre objetivando o alcance da floresta, que a floresta seja formada – explicou a agrônoma.

O Ministério Público do Estado de São Paulo tem uma equipe que avalia o uso de uma APP quando um caso chega aos promotores. O assessor técnico Roberto Varjabedian é um dos que fazem este trabalho. Ele diz que cada caso é um caso. O que se avalia é se as funções de uma Área de Preservação Permanente, de manter o equilíbrio ecológico daquele lugar, são mantidas.

– Quem se propõe a fazer um manejo agroflorestal, que tenha na legislação premissas de manter a característica da cobertura vegetal e, ao mesmo tempo, as funções da APP, vai ter que demonstrar esta compatibilidade tecnicamente. Mas isso tem que ser colocado em conta que a meta para aqueles ambientes é uma meta de restituição da floresta – afirmou.

Não é preciso uma denúncia para que um caso chegue ao Ministério. A promotora de Justiça Karina Kamei, que coordena a área de meio ambiente do Ministério Público de São Paulo, lembra que o uso de uma área protegida, como a APP, só é permitido por lei. Nenhum produtor pode fazer por conta, sem critérios e avaliações bem definidos. O que prevalece, diz ela, é o que está no Código Florestal e na Constituição, independente das resoluções ou legislações de Estados e Municípios.

– Se tiver de acordo com o Código Florestal, a gente não pode dizer que é ilegal – explicou.


FONTE: CANAL RURAL






CANAL RURAL

scrapie

TECNOLOGIA !!!

Tecnologia diminuirá gastos para o produtor rural

 Inoculantes reduzirão os custos com fertilizantes nas lavouras de milho, cana-de-açúcar, arroz e trigo

por Globo Rural Online

Os produtores rurais vão poder reduzir os gastos no plantio de milho, cana-de-açúcar, arroz e trigo, com o emprego de tecnologia à base de inoculante ─ bactérias que fixam nitrogênio no solo. Esse tipo de produto é empregado com sucesso no cultivo da soja desde a década de 70. Uma instrução normativa, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira (25/03), moderniza o registro desses produtos no Brasil, melhorando as regras existentes para produção, pesquisa e importação.



De acordo com o coordenador do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Hideraldo Coelho, os inoculantes diminuem bastante a quantidade de fertilizantes nitrogenados usada na lavoura. “No cultivo de soja, por exemplo, os agricultores chegam a gastar, em média, R$ 15 por hectare. Entre os que não aderem à tecnologia, os custos podem chegar a aproximadamente R$ 700 por hectare, calculam os especialistas da área”, diz Hideraldo Coelho.



Diferente da adubação mineral, os inoculantes têm como base material biológico. Além de mais baratos, os produtos não causam danos ao meio ambiente. “A fixação biológica de nitrogênio pelas plantas leguminosas pode suprir a adubação mineral dependendo da espécie e sistema de cultivo”, explica o coordenador

quarta-feira, 23 de março de 2011

ORGÂNICOS !!!!!

Brasil participa pela primeira vez de feira de orgânicos em Londres


 O Projeto Organics Brasil participará da Natural & Organic Products Europe, em Londres nos dias 3 e 4 de abril, tendo como expositoras as empresas: Surya Brasil, Chá Mate Triunfo, Natural Fashion e Florestas/ Ikove. É a primeira vez que o Organics Brasil participa com estande coletivo dessa feira.

As empresas de cosméticos Surya Brasil e Florestas /Ikove, em fevereiro, participaram de feira Vivaness na Alemanha, e agora, com a participação na Natural & Organic pretendem conquistar os compradores europeus para reforçar a participação no varejo dos países da comunidade europeia.

Já com vendas expressivas para o mercado europeu, a Natural Fashion, cooperativa paraibana de algodão orgânico naturalmente tingido, levará à feira as principais novidades no conceito têxtil.

No setor de bebidas e ingredientes para alimentos, a Chá Mate Triunfo fornece ao mercado externo erva mate verde, tostada e envelhecida; e chá mate nos sabores verde, tostado, pêssego, limão e canela.

“O mercado europeu de orgânicos movimenta mais de US$ 45 bilhões/ano. Além de participar das feiras internacionais, contamos com o trabalho comercial de fomento do governo. Paralelamente à feira, a secretaria de comércio da embaixada brasileira em Londres promoverá um encontro com empresários ingleses para conhecer mais sobre os produtos orgânicos certificados e os biomas brasileiros. Mostramos ao mundo que o Brasil é orgânico por natureza”, esclarece Ming Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil.

As informações são da assessoria de imprensa do Projeto Organics Brasil

terça-feira, 22 de março de 2011

ÁGUA ATÉ QUANDO????

Metade dos municípios brasileiros sofrerá falta de água em 2015, diz estudo



Metade dos municípios brasileiros sofrerá falta de água em 2015, diz estudoMesmo sendo a maior potência hídrica do mundo, o Brasil sofrerá com a falta de água em 2015. De acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (22/03) pela Agência Nacional das Águas (ANA), pouco mais da metade dos 5.565 municípios brasileiros terá déficit de abastecimento no período.

O diagnóstico faz parte do “Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água”, um estudo sobre as tendências de demanda e oferta do líquido nas cidades brasileiras. A pesquisa analisou a disponibilidade hídrica, o crescimento da população e as condições de infraestrutura dos municípios e concluiu que, em cinco anos, a demanda de água será maior que a oferta em 55% das cidades.

Entre os municípios que terão problemas para atender à demanda, estão grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. Segundo a ANA, o Brasil precisará investir R$ 22 bilhões nos próximos cinco anos para impedir que os municípios enfrentem problemas de abastecimento.

Atualmente, o país oferece 587 mil litros de água por segundo para uma demanda calculada em 543 mil litros por segundo. Técnicos estimam, porém, que, com um crescimento de 45 milhões no número de habitantes até 2025, o Brasil precisará elevar sua oferta de água em 137 mil litros por segundo para satisfazer a demanda da população.

“Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual”, afirmou o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu. De acordo com o estudo, a maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada à capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento.

FONTE: GLOBO RURAL

Matrizes e bezerros passam fome no Mato Grosso - PECUÁRIA.COM.BR

Matrizes e bezerros passam fome no Mato Grosso - PECUÁRIA.COM.BR

domingo, 20 de março de 2011

AGRADECIMENTO !!

É DE TODO MEU PRAZER QUE VENHO AGRADEÇER AS VINDAS DE VCS EM MEU BLOG , ESPERO ESTAR AJUDANDO EM ALGUMA COISA, MUITO OBRIGADO MESMO E CONCLAMO A VCS A MANDAREM ALGUM ITEM QUE VCS GOSTARIAM QUE FOSSE ABORDADO PELO BLOG,
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sábado, 19 de março de 2011


CRIAÇÃO DE BEZERROS
Suely Ap. Alves de Lima Savastano

I. Os cuidados com os bezerros começam antes do parto
Os cuidados com os bezerros devem começar na fase de gestação da vaca.
Nos três últimos meses de gestação, quando as exigências do feto são maiores e a vaca já não consegue ingerir grandes quantidades de volumoso, torna-se indispensável fornecer ao animal alimento de melhor qualidade.
Na prática, o que se constata é que para tais animais (vacas secas) o produtor destina os piores piquetes, quase sempre em locais distantes, quando o certo seria mantê-los em piquetes pouco acidentados, com forragem de boa qualidade e próximos ao estábulo. O que não pode ser esquecido é que, apesar da vaca não estar produzindo leite, ela está produzindo um bezerro e se preparando para a próxima lactação.
É essa a hora de dar oportunidade para a vaca se recuperar da última lactação, atender a demanda do feto e se preparar para a próxima lactação. Isso não quer dizer que a vaca deva parir gorda, pois seria tão prejudicial como parir magra. Nesse período a vaca deve ganhar de 600 a 800 gramas de peso vivo, por dia.
Sabe-se hoje em dia que a nutrição da vaca, no final da gestação, pode influenciar a taxa de mortalidade (cerca de 25% no criatório brasileiro) bem como o desempenho futuro dos bezerros e que deficiências minerais e vitamínicas provocam o nascimento de bezerros fracos ou mortos. Mesmo assim, esses problemas não têm merecido maiores atenções em nosso meio.
Indiscutivelmente, as deficiências de energia são as mais comuns e, portanto, as mais importantes. Isso se deve ao uso de forragens de baixo valor nutritivo e da redução da capacidade de consumo da vaca. Essa deficiência em energia pode ser responsável por partos distócicos em novilhas, bem como pelo nascimento de bezerros mais fracos.
Porém, pode-se considerar que consumo de energia é sinônimo de alimentação de boa qualidade e não será responsável pelo nascimento de bezerros mais pesadas que poderia trazer problemas na hora do parto. Ressalta-se que o aparecimento de edemas no ubre não está relacionado com alimentação mais forte nem com o fornecimento de concentrado que, nesta fase, pode ser de até 25% do oferecido após o parto. O edema desaparecerá naturalmente e, em hipótese alguma se deve esgotar o ubre antes do parto. Essa prática em nada beneficiaria a vaca e, certamente, comprometeria a qualidade do colostro.
II. O que fazer na hora do parto
Quando a vaca entrar em trabalho de parto não convém interferir durante as seis primeiras horas. A partir daí sim se deve auxiliar na expulsão do bezerro que poderá não estar em posição correta para nascer.
Limpar as mucosas do nariz e da boca de modo a remover as membranas fetais que possam prejudicar a respiração. Normalmente a vaca lambe o bezerro após o parto;
Levar o animal para um local protegido e enxugá-lo com pano limpo, fazendo uma leve fricção com o objetivo de estimular a circulação sanguínea;
Cortar o cordão umbilical a 5 centímetros do corpo do animal e mergulhar o coto em vidro de boca larga contendo tintura de iodo. Normalmente, não há necessidade de amarrá-lo a não ser em caso de hemorragia intensa. Esse procedimento deverá ser mantido até a completa cicatrização.
Induzir o animal a mamar o máximo possível de colostro na primeira hora de vida - assegurar a ingestão através de mamadeira. Mesmo permanecendo com a mãe, é importante que o bezerro receba pelos menos 6 a 8 litros de colostro, nas primeiras 24 horas de vida.
Identificação do animal - deverá ser feita no dia do nascimento através de brinco e/ou tatuagem. É fundamental fazer algumas anotações, em fichas, tais como data do nascimento, sexo do animal, nome dos pais e peso ao nascer.
Colocar água limpa e fresca à disposição do animal, desde o primeiro dia de vida.
Colocar à disposição do animal feno de boa qualidade.
FORNECIMENTO DE COLOSTRO
O colostro fresco deverá ser fornecido de forma integral, isto é, sem ser diluído. Sempre que possível deve-se manter uma reserva de colostro congelado em freezer, em vasilhas de dois litros, de forma a evitar a falta do mesmo, principalmente em partos de novilhas de primeira cria. Neste caso, deve-se descongelá-lo naturalmente e aquecer em banho-maria até 37ºC, antes do fornecimento. Essa temperatura não deve ser ultrapassada, uma vez que o calor excessivo poderá destruir suas propriedades imunológicas.
Em casos de emergência, na ausência de colostro, pode-se lançar mão da seguinte mistura, que deverá ser fornecida três vezes ao dia, durante os três/quatro primeiros dias de vida do bezerro:
1 ovo batido em 300 ml de água na qual são adicionados
1 colher de chá de óleo vegetal e
600 ml de leite integral, na temperatura acima mencionada.
Mesmo permanecendo com a mãe, o bezerro deverá receber, pelo menos, duas refeições diária de colostro, através de mamadeira, durante três dias, de forma a assegurar a transferência de anticorpos, uma vez que nasce desprovido dos mesmos. Uma colostragem bem feita, com certeza, reduzirá a incidência de diarréia e outros distúrbios que causam grandes prejuízos no sistema de produção.
III. Manejo nutricional de bezerros
Fisiologicamente, no início da vida, o bezerro tem seu sistema digestivo funcionando como nos animais monogástricos, devido os pré-estômagos encontrarem-se pouco desenvolvidos e afuncionais. O processo de transformação do tubo digestivo do bezerro à plena condição poligástrica demora alguns meses, sendo que a efetiva duração desse período é altamente dependente do tipo de alimentação fornecida ao bezerro.
Dieta líquida:
Nas primeiras semanas de vida do bezerro, seu principal alimento é o leite integral ou sucedâneo.
Para estabelecer a quantidade de leite a ser empregada durante o aleitamento, têm sido levado em conta as exigências nutricionais dos animais, o custo dos alimentos, a facilidade de manejo e o ganho de peso esperado. Sabe-se, porém que, quantidades excessivas de leite estão correlacionadas com distúrbios digestivos.
Na ausência de balança, um método simples para se estimar o peso vivo do animal é: usando uma fita métrica, medir o perímetro torácico. Para tanto, basta colocar a fita, sem apertar, ao redor da paleta do animal e anotar a medida, em centímetros.
Exemplo:
perímetro torácico = 75 cm = 0,75 m.
Neste caso, basta multiplicar (0,75 x 0,75 x 0,75) x 100 = 42 kg onde 100 é o fator de correção para a categoria bezerro.
Esta fórmula, desenvolvida por CREVART dá uma aproximação muito boa do peso vivo e poderá ser usada durante toda a fase de aleitamento.
Como exemplo de aplicação bastante prática, a estimativa do peso vivo, ao nascer, serve como ferramenta para se estimar a quantidade de leite ou sucedâneo a ser fornecida ao bezerro. O que se tem como rotina é o fato de que o bezerro, após a fase de colostragem, deva receber 4 litros de leite, por dia, divididos em duas refeições. Essa quantidade é estabelecida levando-se em consideração que tal fornecimento deva ser equivalente a aproximadamente 10% do peso vivo do animal. Porém, no caso de termos um animal com peso ao nascer, inferior a 40 kg (bastante comum no criatório brasileiro) a quantidade de leite, nos primeiros dias de vida, estará superestimada, podendo ocasionar alta incidência de diarréia, deixando o animal bastante debilitado. Como experiência prática, pode-se considerar que, após a colostragem, o fornecimento de leite deva ser equivalente a 8% do peso vivo, passando-se a 4 litros/dia somente após o animal ter atingido 40 kg de peso vivo.
A partir dessa idade, a maior ingestão de dietas sólidas tende a diminuir a incidência de diarréia.
Nos fornecimentos liberais de leite, ademais, o maior ganho de peso inicial tende a atenuar-se nas semanas seguintes e o consumo de concentrado é inibido, refletindo-se, negativamente, nos custos de produção.
Os critérios para a desmama podem ser a idade, o ganho de peso e o nível de consumo de concentrado, ou ainda a combinação de dois ou mais deles.
Dieta sólida:
Fornecimento de concentrado:
Tanto o consumo, como a qualidade do concentrado, assume grande importância na antecipação do desaleitamento de bezerros, uma vez que a substituição do leite deve ser feita por alimento sólido de elevada digestibilidade, com adequado nível protéico e energético sendo palatável o suficiente para permitir ingestão apropriada, suprindo assim as exigências dos animais.
Tendo em vista que a desmama depende da existência de pré-estômagos funcionais, é importante restringir o uso de leite fluido na dieta, bem como fornecer, desde cedo volumosos e concentrados sólidos, os quais aumentarão a produção de ácidos graxos voláteis que, por sua vez, estimularão o desenvolvimento papilar do epitélio ruminal.
Por outro lado, o consumo de concentrado depende da quantidade da dieta líquida ingerida. Ao longo do período de aleitamento, é comum constatar-se grande variação no consumo voluntário individual de concentrado e feno, fornecidos à vontade, desde a segunda semana de vida.
Características do concentrado inicial:

 Textura grosseira - ingredientes finamente moídos reduzem o consumo podendo formar também um bolo na boca e nos lábios do bezerro provocando recusas e conseqüentemente perda do alimento;

 Sabor adocicado - que pode ser conseguido com a adição de 7 a 10% de melaço;
 Variedade de ingredientes - melhora a aceitabilidade por parte do animal;
 Nível baixo de fibra (6 a 7%) e alto em energia - o concentrado deverá suprir as necessidades energéticas do bezerro quando este for desaleitado e
 Níveis adequados de proteína (16 a 18%), minerais e vitaminas.
Este concentrado poderá ser fornecido até os 60/70 dias e deve ter, na sua composição, alimentos de excelente qualidade como milho, farelo de soja, farelo de algodão e misturas minerais e vitamínicas. Concentrados contendo grãos que sofreram tratamento térmico, com ou sem aplicação de vapor, e na forma de "pellets", podem aumentar a digestibilidade e estimular o consumo precoce. A utilização de uréia somente é recomendada após os três meses de idade, pois o rúmen estará desenvolvido o suficiente para utilizar o nitrogênio não protéico da dieta.
Após a desmama, a ingestão de concentrado aumentará rapidamente, devendo-se limitar a quantidade fornecida para estimular o consumo de volumoso. A quantidade de concentrado fornecida dependerá da qualidade dos alimentos volumosos disponíveis e dos objetivos da exploração, principalmente da idade desejada para a primeira parição. Normalmente, limita-se a 1 ou 2 kg de concentrado com 12 a 16% de proteína bruta, por animal por dia, até os seis meses de idade.
Ressalta-se ainda a necessidade de se renovar, com freqüência, o concentrado colocado no cocho, principalmente nas primeiras semanas de vida do bezerro.
Deve-se começar o fornecimento a partir de pequenas quantidades e aumentar gradativamente de acordo com o consumo observado. Alimentos molhados e mofados são menos consumidos e podem provocar distúrbios digestivos.
Fornecimento de volumoso:
Apesar do consumo ser baixo no início da vida do animal, deve-se colocar, desde cedo, à sua disposição, volumosos de boa qualidade sabendo-se que bons fenos são melhores que bons alimentos verdes picados, que, por sua vez, são melhores que boas silagens. Antes dos três meses, o uso de alimentos fermentados, como silagens, não é recomendado, uma vez que o consumo será insuficiente para promover o desenvolvimento do rúmen e o crescimento do animal. A combinação de feno e silagem pode ser usada a partir dos dois meses de idade, se conveniente.
Sabe-se que bons fenos constituem-se no melhor alimento para bezerros, tendo em vista a constância na sua aparência, sabor, composição e boa palatabilidade, assegurando ingestão razoável de matéria seca. Os alimentos verdes também são excelentes, principalmente quando se utilizam forrageiras tenras, sendo o único problema sua inconstância em termos de qualidade podendo assim, ocasionar consumo irregular.
IV. Alternativas para baratear custos na fase de aleitamento
A fase de criação de bezerro é considerada como sendo improdutiva, demorada e bastante onerosa no sistema de produção uma vez que tira da comercialização grande parte do leite produzido na propriedade. No caso de animais desmamados ao redor de 56 dias de idade, esse volume de leite pode chegar a aproximadamente 200 litros de leite, por animal.
Duas alternativas devem ser consideradas visando baratear os custos nessa fase: o emprego desucedâneos e a prática da desmama precoce.
Sucedâneos: são misturas preparadas para serem diluídas em água e utilizadas pelo recém-nascido, depois da fase de colostro, em substituição ao leite integral.
Características do sucedâneo
 Deve conter grande quantidade de leite ou produtos lácteos:
 Apresentar baixo teor de fibra e alta digestibilidade;
 Ser rico em minerais, vitaminas e energia e
 Ser facilmente dissolvido em água.
Problemas encontrados nos sucedâneos:
 Excesso de amido e fibra;
 Baixa quantidade e inadequada incorporação de gordura e
 Utilização de fontes protéicas de baixo aproveitamento ou que provocam transtornos digestivos nos bezerros.
Exemplos de sucedâneos:
 Leite em pó: amplamente usado na criação de bezerras que serão empregadas na reposição do plantel leiteiro e ainda para a produção de vitelos. Normalmente é mais barato que o leite integral e a sua diluição em água deve ser feita de acordo com o fabricante.
 Soro de queijo: é um subproduto da fabricação de queijo, obtido da coagulação do leite por meio de coalho, com redução do pH. É um líquido de cor verde-amarelado, com sabor ligeiramente ácido ou doce, dependendo do tipo do queijo. O soro doce provém de queijos de coagulação rápida, no qual permanece toda ou grande parte da lactose, ao passo que o soro ácido provém da elaboração de queijos de coagulação muito lenta onde há transformação parcial ou total da lactose em ácido lático. A diferença entre eles está no pH que, no soro doce, pode chegar a 6,2 enquanto que no ácido alcança pH 4,6. O valor nutritivo do soro de queijo se reduz rapidamente com o calor e o produto torna-se impalatável, daí a necessidade de mantê-lo em local com baixa temperatura.
 Colostro: o valor potencial do colostro como substituto do leite integral no aleitamento de bezerros está na disponibilidade do mesmo na fazenda, na impossibilidade de sua comercialização, na riqueza em nutrientes essenciais e no seu fácil armazenamento.
Formas de preservação do colostro:
 resfriamento,
 congelamento e
 fermentação (com ou sem adição de preservativos).
Quando comparado com o congelamento ou o resfriamento, o processo de fermentação tem a vantagem de dispensar o alto custo de aquisição e operação de equipamentos de refrigeração.
Cuidados ao se fermentar colostro:
 Utilizar colostro de vacas em boas condições sanitárias. Organismos patogênicos podem prejudicar a fermentação e os bezerros que vierem a receber este alimento. Não fermentar colostro de vacas tratadas contra mastite.
 O colostro deve ser manejado da forma mais higiênica possível para se evitar contaminações indesejadas.
 O colostro deve ser armazenado em vasilhame plástico, com tampa. Em vasilhame metálico pode ocorrer corrosão devido a adição de ácidos orgânicos (para melhorar a fermentação) e pelos ácidos produzidos durante a fermentação.
 O vasilhame com colostro fermentado ou em fermentação deve ficar em local mais fresco e fora da sala de ordenha.
 Misturar o colostro das diversas ordenhas e de várias vacas para garantir uma composição constante. Variações nos teores de sólidos podem causar distúrbios digestivos nos bezerros.
 O colostro fresco pode ser adicionado ao colostro fermentado sem alterações apreciáveis na composição.
 O colostro fermentado deve ser misturado diariamente, para se prevenir contra uma excessiva separação das fases coágulo e soro. Também deve ser misturado antes de ser fornecido aos bezerros para garantir uma dieta mais uniforme.
 Quando o colostro for fermentado em temperatura ambiente elevada, recomenda-se a utilização de aditivos químicos. Os melhores resultados encontrados foram a utilização de 1,5% de ácido propiônico ou 0,1% de formaldeído.
 Os aditivos químicos devem ser incorporados ao colostro antes de colocá-lo no recipiente de estocagem.
 O colostro pode ser fornecido aos bezerros por várias semanas, apesar da queda nos teores de alguns nutrientes em decorrência da fermentação. É recomendado não fornecer colostro após quatro semanas de armazenamento.
 Diluir com água o colostro fermentado, antes de fornecê-lo ao bezerro, misturando-se duas partes de colostro para uma parte de água aquecida.
Os animais, às vezes, recusam este tipo de dieta quando fornecida fria.
Pode-se combinar o uso de leite integral ou sucedâneo do leite e colostro, fermentado ou não, na alimentação de bezerros. Um bezerro, recebendo leite integral, pode passar a receber colostro, quando houver disponibilidade deste e, voltar a receber leite integral, sem nenhum problema digestivo.
Alguns bezerros podem recusar o colostro após a fermentação, mas se ajustam a esta dieta em poucos dias. Sob condição de temperatura ambiente elevada esta recusa pode ser definitiva.
Convém lembrar que a forma mais vantajosa de se utilizar o colostro excedente na alimentação de bezerros é sob a forma "fresca".
Deve-se utilizar um bom concentrado, que deverá estar à disposição dos bezerros a partir da segunda semana de vida. Volumoso (feno e capim verde picado) de boa qualidade também deve ser oferecido à vontade, possibilitando assim o desenvolvimento mais rápido do rúmen e permitindo que seja feito a desmama precoce.
"leite" de soja: (semente de soja triturada, cozida e coada). A utilização desse alimento é bastante questionada e não é indicada para bezerros durante as oito primeiras semanas de idade. Quando fornecido para animais muito jovens, a ocorrência de diarréia é muito alta. No caso de desmama precoce, onde os animais são desaleitados com 6 a 8 semanas de idade, o "leite" de soja não deve ser considerado como substituto para o leite integral.
Desmama precoce: consiste na redução do período de fornecimento de leite e tem por objetivo, além de baratear custos, antecipar o desenvolvimento ruminal mediante o fornecimento de concentrados sólidos e volumosos de boa qualidade desde os primeiros dias de vida do animal. Esta prática se aplica perfeitamente em rebanhos especializados em produção de leite e mesmo naqueles com necessidade da presença do bezerro no momento da ordenha. Para esses rebanhos mestiços bastaria a presença do bezerro para o apojo. O programa de desmama precoce vai depender da tomada de decisão do produtor, porém, a retirada do leite pode acontecer quando o bezerro estiver consumindo efetivamente cerca de 800 gramas de concentrado, por dia, o que normalmente ocorre entre 6 a 8 semanas.
V. Sistemas de aleitamento
Aleitamento natural: o bezerro mama diretamente na vaca
Quando adotar:
 Em rebanhos com alto grau de sangue zebuíno. A vaca "não desce o leite" na ausência do bezerro;
 Quando a produção de leite, por animal, for inferior a 8 kg por dia;
 Na ausência de mão-de-obra qualificada para manter limpos baldes e utensílios. Neste caso ocorre aumento na incidência de diarréia e maior gastos com medicamentos.
Tipos de aleitamento natural:
 tradicional: o bezerro mama durante toda a lactação, ou durante a maior parte dela. Neste caso, o bezerro deve permanecer com a vaca por um período de tempo reduzido, mas o suficiente para mamar com tranqüilidade e recebe apenas o pasto como suplementação. Deve-se ficar atento para a qualidade da pastagem, principalmente a partir do quarto mês de idade do animal, quando a produção da vaca começa a declinar mais rapidamente.
 controlado: o bezerro mama por dois ou três meses. O sistema preconizado pela Embrapa (CNPGL) consiste em oferecer uma teta ao bezerro, em rodízio, durante o primeiro mês de vida. Durante o segundo mês, a ordenha é feita nos quatro tetos, sem, contudo, esgotar o ubre, deixando o bezerro mamar o leite residual. Após 60 dias de idade, o bezerro só é levado à presença da mãe se houver necessidade para a "descida do leite". Neste sistema, o bezerro deve ter à sua disposição, desde a segunda semana de idade, concentrado e volumoso de boa qualidade para compensar a redução da ingestão de leite.
Aleitamento artificial: após a fase de colostragem, o bezerro recebe a dieta líquida (leite integral ou sucedâneo) em balde ou mamadeira.
Quando adotar:
 Quando a vaca der leite sem a presença do bezerro;
 Quando a produção de leite, por animal, for superior a 8 litros e
 Quando se puder contar com mão-de-obra qualificada.
Vantagens:
 Permite racionalizar o manejo dos animais, separando as vacas dos bezerros;
 A ordenha se torna mais higiênica e
 Permite controlar o consumo de leite ingerido, bem como o consumo de concentrado para se estabelecer o critério de desmama.
VI. Ganho de peso
Inúmeros pecuaristas priorizam investimentos em instalações e aquisição de equipamentos, relegando a segundo plano investimentos na nutrição animal. Ao contrário, deveria ser prioritária a aplicação de recursos para melhorar qualitativa e quantitativamente o plano nutricional ou o patrimônio genético do rebanho, uma vez que são esses investimentos que irão afetar de forma direta e imediata o desempenho da exploração.
O ritmo de crescimento de bezerros depende fundamentalmente da nutrição, sendo assim possível, através da dieta, acelerar ou retardar o crescimento. De acordo com as normas estabelecidas pelo NRC (1978), bezerras holandesas nascidas com cerca de 42 kg, devem apresentar ganho de peso diário (GPV) de 400 a 500 gramas durante as três primeiras semanas de vida. Após a desmama, o ganho diário deve ficar restrito a 700 gramas.
Em geral, o consumo insuficiente de energia é o fator que mais limita o ganho de peso dos animais. Entretanto, nem sempre o pecuarista deve perseguir o máximo ganho de peso. Em função do produto final desejado, dos custos dos ingredientes disponíveis e visando maximizar a taxa de retorno do capital investido, pode ser preferível nível de desempenho animal abaixo do potencial.
É importante considerar, porém, evidências de que a performance dos bezerros, durante os três primeiros meses de vida, pode ter reflexos importantes sobre seu desempenho subseqüente. Certamente, existe um limite de crescimento mínimo abaixo do qual o animal ficará comprometido, perdendo sua capacidade de recuperação plena.
Sabe-se que, desde que as estruturas ósseas e nervosas não sejam comprometidas, o ganho de peso, nas primeiras oito semanas de vida do bezerro, não tem efeito sobre o crescimento futuro, idade ao primeiro parto e produção leiteira. Esses dois últimos parâmetros, contudo, dependem muito mais do nível nutricional imposto durante o período de recria, do que da fase de aleitamento. No caso dos tourinhos, o ritmo de crescimento deve ser sempre acelerado, pois, quando não for bem criado, o animal mostrará pequeno desenvolvimento, o que poderá depreciá-lo como reprodutor. Como nas fêmeas, também nos machos leiteiros a puberdade está relacionada com o peso e, assim, garrotes bem desenvolvidos estarão aptos a produzir sêmen em idade próxima há doze meses, desde que tenham alcançado peso adequado (mais de 350 kg nos machos de raças grandes e 250 kg nos de raças pequenas).
VII. Instalações
Tradicionalmente, considera-se que as instalações destinadas a abrigar bezerros devem reduzir os efeitos deletérios dos fatores ambientais, tais como vento, altas e baixas temperaturas e umidade do ar.
Também é fundamental a manutenção de boas condições de higiene e sanidade, pois, caso contrário, a incidência de doenças e a taxa de mortalidade aumentarão drasticamente, comprometendo a eficiência da criação. Instalações úmidas, pouco ventiladas e com elevada umidade relativa do ar acarretam prejuízos muito maiores do que a ausência de instalações em criações onde os animais permanecem desabrigados, ao relento.
Destaca-se, também, a necessidade de evitar a excessiva população de bezerros na mesma dependência, notadamente quando o ambiente é mal ventilado. O que se recomenda é o alojamento individual dos bezerros nos primeiros 60 dias de vida, tendo em vista restringir o instinto de mamar uns nos outros e assegurar melhor controle do consumo individual da ração.
Obedecendo-se a tais premissas, as instalações para bezerros leiteiros podem variar amplamente, desde as mais simples tais como criações coletivas em piquete, até dependências individuais com controle de temperatura e umidade. Coletivas ou individuais, encontram-se baias de diversas formas, construídas com diversos materiais, dotadas de diferentes tipos de pisos e camas e com variados dispositivos de alimentação.
As instalações mais comuns em nosso meio são as tradicionais, de alvenaria ou madeira, onde os animais são alojados em boxes individuais fixos com área de 1,50 a 1,80 m², instalados no interior de galpões. Nesses boxes individuais é comum o uso de piso ripado suspenso, que facilita a limpeza e reduz a exposição do bezerro à umidade.
É comum ainda, como abrigo para bezerros, a adaptação de galpões inativos existentes na fazenda, nos quais os animais nem sempre encontram condições apropriadas de temperatura, umidade e ventilação, daí podendo advir significativa incidência de doenças. A associação de alta umidade relativa ao ar e baixa temperatura ambiente é a maior responsável pela ocorrência de pneumonia em bezerros até 60 dias de idade.
Nos rebanhos não-especializados, onde há necessidade da presença do bezerro ao pé da vaca durante a ordenha, também é freqüente o emprego inadequado de locais contíguos à sala de ordenha, onde os bezerros são alojados coletivamente, sem se levar em conta diferenças individuais de idade ou de higidez, concorrendo assim para o baixo desempenho da exploração.
O uso contínuo de uma mesma instalação pode elevar a taxa de mortalidade por aumento da incidência de diarréias e outras doenças. A exalação de amônia, por deficiência na higienização e ventilação dos bezerreiros convencionais, é também outro fator que contribui para o aparecimento de problemas respiratórios.
Muitos pecuaristas têm abandonado as instalações convencionais para a estabulação de bezerros em razão da contínua incidência de problemas sanitários. A principal opção adotada foi o uso de abrigos individuais móveis (cabanas), normalmente de menor custo que os bezerreiros convencionais, e que se mostram associados com maior consumo de concentrados e melhor desempenho dos bezerros. Nesta linha, as pesquisas conduzidas até o presente têm priorizado o estudo de diferentes tipos de materiais utilizados, destacando-se a tendência pelo emprego de madeira compensada, ripados, bambu com variações no tipo de cobertura (uma ou duas telhas de amianto).
Além de permitir o controle do instinto de mamar uns nos outros, o emprego dos sistemas móveis apresenta as seguintes vantagens: redução da incidência de doenças infecciosas, devido à facilidade de translocação; facilidade de inspeção e tratamento, em caso de doenças e, principalmente, bom controle da alimentação, baixos custos e facilidade de construção.

Simplificando radicalmente as instalações durante o período de aleitamento, em certas condições climáticas, tem sido empregada a contenção dos animais em estacas individuais localizadas em piquete. Tais estacas, às quais os animais são atados por corrente envolta em mangueira, não apresentam qualquer proteção climática, sendo providas apenas de fenil, balde para concentrado e balde para leite e água. As estacas normalmente são deslocadas dentro do piquete, a cada três dias, dando condições de pastejo e recuperação da pastagem.
O que se procura, dentro do sistema de criação, é baratear ao máximo os custos de produção. Assim sendo, o produtor poderá lançar mão dos recursos da propriedade para a confecção de suas estacas.
VIII. Manejo dos animais na estaca de contenção:

Os animais devem ficar alojados em local que tenha proteção dos raios solares nas horas mais quentes do dia, bem como protegidos de corrente de vento. Ventos canalizados são altamente prejudiciais.
O terreno deve, apresentar boa drenagem e estar bem gramado. As estacas devem ser mudadas de lugar toda vez que o gramado ficar muito rebaixado ou houver formação de lama. Para melhor manejo, recomenda-se a mudança da estaca a cada 5 dias.
No caso de vacas mestiças que exigem a presença do bezerro na hora da ordenha, as estacas devem ficar próximas do corredor de acesso das vacas ao local de ordenha. Neste caso, o bezerro é retirado da estaca para apojar a vaca, voltando diretamente para lá depois, sem nenhuma alteração no seu manejo.
Manejo nutricional:
O bezerro deve permanecer com a mãe nas primeiras 24 horas de vida, sendo depois alojado na estaca. Nas primeiras 6 horas de vida do animal, independente da presença da mãe, deve-se forçar a ingestão de colostro através de mamadeira, de modo a se assegurar a ingestão. Os animais devem continuar recebendo o colostro até o 3o dia de idade, três vezes ao dia.
A partir do quarto dia de vida os animais passam a receber uma dieta líquida (leite integral ou sucedâneo) correspondente a não mais que 8 % do seu peso vivo. Na ausência de balança ou fita específica, pode-se usar uma fita métrica para estimar o peso vivo baseando-se no perímetro


Nesse caso, a quantidade de leite será de 37,3 x 8/100 3,0 litros / dia divididos em duas refeições, por volta das 8:00 e das 14:00 h.
No décimo dia de vida , passa-se a fornecer 4 litros de leite / dia, divididos em duas refeições. A temperatura do leite deve ser de 37º C .
água deve estar a disposição dos animais desde os primeiros dias de vida. Deve-se ficar atento para que a mesma se apresente sempre fresca e adequada para consumo. O mesmo balde deverá ser usado para o fornecimento de leite e água e, é fundamental que o mesmo permaneça em perfeitas condições de higiene.
Embora a ingestão de feno seja mínima nas primeiras semanas, deve-se colocar pequenas quantidades diárias feno, de boa qualidade, à disposição dos animais.
A partir do sétimo dia de vida do animal, deve-se colocar uma pequena quantidade de ração concentrada, removendo as sobras diariamente. Essa quantidade vai depender do consumo individual de cada animal e servirá de parâmetro para a desmama. Deve-se evitar concentrados farelados.
Parâmetros para a desmama:
 Peso
 idade
 consumo de concentrado.
O momento da desmama deve considerar pelo menos dois desses parâmetros. Recomenda-se 56 - 60 dias de idade e um consumo assegurado de concentrado de 700 gramas / dia, por pelo menos 5 dias.
ESTACA PARA CONTENÇÃO DE BEZERROS




IX Considerações sanitárias
Med. Vet. Marianne de Oliveira Silva
Cetate – Centro de Treinamento
marianne@cati.sp.gov.br
Zootec. MSc. Suely Ap. Alves de Lima Savastano
Dextru – Divisão de Extensão Rural
suely@cati.sp.gov.br
Aqui são apresentados alguns comentários seguidos de calendário sanitário. Em qualquer situação, procure um veterinário para obter maiores informações.
Calendário de vacinações
DOENÇASIDADE / ÉPOCA

Paratifo
(pneumoenterite)

 vacas no oitavo mês de gestação
 bezerros com 15 dias de idade
Brucelose fêmeas de 3 a 8 meses de idade
Aftosade acordo com o calendário oficial de vacinação
Carbúnculo(manqueira)
a partir do quarto mês de idade e repete após 30 dias
Raivaa partir do quarto mês de idade- somente em regiões de ocorrência
Botulismoa partir do quarto mês de idade e repete após 30 dias - somente em regiões de ocorrência
Verminosea partir de 60 dias de idade

Controle de diarréia:

Medidas gerais:
 os bezerros devem ser alojados individualmente
 evitar a contaminação do local de alojamento do bezerro
 caso use cama, mantê-las limpas e secas
 evitar fornecimento de água e alimentos contaminados
Cuidados com o bezerro diarréico:
 isolamento do animal em local seco e ventilado
 fornecer água limpa e fresca à vontade
 suspender o fornecimento de leite e/ou concentrado durante 12 horas.
Na ocorrência de diarréia leve, a quantidade de leite fornecida deverá ser reduzida, usando-se uma diluição de 50% de água livre de contaminação. O fornecimento de iogurte (200 ml) diluído na dieta líquida ajuda a combater a diarréia.
 se a diarréia não cessar e o animal começar a mostrar sinais de debilitação, consulte o veterinári

TUDO COMEÇA PELA BOA CRIAÇÃO " BEZERROS "

CRIAÇÃO DE BEZERROS



Suely Ap. Alves de Lima Savastano



I. Os cuidados com os bezerros começam antes do parto



Os cuidados com os bezerros devem começar na fase de gestação da vaca.



Nos três últimos meses de gestação, quando as exigências do feto são maiores e a vaca já não consegue ingerir grandes quantidades de volumoso, torna-se indispensável fornecer ao animal alimento de melhor qualidade.



Na prática, o que se constata é que para tais animais (vacas secas) o produtor destina os piores piquetes, quase sempre em locais distantes, quando o certo seria mantê-los em piquetes pouco acidentados, com forragem de boa qualidade e próximos ao estábulo. O que não pode ser esquecido é que, apesar da vaca não estar produzindo leite, ela está produzindo um bezerro e se preparando para a próxima lactação.



É essa a hora de dar oportunidade para a vaca se recuperar da última lactação, atender a demanda do feto e se preparar para a próxima lactação. Isso não quer dizer que a vaca deva parir gorda, pois seria tão prejudicial como parir magra. Nesse período a vaca deve ganhar de 600 a 800 gramas de peso vivo, por dia.



Sabe-se hoje em dia que a nutrição da vaca, no final da gestação, pode influenciar a taxa de mortalidade (cerca de 25% no criatório brasileiro) bem como o desempenho futuro dos bezerros e que deficiências minerais e vitamínicas provocam o nascimento de bezerros fracos ou mortos. Mesmo assim, esses problemas não têm merecido maiores atenções em nosso meio.



Indiscutivelmente, as deficiências de energia são as mais comuns e, portanto, as mais importantes. Isso se deve ao uso de forragens de baixo valor nutritivo e da redução da capacidade de consumo da vaca. Essa deficiência em energia pode ser responsável por partos distócicos em novilhas, bem como pelo nascimento de bezerros mais fracos.



Porém, pode-se considerar que consumo de energia é sinônimo de alimentação de boa qualidade e não será responsável pelo nascimento de bezerros mais pesadas que poderia trazer problemas na hora do parto. Ressalta-se que o aparecimento de edemas no ubre não está relacionado com alimentação mais forte nem com o fornecimento de concentrado que, nesta fase, pode ser de até 25% do oferecido após o parto. O edema desaparecerá naturalmente e, em hipótese alguma se deve esgotar o ubre antes do parto. Essa prática em nada beneficiaria a vaca e, certamente, comprometeria a qualidade do colostro.



II. O que fazer na hora do parto



Quando a vaca entrar em trabalho de parto não convém interferir durante as seis primeiras horas. A partir daí sim se deve auxiliar na expulsão do bezerro que poderá não estar em posição correta para nascer.



Limpar as mucosas do nariz e da boca de modo a remover as membranas fetais que possam prejudicar a respiração. Normalmente a vaca lambe o bezerro após o parto;



Levar o animal para um local protegido e enxugá-lo com pano limpo, fazendo uma leve fricção com o objetivo de estimular a circulação sanguínea;



Cortar o cordão umbilical a 5 centímetros do corpo do animal e mergulhar o coto em vidro de boca larga contendo tintura de iodo. Normalmente, não há necessidade de amarrá-lo a não ser em caso de hemorragia intensa. Esse procedimento deverá ser mantido até a completa cicatrização.



Induzir o animal a mamar o máximo possível de colostro na primeira hora de vida - assegurar a ingestão através de mamadeira. Mesmo permanecendo com a mãe, é importante que o bezerro receba pelos menos 6 a 8 litros de colostro, nas primeiras 24 horas de vida.



Identificação do animal - deverá ser feita no dia do nascimento através de brinco e/ou tatuagem. É fundamental fazer algumas anotações, em fichas, tais como data do nascimento, sexo do animal, nome dos pais e peso ao nascer.



Colocar água limpa e fresca à disposição do animal, desde o primeiro dia de vida.



Colocar à disposição do animal feno de boa qualidade.



FORNECIMENTO DE COLOSTRO



O colostro fresco deverá ser fornecido de forma integral, isto é, sem ser diluído. Sempre que possível deve-se manter uma reserva de colostro congelado em freezer, em vasilhas de dois litros, de forma a evitar a falta do mesmo, principalmente em partos de novilhas de primeira cria. Neste caso, deve-se descongelá-lo naturalmente e aquecer em banho-maria até 37ºC, antes do fornecimento. Essa temperatura não deve ser ultrapassada, uma vez que o calor excessivo poderá destruir suas propriedades imunológicas.



Em casos de emergência, na ausência de colostro, pode-se lançar mão da seguinte mistura, que deverá ser fornecida três vezes ao dia, durante os três/quatro primeiros dias de vida do bezerro:



1 ovo batido em 300 ml de água na qual são adicionados

1 colher de chá de óleo vegetal e

600 ml de leite integral, na temperatura acima mencionada.

Mesmo permanecendo com a mãe, o bezerro deverá receber, pelo menos, duas refeições diária de colostro, através de mamadeira, durante três dias, de forma a assegurar a transferência de anticorpos, uma vez que nasce desprovido dos mesmos. Uma colostragem bem feita, com certeza, reduzirá a incidência de diarréia e outros distúrbios que causam grandes prejuízos no sistema de produção.



III. Manejo nutricional de bezerros



Fisiologicamente, no início da vida, o bezerro tem seu sistema digestivo funcionando como nos animais monogástricos, devido os pré-estômagos encontrarem-se pouco desenvolvidos e afuncionais. O processo de transformação do tubo digestivo do bezerro à plena condição poligástrica demora alguns meses, sendo que a efetiva duração desse período é altamente dependente do tipo de alimentação fornecida ao bezerro.



Dieta líquida:



Nas primeiras semanas de vida do bezerro, seu principal alimento é o leite integral ou sucedâneo.



Para estabelecer a quantidade de leite a ser empregada durante o aleitamento, têm sido levado em conta as exigências nutricionais dos animais, o custo dos alimentos, a facilidade de manejo e o ganho de peso esperado. Sabe-se, porém que, quantidades excessivas de leite estão correlacionadas com distúrbios digestivos.



Na ausência de balança, um método simples para se estimar o peso vivo do animal é: usando uma fita métrica, medir o perímetro torácico. Para tanto, basta colocar a fita, sem apertar, ao redor da paleta do animal e anotar a medida, em centímetros.



Exemplo:



perímetro torácico = 75 cm = 0,75 m.



Neste caso, basta multiplicar (0,75 x 0,75 x 0,75) x 100 = 42 kg onde 100 é o fator de correção para a categoria bezerro.



Esta fórmula, desenvolvida por CREVART dá uma aproximação muito boa do peso vivo e poderá ser usada durante toda a fase de aleitamento.



Como exemplo de aplicação bastante prática, a estimativa do peso vivo, ao nascer, serve como ferramenta para se estimar a quantidade de leite ou sucedâneo a ser fornecida ao bezerro. O que se tem como rotina é o fato de que o bezerro, após a fase de colostragem, deva receber 4 litros de leite, por dia, divididos em duas refeições. Essa quantidade é estabelecida levando-se em consideração que tal fornecimento deva ser equivalente a aproximadamente 10% do peso vivo do animal. Porém, no caso de termos um animal com peso ao nascer, inferior a 40 kg (bastante comum no criatório brasileiro) a quantidade de leite, nos primeiros dias de vida, estará superestimada, podendo ocasionar alta incidência de diarréia, deixando o animal bastante debilitado. Como experiência prática, pode-se considerar que, após a colostragem, o fornecimento de leite deva ser equivalente a 8% do peso vivo, passando-se a 4 litros/dia somente após o animal ter atingido 40 kg de peso vivo.



A partir dessa idade, a maior ingestão de dietas sólidas tende a diminuir a incidência de diarréia.



Nos fornecimentos liberais de leite, ademais, o maior ganho de peso inicial tende a atenuar-se nas semanas seguintes e o consumo de concentrado é inibido, refletindo-se, negativamente, nos custos de produção.



Os critérios para a desmama podem ser a idade, o ganho de peso e o nível de consumo de concentrado, ou ainda a combinação de dois ou mais deles.



Dieta sólida:



Fornecimento de concentrado:



Tanto o consumo, como a qualidade do concentrado, assume grande importância na antecipação do desaleitamento de bezerros, uma vez que a substituição do leite deve ser feita por alimento sólido de elevada digestibilidade, com adequado nível protéico e energético sendo palatável o suficiente para permitir ingestão apropriada, suprindo assim as exigências dos animais.



Tendo em vista que a desmama depende da existência de pré-estômagos funcionais, é importante restringir o uso de leite fluido na dieta, bem como fornecer, desde cedo volumosos e concentrados sólidos, os quais aumentarão a produção de ácidos graxos voláteis que, por sua vez, estimularão o desenvolvimento papilar do epitélio ruminal.



Por outro lado, o consumo de concentrado depende da quantidade da dieta líquida ingerida. Ao longo do período de aleitamento, é comum constatar-se grande variação no consumo voluntário individual de concentrado e feno, fornecidos à vontade, desde a segunda semana de vida.



Características do concentrado inicial:



► Textura grosseira - ingredientes finamente moídos reduzem o consumo podendo formar também um bolo na boca e nos lábios do bezerro provocando recusas e conseqüentemente perda do alimento;



► Sabor adocicado - que pode ser conseguido com a adição de 7 a 10% de melaço;



► Variedade de ingredientes - melhora a aceitabilidade por parte do animal;



► Nível baixo de fibra (6 a 7%) e alto em energia - o concentrado deverá suprir as necessidades energéticas do bezerro quando este for desaleitado e



► Níveis adequados de proteína (16 a 18%), minerais e vitaminas.



Este concentrado poderá ser fornecido até os 60/70 dias e deve ter, na sua composição, alimentos de excelente qualidade como milho, farelo de soja, farelo de algodão e misturas minerais e vitamínicas. Concentrados contendo grãos que sofreram tratamento térmico, com ou sem aplicação de vapor, e na forma de "pellets", podem aumentar a digestibilidade e estimular o consumo precoce. A utilização de uréia somente é recomendada após os três meses de idade, pois o rúmen estará desenvolvido o suficiente para utilizar o nitrogênio não protéico da dieta.



Após a desmama, a ingestão de concentrado aumentará rapidamente, devendo-se limitar a quantidade fornecida para estimular o consumo de volumoso. A quantidade de concentrado fornecida dependerá da qualidade dos alimentos volumosos disponíveis e dos objetivos da exploração, principalmente da idade desejada para a primeira parição. Normalmente, limita-se a 1 ou 2 kg de concentrado com 12 a 16% de proteína bruta, por animal por dia, até os seis meses de idade.



Ressalta-se ainda a necessidade de se renovar, com freqüência, o concentrado colocado no cocho, principalmente nas primeiras semanas de vida do bezerro.



Deve-se começar o fornecimento a partir de pequenas quantidades e aumentar gradativamente de acordo com o consumo observado. Alimentos molhados e mofados são menos consumidos e podem provocar distúrbios digestivos.



Fornecimento de volumoso:



Apesar do consumo ser baixo no início da vida do animal, deve-se colocar, desde cedo, à sua disposição, volumosos de boa qualidade sabendo-se que bons fenos são melhores que bons alimentos verdes picados, que, por sua vez, são melhores que boas silagens. Antes dos três meses, o uso de alimentos fermentados, como silagens, não é recomendado, uma vez que o consumo será insuficiente para promover o desenvolvimento do rúmen e o crescimento do animal. A combinação de feno e silagem pode ser usada a partir dos dois meses de idade, se conveniente.



Sabe-se que bons fenos constituem-se no melhor alimento para bezerros, tendo em vista a constância na sua aparência, sabor, composição e boa palatabilidade, assegurando ingestão razoável de matéria seca. Os alimentos verdes também são excelentes, principalmente quando se utilizam forrageiras tenras, sendo o único problema sua inconstância em termos de qualidade podendo assim, ocasionar consumo irregular.



IV. Alternativas para baratear custos na fase de aleitamento



A fase de criação de bezerro é considerada como sendo improdutiva, demorada e bastante onerosa no sistema de produção uma vez que tira da comercialização grande parte do leite produzido na propriedade. No caso de animais desmamados ao redor de 56 dias de idade, esse volume de leite pode chegar a aproximadamente 200 litros de leite, por animal.



Duas alternativas devem ser consideradas visando baratear os custos nessa fase: o emprego de sucedâneos e a prática da desmama precoce.



Sucedâneos: são misturas preparadas para serem diluídas em água e utilizadas pelo recém-nascido, depois da fase de colostro, em substituição ao leite integral.



Características do sucedâneo



► Deve conter grande quantidade de leite ou produtos lácteos:



► Apresentar baixo teor de fibra e alta digestibilidade;



► Ser rico em minerais, vitaminas e energia e



► Ser facilmente dissolvido em água.



Problemas encontrados nos sucedâneos:



► Excesso de amido e fibra;



► Baixa quantidade e inadequada incorporação de gordura e



► Utilização de fontes protéicas de baixo aproveitamento ou que provocam transtornos digestivos nos bezerros.



Exemplos de sucedâneos:



► Leite em pó: amplamente usado na criação de bezerras que serão empregadas na reposição do plantel leiteiro e ainda para a produção de vitelos. Normalmente é mais barato que o leite integral e a sua diluição em água deve ser feita de acordo com o fabricante.



► Soro de queijo: é um subproduto da fabricação de queijo, obtido da coagulação do leite por meio de coalho, com redução do pH. É um líquido de cor verde-amarelado, com sabor ligeiramente ácido ou doce, dependendo do tipo do queijo. O soro doce provém de queijos de coagulação rápida, no qual permanece toda ou grande parte da lactose, ao passo que o soro ácido provém da elaboração de queijos de coagulação muito lenta onde há transformação parcial ou total da lactose em ácido lático. A diferença entre eles está no pH que, no soro doce, pode chegar a 6,2 enquanto que no ácido alcança pH 4,6. O valor nutritivo do soro de queijo se reduz rapidamente com o calor e o produto torna-se impalatável, daí a necessidade de mantê-lo em local com baixa temperatura.



► Colostro: o valor potencial do colostro como substituto do leite integral no aleitamento de bezerros está na disponibilidade do mesmo na fazenda, na impossibilidade de sua comercialização, na riqueza em nutrientes essenciais e no seu fácil armazenamento.



Formas de preservação do colostro:



► resfriamento,



► congelamento e



► fermentação (com ou sem adição de preservativos).



Quando comparado com o congelamento ou o resfriamento, o processo de fermentação tem a vantagem de dispensar o alto custo de aquisição e operação de equipamentos de refrigeração.



Cuidados ao se fermentar colostro:



► Utilizar colostro de vacas em boas condições sanitárias. Organismos patogênicos podem prejudicar a fermentação e os bezerros que vierem a receber este alimento. Não fermentar colostro de vacas tratadas contra mastite.



► O colostro deve ser manejado da forma mais higiênica possível para se evitar contaminações indesejadas.



► O colostro deve ser armazenado em vasilhame plástico, com tampa. Em vasilhame metálico pode ocorrer corrosão devido a adição de ácidos orgânicos (para melhorar a fermentação) e pelos ácidos produzidos durante a fermentação.



► O vasilhame com colostro fermentado ou em fermentação deve ficar em local mais fresco e fora da sala de ordenha.



► Misturar o colostro das diversas ordenhas e de várias vacas para garantir uma composição constante. Variações nos teores de sólidos podem causar distúrbios digestivos nos bezerros.



► O colostro fresco pode ser adicionado ao colostro fermentado sem alterações apreciáveis na composição.



► O colostro fermentado deve ser misturado diariamente, para se prevenir contra uma excessiva separação das fases coágulo e soro. Também deve ser misturado antes de ser fornecido aos bezerros para garantir uma dieta mais uniforme.



► Quando o colostro for fermentado em temperatura ambiente elevada, recomenda-se a utilização de aditivos químicos. Os melhores resultados encontrados foram a utilização de 1,5% de ácido propiônico ou 0,1% de formaldeído.



► Os aditivos químicos devem ser incorporados ao colostro antes de colocá-lo no recipiente de estocagem.



► O colostro pode ser fornecido aos bezerros por várias semanas, apesar da queda nos teores de alguns nutrientes em decorrência da fermentação. É recomendado não fornecer colostro após quatro semanas de armazenamento.



► Diluir com água o colostro fermentado, antes de fornecê-lo ao bezerro, misturando-se duas partes de colostro para uma parte de água aquecida.



Os animais, às vezes, recusam este tipo de dieta quando fornecida fria.



Pode-se combinar o uso de leite integral ou sucedâneo do leite e colostro, fermentado ou não, na alimentação de bezerros. Um bezerro, recebendo leite integral, pode passar a receber colostro, quando houver disponibilidade deste e, voltar a receber leite integral, sem nenhum problema digestivo.



Alguns bezerros podem recusar o colostro após a fermentação, mas se ajustam a esta dieta em poucos dias. Sob condição de temperatura ambiente elevada esta recusa pode ser definitiva.



Convém lembrar que a forma mais vantajosa de se utilizar o colostro excedente na alimentação de bezerros é sob a forma "fresca".



Deve-se utilizar um bom concentrado, que deverá estar à disposição dos bezerros a partir da segunda semana de vida. Volumoso (feno e capim verde picado) de boa qualidade também deve ser oferecido à vontade, possibilitando assim o desenvolvimento mais rápido do rúmen e permitindo que seja feito a desmama precoce.



"leite" de soja: (semente de soja triturada, cozida e coada). A utilização desse alimento é bastante questionada e não é indicada para bezerros durante as oito primeiras semanas de idade. Quando fornecido para animais muito jovens, a ocorrência de diarréia é muito alta. No caso de desmama precoce, onde os animais são desaleitados com 6 a 8 semanas de idade, o "leite" de soja não deve ser considerado como substituto para o leite integral.



Desmama precoce: consiste na redução do período de fornecimento de leite e tem por objetivo, além de baratear custos, antecipar o desenvolvimento ruminal mediante o fornecimento de concentrados sólidos e volumosos de boa qualidade desde os primeiros dias de vida do animal. Esta prática se aplica perfeitamente em rebanhos especializados em produção de leite e mesmo naqueles com necessidade da presença do bezerro no momento da ordenha. Para esses rebanhos mestiços bastaria a presença do bezerro para o apojo. O programa de desmama precoce vai depender da tomada de decisão do produtor, porém, a retirada do leite pode acontecer quando o bezerro estiver consumindo efetivamente cerca de 800 gramas de concentrado, por dia, o que normalmente ocorre entre 6 a 8 semanas.



V. Sistemas de aleitamento



Aleitamento natural: o bezerro mama diretamente na vaca



Quando adotar:



► Em rebanhos com alto grau de sangue zebuíno. A vaca "não desce o leite" na ausência do bezerro;



► Quando a produção de leite, por animal, for inferior a 8 kg por dia;



► Na ausência de mão-de-obra qualificada para manter limpos baldes e utensílios. Neste caso ocorre aumento na incidência de diarréia e maior gastos com medicamentos.



Tipos de aleitamento natural:



► tradicional: o bezerro mama durante toda a lactação, ou durante a maior parte dela. Neste caso, o bezerro deve permanecer com a vaca por um período de tempo reduzido, mas o suficiente para mamar com tranqüilidade e recebe apenas o pasto como suplementação. Deve-se ficar atento para a qualidade da pastagem, principalmente a partir do quarto mês de idade do animal, quando a produção da vaca começa a declinar mais rapidamente.



► controlado: o bezerro mama por dois ou três meses. O sistema preconizado pela Embrapa (CNPGL) consiste em oferecer uma teta ao bezerro, em rodízio, durante o primeiro mês de vida. Durante o segundo mês, a ordenha é feita nos quatro tetos, sem, contudo, esgotar o ubre, deixando o bezerro mamar o leite residual. Após 60 dias de idade, o bezerro só é levado à presença da mãe se houver necessidade para a "descida do leite". Neste sistema, o bezerro deve ter à sua disposição, desde a segunda semana de idade, concentrado e volumoso de boa qualidade para compensar a redução da ingestão de leite.



Aleitamento artificial: após a fase de colostragem, o bezerro recebe a dieta líquida (leite integral ou sucedâneo) em balde ou mamadeira.



Quando adotar:



► Quando a vaca der leite sem a presença do bezerro;



► Quando a produção de leite, por animal, for superior a 8 litros e



► Quando se puder contar com mão-de-obra qualificada.



Vantagens:



► Permite racionalizar o manejo dos animais, separando as vacas dos bezerros;



► A ordenha se torna mais higiênica e



► Permite controlar o consumo de leite ingerido, bem como o consumo de concentrado para se estabelecer o critério de desmama.



VI. Ganho de peso



Inúmeros pecuaristas priorizam investimentos em instalações e aquisição de equipamentos, relegando a segundo plano investimentos na nutrição animal. Ao contrário, deveria ser prioritária a aplicação de recursos para melhorar qualitativa e quantitativamente o plano nutricional ou o patrimônio genético do rebanho, uma vez que são esses investimentos que irão afetar de forma direta e imediata o desempenho da exploração.



O ritmo de crescimento de bezerros depende fundamentalmente da nutrição, sendo assim possível, através da dieta, acelerar ou retardar o crescimento. De acordo com as normas estabelecidas pelo NRC (1978), bezerras holandesas nascidas com cerca de 42 kg, devem apresentar ganho de peso diário (GPV) de 400 a 500 gramas durante as três primeiras semanas de vida. Após a desmama, o ganho diário deve ficar restrito a 700 gramas.



Em geral, o consumo insuficiente de energia é o fator que mais limita o ganho de peso dos animais. Entretanto, nem sempre o pecuarista deve perseguir o máximo ganho de peso. Em função do produto final desejado, dos custos dos ingredientes disponíveis e visando maximizar a taxa de retorno do capital investido, pode ser preferível nível de desempenho animal abaixo do potencial.



É importante considerar, porém, evidências de que a performance dos bezerros, durante os três primeiros meses de vida, pode ter reflexos importantes sobre seu desempenho subseqüente. Certamente, existe um limite de crescimento mínimo abaixo do qual o animal ficará comprometido, perdendo sua capacidade de recuperação plena.



Sabe-se que, desde que as estruturas ósseas e nervosas não sejam comprometidas, o ganho de peso, nas primeiras oito semanas de vida do bezerro, não tem efeito sobre o crescimento futuro, idade ao primeiro parto e produção leiteira. Esses dois últimos parâmetros, contudo, dependem muito mais do nível nutricional imposto durante o período de recria, do que da fase de aleitamento. No caso dos tourinhos, o ritmo de crescimento deve ser sempre acelerado, pois, quando não for bem criado, o animal mostrará pequeno desenvolvimento, o que poderá depreciá-lo como reprodutor. Como nas fêmeas, também nos machos leiteiros a puberdade está relacionada com o peso e, assim, garrotes bem desenvolvidos estarão aptos a produzir sêmen em idade próxima há doze meses, desde que tenham alcançado peso adequado (mais de 350 kg nos machos de raças grandes e 250 kg nos de raças pequenas).



VII. Instalações



Tradicionalmente, considera-se que as instalações destinadas a abrigar bezerros devem reduzir os efeitos deletérios dos fatores ambientais, tais como vento, altas e baixas temperaturas e umidade do ar.



Também é fundamental a manutenção de boas condições de higiene e sanidade, pois, caso contrário, a incidência de doenças e a taxa de mortalidade aumentarão drasticamente, comprometendo a eficiência da criação. Instalações úmidas, pouco ventiladas e com elevada umidade relativa do ar acarretam prejuízos muito maiores do que a ausência de instalações em criações onde os animais permanecem desabrigados, ao relento.



Destaca-se, também, a necessidade de evitar a excessiva população de bezerros na mesma dependência, notadamente quando o ambiente é mal ventilado. O que se recomenda é o alojamento individual dos bezerros nos primeiros 60 dias de vida, tendo em vista restringir o instinto de mamar uns nos outros e assegurar melhor controle do consumo individual da ração.



Obedecendo-se a tais premissas, as instalações para bezerros leiteiros podem variar amplamente, desde as mais simples tais como criações coletivas em piquete, até dependências individuais com controle de temperatura e umidade. Coletivas ou individuais, encontram-se baias de diversas formas, construídas com diversos materiais, dotadas de diferentes tipos de pisos e camas e com variados dispositivos de alimentação.



As instalações mais comuns em nosso meio são as tradicionais, de alvenaria ou madeira, onde os animais são alojados em boxes individuais fixos com área de 1,50 a 1,80 m², instalados no interior de galpões. Nesses boxes individuais é comum o uso de piso ripado suspenso, que facilita a limpeza e reduz a exposição do bezerro à umidade.



É comum ainda, como abrigo para bezerros, a adaptação de galpões inativos existentes na fazenda, nos quais os animais nem sempre encontram condições apropriadas de temperatura, umidade e ventilação, daí podendo advir significativa incidência de doenças. A associação de alta umidade relativa ao ar e baixa temperatura ambiente é a maior responsável pela ocorrência de pneumonia em bezerros até 60 dias de idade.



Nos rebanhos não-especializados, onde há necessidade da presença do bezerro ao pé da vaca durante a ordenha, também é freqüente o emprego inadequado de locais contíguos à sala de ordenha, onde os bezerros são alojados coletivamente, sem se levar em conta diferenças individuais de idade ou de higidez, concorrendo assim para o baixo desempenho da exploração.



O uso contínuo de uma mesma instalação pode elevar a taxa de mortalidade por aumento da incidência de diarréias e outras doenças. A exalação de amônia, por deficiência na higienização e ventilação dos bezerreiros convencionais, é também outro fator que contribui para o aparecimento de problemas respiratórios.



Muitos pecuaristas têm abandonado as instalações convencionais para a estabulação de bezerros em razão da contínua incidência de problemas sanitários. A principal opção adotada foi o uso de abrigos individuais móveis (cabanas), normalmente de menor custo que os bezerreiros convencionais, e que se mostram associados com maior consumo de concentrados e melhor desempenho dos bezerros. Nesta linha, as pesquisas conduzidas até o presente têm priorizado o estudo de diferentes tipos de materiais utilizados, destacando-se a tendência pelo emprego de madeira compensada, ripados, bambu com variações no tipo de cobertura (uma ou duas telhas de amianto).



Além de permitir o controle do instinto de mamar uns nos outros, o emprego dos sistemas móveis apresenta as seguintes vantagens: redução da incidência de doenças infecciosas, devido à facilidade de translocação; facilidade de inspeção e tratamento, em caso de doenças e, principalmente, bom controle da alimentação, baixos custos e facilidade de construção.



Simplificando radicalmente as instalações durante o período de aleitamento, em certas condições climáticas, tem sido empregada a contenção dos animais em estacas individuais localizadas em piquete. Tais estacas, às quais os animais são atados por corrente envolta em mangueira, não apresentam qualquer proteção climática, sendo providas apenas de fenil, balde para concentrado e balde para leite e água. As estacas normalmente são deslocadas dentro do piquete, a cada três dias, dando condições de pastejo e recuperação da pastagem.



O que se procura, dentro do sistema de criação, é baratear ao máximo os custos de produção. Assim sendo, o produtor poderá lançar mão dos recursos da propriedade para a confecção de suas estacas.



VIII. Manejo dos animais na estaca de contenção:







Os animais devem ficar alojados em local que tenha proteção dos raios solares nas horas mais quentes do dia, bem como protegidos de corrente de vento. Ventos canalizados são altamente prejudiciais.



O terreno deve, apresentar boa drenagem e estar bem gramado. As estacas devem ser mudadas de lugar toda vez que o gramado ficar muito rebaixado ou houver formação de lama. Para melhor manejo, recomenda-se a mudança da estaca a cada 5 dias.



No caso de vacas mestiças que exigem a presença do bezerro na hora da ordenha, as estacas devem ficar próximas do corredor de acesso das vacas ao local de ordenha. Neste caso, o bezerro é retirado da estaca para apojar a vaca, voltando diretamente para lá depois, sem nenhuma alteração no seu manejo.



Manejo nutricional:



O bezerro deve permanecer com a mãe nas primeiras 24 horas de vida, sendo depois alojado na estaca. Nas primeiras 6 horas de vida do animal, independente da presença da mãe, deve-se forçar a ingestão de colostro através de mamadeira, de modo a se assegurar a ingestão. Os animais devem continuar recebendo o colostro até o 3o dia de idade, três vezes ao dia.



A partir do quarto dia de vida os animais passam a receber uma dieta líquida (leite integral ou sucedâneo) correspondente a não mais que 8 % do seu peso vivo. Na ausência de balança ou fita específica, pode-se usar uma fita métrica para estimar o peso vivo baseando-se no perímetro







Nesse caso, a quantidade de leite será de 37,3 x 8/100 = 3,0 litros / dia divididos em duas refeições, por volta das 8:00 e das 14:00 h.



No décimo dia de vida , passa-se a fornecer 4 litros de leite / dia, divididos em duas refeições. A temperatura do leite deve ser de 37º C .



A água deve estar a disposição dos animais desde os primeiros dias de vida. Deve-se ficar atento para que a mesma se apresente sempre fresca e adequada para consumo. O mesmo balde deverá ser usado para o fornecimento de leite e água e, é fundamental que o mesmo permaneça em perfeitas condições de higiene.



Embora a ingestão de feno seja mínima nas primeiras semanas, deve-se colocar pequenas quantidades diárias feno, de boa qualidade, à disposição dos animais.



A partir do sétimo dia de vida do animal, deve-se colocar uma pequena quantidade de ração concentrada, removendo as sobras diariamente. Essa quantidade vai depender do consumo individual de cada animal e servirá de parâmetro para a desmama. Deve-se evitar concentrados farelados.



Parâmetros para a desmama:



► Peso



► idade



► consumo de concentrado.



O momento da desmama deve considerar pelo menos dois desses parâmetros. Recomenda-se 56 - 60 dias de idade e um consumo assegurado de concentrado de 700 gramas / dia, por pelo menos 5 dias.



ESTACA PARA CONTENÇÃO DE BEZERROS















IX Considerações sanitárias



Med. Vet. Marianne de Oliveira Silva

Cetate – Centro de Treinamento

marianne@cati.sp.gov.br

Zootec. MSc. Suely Ap. Alves de Lima Savastano

Dextru – Divisão de Extensão Rural

suely@cati.sp.gov.br

Aqui são apresentados alguns comentários seguidos de calendário sanitário. Em qualquer situação, procure um veterinário para obter maiores informações.



Calendário de vacinações



DOENÇAS IDADE / ÉPOCA

Paratifo

(pneumoenterite)



► vacas no oitavo mês de gestação



► bezerros com 15 dias de idade



Brucelose ► fêmeas de 3 a 8 meses de idade

Aftosa de acordo com o calendário oficial de vacinação

Carbúnculo

(manqueira)

a partir do quarto mês de idade e repete após 30 dias



Raiva a partir do quarto mês de idade- somente em regiões de ocorrência

Botulismo a partir do quarto mês de idade e repete após 30 dias - somente em regiões de ocorrência

Verminose a partir de 60 dias de idade

Controle de diarréia:



Medidas gerais:



► os bezerros devem ser alojados individualmente



► evitar a contaminação do local de alojamento do bezerro



► caso use cama, mantê-las limpas e secas



► evitar fornecimento de água e alimentos contaminados



Cuidados com o bezerro diarréico:



► isolamento do animal em local seco e ventilado



► fornecer água limpa e fresca à vontade



► suspender o fornecimento de leite e/ou concentrado durante 12 horas.



Na ocorrência de diarréia leve, a quantidade de leite fornecida deverá ser reduzida, usando-se uma diluição de 50% de água livre de contaminação. O fornecimento de iogurte (200 ml) diluído na dieta líquida ajuda a combater a diarréia.



► se a diarréia não cessar e o animal começar a mostrar sinais de debilitação, consulte o veterinário.