quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Canal do Produtor - Tendência de crescimento do rebanho bovino de Mato Grosso

Canal do Produtor - Tendência de crescimento do rebanho bovino de Mato Grosso:

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Queda do milho nos EUA pode aumentar as exportações brasileiras

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ministério divulga ações para evitar aftosa - Agronegócios On-line

Ministério divulga ações para evitar aftosa - Agronegócios On-line:

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Embrapa e Ineagro selecionam candidatos para incubação de empresas

Embrapa e Ineagro selecionam candidatos para incubação de empresas:

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Canal do Produtor - Produtores brasileiros combinam agropecuária com preservação ambiental

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Folha.com - Mercado - Paraguai começa a vacinar gado após surto de febre aftosa - 26/09/2011

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Marcelo Yuka comanda show ostentando bandeira do MST | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

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Reportagens CarbonoBrasil - Instituto Carbono Brasil

Reportagens CarbonoBrasil - Instituto Carbono Brasil:

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Informações Técnicas sobre inseminação artificial em bovinos

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FUNRURAL

Notícias : SRB:

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Aftosa: Publicado decreto que proíbe trânsito de gado e carne do Paraguai - Campo Grande News

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Especialistas debatem novo Código Florestal na OAB/DF - IPAM

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Embrapa Florestas

Embrapa Florestas:

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Canal do Produtor - Produção de leite de cabra cresce no sul de Minas Gerais

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Notícias : SRB

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Canal do Produtor - Produtor rural é capacitado

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Natureza - Estudo analisa se baía da Ilha Grande (RJ) pode virar área de proteção

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Notícias : SRB

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Brasil sedia encontro internacional sobre quarentena animal

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Contra a aftosa, Exército fica na fronteira por mais 14 dias, anuncia ministro

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sábado, 24 de setembro de 2011




Febre Aftosa
A Febre aftosa é uma enfermidade altamente contagiosa que ataca a todos os animais de casco fendido, principalmente bovinos, suínos, ovinos e caprinos, e muito menos os carnívoros, mamíferos; os animais solípedes são resistentes. Dá-se em todas as idades, independente de sexo, raça, clima, etc., porém há diferenças de suscetividade de espécie.
A doença é produzida pelo menos por seis tipos de vírus, classificados como A,O,C,SAT-1,SAT-2 e SAT-3, sendo que os três últimos foram isolados na África e os demais apresentam ampla disseminação. Não há transmissores de aftosa, o vírus é vinculado pelo ar, pela água e alimentos, apesar de ser sensível ao calor e a luz.  
A imunidade contra um deles não protege contra os outros. Além disso, constataram-se alguns subtipos dos vírus citados, com a particularidade de que uns causam ataques mais graves que outros e alguns se propagam mais facilmente. Esta complexidade, apresenta um aspecto muito desfavorável, pois um animal atacado por um tipo de vírus, embora ofereça resistência ao mesmo, é ainda suscetível aos outros tipos e subtipos.
PREJUÍZOS CAUSADOS - A gravidade da aftosa não decorre das mortes que ocasiona, mas principalmente dos prejuízos econômicos, atingindo todos os pecuaristas, desde os pequenos até os grandes produtores. Causa em conseqüência da febre e da perda de apetite, sob as formas de quebra da produção leiteira, perda de peso, crescimento retardado e menor eficiência reprodutiva. Pode levar à morte, principalmente os animais jovens; As propriedades que têm animais doentes são interditadas; A exportação da carne e dos produtos derivados torna-se difícil; Provoca aborto e infertilidade; Os animais doentes podem adquirir com maior facilidade outras doenças, devido à sua fraqueza.
TRANSMISSÃO - A febre aftosa é uma doença extremamente infecciosa. O Vírus se isola em grandes concentrações no líquido das vesículas que se formam na mucosa da língua e nos tecidos moles em torno das unhas. O sangue contém grandes quantidades de vírus durante as fases iniciais da enfermidade, quando o animal é muito contagioso.
Quando as vesículas arrebentam, o vírus passa à saliva e com a baba infecta os alojamentos, os pastos e as estradas onde passa o animal doente. Resiste durante meses em carcaças congeladas, principalmente na medula óssea. Dura muito tempo na erva dos pastos e na forragem ensilada. Persiste por tempo prolongado na farinha de ossos, nos couros e nos fardos de feno.
Outras vezes o contágio é indireto e, nesse caso, o vírus é transportado através de alimentos, água, ar e pássaros. Também as pessoas que cuidam dos animais doentes levam em suas mãos, na roupa ou nos calçados, o vírus, o qual é capaz de contaminar animais sadios. Nos animais infectados naturalmente, o período de incubação, varia de dezoito horas e três semanas.
SINTOMAS - A elevação da temperatura e a diminuição do apetite são os primeiros indícios da infecção. O vírus ataca a boca, língua, estômago, intestinos, pele em torno das unhas e na coroa. No inicio, febre com papulas que se transformam em pústulas, em vesículas, que se rompem e dão aftas na língua, lábios, gengivas e entre os cascos, o animal baba muito e tem dificuldade de se alimentar. Devido às lesões entre os cascos, o animal tem dificuldade de se locomover. Nos dois primeiros dias a infecção progride pelo sangue produzindo febre; depois aparecem as vesículas na boca e no pé. Também surgem nas tetas. Então a febre desaparece, porém, a produção de leite cai e a manqueira aparece, bem como a mamite com todas as suas graves conseqüências.
As vesículas se rompem e libertam um líquido transparente ou turvo; aftas,  que aparecem após 24 a 48 horas, resultantes são dolorosas e podem sofre infecção secundária. A secreção de saliva aumenta e fios de baba começam a cair da boca. O animal mastiga produzindo ruído caracterizado, ao abrir a boca, chamado "beijo da aftosa". Nos ovinos e caprinos, as lesões das patas são características, enquanto que as da boca podem ser pequenas e passarem desapercebidas. Os surtos de aftosa surgem repentinamente e com muita freqüência; todos os animais suscetíveis do rebanho apresentam os sintomas praticamente ao mesmo tempo. A intensidade da doença é muito variável. Na forma leve, as perdas podem alcançar uns 3%, enquanto que nas graves alcançam 30 a 50%, porém, em média, a mortalidade é baixa nos adultos e elevada nos jovens , principalmente os em aleitamento, porque as mães não os deixam mamar. Os animais que sobrevivem, se recuperam dentro de vinte duas porém, às vezes, a recuperação é bastante demorada; alguns animais com lesões cardíacas são irrecuperáveis, bem como as perdas de tetas.
PROFILAXIA E CUIDADOS -
  • Nos países livres de febre aftosa o método geralmente empregado consiste no sacrifício dos animais doentes e suspeitos, destruição dos cadáveres e indenização dos proprietários.
  • Vacinação regular do gado de 6 em 6 meses a partir do 3º mês de idade ou quando o Médico Veterinário recomendar.
  • Os animais que receberam a primeira dose de vacina, deverão ser revacinados 90 dias após a primeira vacinação.
  • Suspeitando da existência da doença em sua propriedade ou na de vizinhos, avise imediatamente o Médico Veterinário.
  • Confirmada a doença, isole os animais doentes, proíba a entrada e saída de veículos, pessoas e animais, instale pedilúvios com desinfetantes e siga as orientações do Médico Veterinário.
  • Quando comprar animais, exija que os mesmos estejam vacinados.
  • Só faça o transporte com atestado de vacinação.
  • As vacas prenhes devem ser vacinadas a fim de que elas possam proteger o bezerro através do colostro.
  • A vacinação não causa aborto nos animais. Cuidados especiais devem ser tomados no manejo das vacas prenhes, pois é o mau manejo que poderá causar aborto e nunca a vacina.
  • Exija sempre que o revendedor acondicione bem e faça o transporte correto das vacinas.
  • Animais vindos de outras propriedades devem ser isolados, vacinados e observados por um período mínimo de 15 dias, antes de serem misturados com os outros animais da propriedade.
  • Nos recintos de exposições, feiras e remates, devem ser adotadas rígidas medidas de higiene e desinfecção, e se a situação exigir, as autoridades sanitárias podem suspender os referidos eventos.
  • É muito importante o pecuarista conhecer bem a Febre Aftosa, para que ao aparecer a doença em animais de seu rebanho, ele esteja capacitado para adotar medidas sanitárias, visando ao seu controle.
  • Siga corretamente as orientações do Médico Veterinário. É importante o contato freqüente com o Médico Veterinário, o qual estará sempre pronto a prestar os esclarecimentos necessários.VACINAÇÃO - No Brasil, o processo mais aconselhável é a vacinação periódica dos rebanhos, assim como a vacinação de todos os bovinos antes de qualquer viagem. Em geral a vacina contra a febre aftosa é aplicada, de 6 em 6 meses, a partir do 3º mês de idade. A vacinação contra a Febre Aftosa no Estado de São Paulo deve ser feita nos meses de MARÇO E SETEMBRO. Na aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante em relação à dosagem, tempo de validade, método de conservação e outros pormenores.
    CUIDADOS COM A VACINA - Antes da aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante e alguns cuidados devem ser rigorosamente observados, tais como:
  • Conservação Adequada das Vacinas;
  • As vacinas devem ser conservadas na temperatura entre 2 e 6 graus centígrados, em geladeiras domésticas ou em caixas térmicas com gelo;
  • É muito importante a conservação, pois tanto o congelamento quanto o calor inutilizam a eficiência da vacina;
  • O transporte das vacinas do revendedor até a propriedade deve ser sempre feito em caixas térmicas com gelo;
  • A dose a ser aplicada em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo da vacina. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não vai oferecer aos animais a proteção desejada;
  • Não devem ser utilizadas agulhas muito grossas, pois a vacina pode escorrer pelo orifício deixado no couro do animal pela agulha e em conseqüência, diminuir a quantidade de vacina aplicada;
  • A vacina deve ser aplicada embaixo da pele;
  • Os animais sadios deverão ser sempre vacinados, pois os doentes ou mal-alimentados, não respondem bem à vacinação e, nesses casos, é conveniente procurar orientação com o Médico Veterinário.
  • Os efeitos da vacina somente aparecem depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Se os animais apresentarem a doença antes desse prazo, é sinal que já estavam com a doença quando foram vacinados, mas ainda não tinham manifestado seus sintomas.TRATAMENTO - Em casos especiais pode ser empregado o soro de animais hiper-imunizados. São úteis as seguintes medidas coadjuvantes:
    1. desinfecção dos alojamentos com soda cáustica a 4% no leite de cal de caiação;
    2. fervura ou pasteurização do leite destinado à alimentação animal ou humana;
    3. uso de pedilúvios na entrada dos currais e estábulos;
    4. alojamentos limpos e ventilados;
    5. fornecimento aos animais de alimentos de fácil mastigação;
    6. lavagem da boca com soluções adstringentes e anti-sépticas;
    7. tratamento das feridas dos cascos e das tetas;
    8. administração de tônicos cardíacos, em certos casos de muita fraqueza.


    Lúcia Helena Salvetti De Cicco
    Diretora de Conteúdo e Editora Chef

Como combater o carrapato em bovinos de leite

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images73Quando um produtor percebe que seus animais estao altamente infestados por carrapatos, imediatamente pensa nos prejuízos acarretados e resolve tomar providencias. E entao inicia-se uma jornada de escolher um produto e realizar uma infinidade de tratamentos, muitas vezes sem obtençao de resultados satisfatórios.Na ânsia de resolver o problema, troca-se indiscriminadamente de produto, o que só vai agravar ainda mais a situaçao. Em conseqüencia disto, perde-se anualmente no Brasil cerca de dois bilhoes de dólares. O problema é realmente complicado e grave, mas nem por isso a soluçao deve ser complexa. Basta que se tenha em mente que muito do que se perde com o carrapato decorre dos erros cometidos na tentativa de controlá-lo. Para minimizar os prejuízos, portanto, é importante conhecer bem o inimigo e identificar e corrigir os principais erros cometidos.
1)A vida do carrapato
Os bovinos adquirem o carrapato quando caminham por uma pastagem infestada. As larvas, que sao os “filhotes” dos carrapatos, sobem no animal e procuram um local adequado para se fixar. É o início da fase parasitária, ou fase em que o carrapato permanece fixado ao animal, que dura em torno de 22 dias. Neste período, as larvas se alimentam e se transformam em ninfas que, posteriormente, darao origem aos adultos, que irao sugar sangue e acasalar. A femea fecundada se enche de sangue e abandona o hospedeiro, iniciando a fase nao-parasitária ou de vida livre. No solo, a femea procura um local ideal para a postura de 2.000 a 3.000 ovos. Após a incubaçao, de cada ovo sairá uma larva, que irá se posicionar na ponta da pastagem a espera de um bovino, fechando o ciclo. Diferentemente da fase parasitária, que tem duraçao relativamente estável, o tempo de duraçao da fase de vida livre varia de acordo com a regiao geográfica e com a época do ano.
2) Os principais erros
2.1) A escolha do produto para combate
Que carrapaticida devo utilizar para combater os carrapatos de meu rebanho? Esta é a pergunta mais freqüente entre os produtores de leite, preocupados com os prejuízos determinados pelo carrapato dos bovinos. É importante que todos saibam que a resposta adequada a esta pergunta só pode ser obtida por meio de testes específicos. E por que deve ser assim? Se o carrapato dos bovinos pertence a uma única espécie, um único carrapaticida deveria ser eficiente, nao é mesmo? Nao, pois em cada propriedade há uma populaçao diferente desta espécie de carrapato, selecionada de acordo com os grupos químicos com os quais teve contato. Portanto, um determinado produto pode ser extremamente eficiente no combate aos carrapatos de uma propriedade e nao ser capaz de agir na propriedade vizinha. O que se deve fazer, entao? Coletar os carrapatos dos bovinos da propriedade e enviar para a Embrapa Gado de Leite, que realizará o teste gratuitamente, determinando o carrapaticida mais apropriado para agir nesse caso específico. Para garantir o bom andamento do teste, no entanto, é importante proceder da seguinte forma:
deixe dois ou tres animais sem tratamento carrapaticida por pelo menos 25 dias, se na sua propriedade é utilizado produto que age por contato (banho de aspersao) ou 35 dias, se o carrapaticida em uso é do tipo “pour on” (aplicado na linha do dorso) ou injetável. Este cuidado deve ser adotado para que os carrapatos a serem utilizados no teste nao contenham resíduos de carrapaticidas;
colete uma grande quantidade de carrapatos (por volta de 200). Só servem as femeas grandes e repletas de sangue, conhecidas popularmente como “mamonas” ou “jabuticabas”. A melhor hora para coleta é o início da manha, quando os animais encontram-se mais intensamente infestados por carrapatos com estas características;
acondicione em recipiente adequado (pote plástico ou caixa de papelao, contendo pequenos furos que possibilitem a respiraçao dos carrapatos, sem permitir a fuga destes);
identifique o material, informando nome e município da propriedade, nome do proprietário, endereço para envio dos resultados e telefone;
envie por Sedex para:
Embrapa Gado de Leite (carrapatos)
Rua Eugenio do Nascimento, 610
Dom Bosco – Juiz de Fora/MG
36038-330
É importante que o material seja enviado no início da semana (segundas, terças ou quartas-feiras) e que o tempo entre a coleta e o envio seja o menor possível. O ideal é coletar e enviar no mesmo dia mas, caso nao seja possível, pode-se faze-lo no dia seguinte, desde que se tenha o cuidado de manter os carrapatos, devidamente acondicionados, na parte inferior da geladeira. Para o envio pelo correio nao é necessário colocar gelo no material. Dúvidas podem ser esclarecidas pelos telefones (32) 3249-4829 , 3249-4840 ou 3249-4886. Após 35 a 40 dias, o produtor recebe os resultados no endereço informado. É importante ressaltar que os resultados sao válidos apenas para a propriedade de onde foram coletados os carrapatos e que o teste é gratuito. A Embrapa Gado de Leite recomenda que se realize o teste anualmente, de preferencia nos últimos meses do ano. Dessa forma, na época de implantaçao do controle estratégico, se for necessária a troca por outro carrapaticida, há resultados de um teste recente para orientar a nova escolha.
No entanto, a simples determinaçao do carrapaticida mais adequado a uma propriedade nao resolve o problema. É preciso que este produto seja bem misturado e aplicado na quantidade certa, em todo o corpo do animal, de acordo com as recomendaçoes da bula. A fim de contribuir para minimizar possíveis erros, juntamente com os resultados do teste sao fornecidas informaçoes sobre a época mais propícia para se combater os carrapatos, além de como preparar e aplicar adequadamente o carrapaticida. Associando-se estas tres medidas: determinaçao do produto apropriado e aplicaçao deste no momento certo e da forma correta, é possível manter a populaçao de carrapatos sob controle, reduzindo-se os prejuízos acarretados por este parasita.
2.2) O tratamento carrapaticida
Por motivos de economia, pressa, cansaço ou falta de orientaçao, na maioria das vezes o carrapaticida é aplicado em quantidades insuficientes, o que contribui significativamente para a disseminaçao da resistencia.
O problema começa na diluiçao do produto. Geralmente, a quantidade preconizada pela bula é colocada diretamente na bomba, seguindo-se a adiçao de água, sem diluiçao prévia. O ideal seria o preparo de uma “calda”, diluindo-se previamente a quantidade recomendada para o preenchimento de uma bomba em um balde a parte, com dois a tres litros de água. O conteúdo do balde é, entao, colocado aos poucos na bomba, adicionando-se água até completar o volume recomendado.
Após o preparo correto do produto, este deve ser aplicado adequadamente. Para tal, o produtor deve ter em mente que o banho carrapaticida é, geralmente, a única medida que se adota para combater um inimigo tao prejudicial. Portanto, o dia de banhar deve ser reservado somente para aquela prática, conferindo-se total atençao as atividades desenvolvidas. Deve-se regular a pressao do jato, que deve ser suficiente para atingir a pele do animal. O carrapaticida deve ser aplicado a favor do vento (para proteçao do aplicador) e no sentido contrário dos pelos, atingindo-se até as regioes de mais difícil acesso, como úbere, face interna das orelhas e entre pernas. Ao final do processo o animal deverá estar completamente molhado, devendo-se, para tal, utilizar de quatro a cinco litros de soluçao para cada bovino adulto. Os banhos nao devem ser realizados em horas de sol forte, para nao intoxicar os animais, nem em dias chuvosos, para evitar perdas do produto e seleçao de carrapatos resistentes.
Os cuidados a serem adotados pelo operador também sao de fundamental importância. Carrapaticida é veneno e a exposiçao contínua ao produto pode levar a danos irreparáveis a saúde humana. O uso de trajes adequados, a aplicaçao a favor do vento e o impedimento do contato direto com a pele sao fatores que auxiliam a manutençao da integridade do aplicador.
É importante, ainda, a leitura atenta da bula, com objetivo de, além de se ajustar a dose adequada, respeitar o período de carencia para garantir a comercializaçao de um leite de qualidade, isento de resíduos químicos.
A orientaçao aos produtores sobre o manejo dos animais após o banho também deve ser considerada. Equivocadamente, evita-se que os animais banhados tenham acesso a uma pastagem contaminada. O que deve ser feito é justamente o contrário, ou seja, levar os animais recém-banhados para piquetes infestados, de modo que estes funcionem como “aspiradores” das larvas, que serao combatidas no próximo banho, já na fase adulta. A repetiçao de banhos e o retorno dos animais as pastagens proporcionará a descontaminaçao progressiva destas.
2.3) O momento de banhar
A quase totalidade de produtores combate o carrapato somente nos períodos em que este se encontra em grande quantidade sobre os animais, determinando os prejuízos já relatados. Um programa de assistencia técnica seria eficiente no intuito de orientar sobre o momento certo de se utilizar o carrapaticida como uma forma de prevençao de grandes infestaçoes, ao invés de se combaterem surtos já estabelecidos. As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Gado de Leite resultaram na elaboraçao do programa de controle estratégico dos carrapatos de bovinos de leite na Regiao Sudeste. Durante quatro anos foi acompanhado o nível de infestaçoes, tanto nos animais (fase parasitária), como na pastagem (fase de vida livre), o que possibilitou a obtençao de informaçoes úteis para a elaboraçao do programa de controle. Foi verificado, inicialmente, que o carrapato dos bovinos, na Regiao Sudeste, desenvolve de tres a quatro geraçoes durante o ano. A geraçao presente entre os meses de janeiro e abril foi considerada como a mais fraca, pois o calor excessivo mata as larvas que estao na fase de vida livre, a espera do hospedeiro, reduzindo a quantidade de carrapatos presentes nos animais e na pastagem. As altas temperaturas atuam também na aceleraçao da fase nao-parasitária, fazendo com que os carrapatos nasçam e morram mais rapidamente, contribuindo também para a reduçao do nível de infestaçoes. A partir da identificaçao desta fase mais vulnerável, foi possível a elaboraçao do programa de controle estratégico do carrapato dos bovinos leiteiros na Regiao Sudeste do Brasil (válido também para a Regiao Centro-Oeste, por apresentar condiçoes semelhantes).
Esta estratégia se fundamenta na aplicaçao de uma série de cinco ou seis banhos carrapaticidas a intervalos de 21 dias ou tres aplicaçoes de produto “pour on” a intervalos de 30 dias, durante a época mais vulnerável do ciclo do carrapato (janeiro a abril). O objetivo é combater intensamente a geraçao mais fraca, de modo a comprometer as geraçoes seguintes, que seriam as mais prejudiciais. Durante o restante do ano basta monitorar a quantidade de carrapatos nos animais e realizar banhos quando a contagem se elevar. É recomendada atençao especial ao mes de setembro, quando a quantidade de carrapatos tenderá a se elevar, pois o aumento da temperatura leva a eclosao das larvas que estavam em formaçao durante o inverno. Um banho pode ser suficiente para controlar o surto repentino. Normalmente, os tratamentos extras sao necessários somente durante o primeiro ano da implantaçao do programa, mantendo-se os níveis de carrapatos na quantidade desejada nos anos seguintes somente com as aplicaçoes efetuadas entre janeiro e abril. Uma carga parasitária entre 20 e 30 carrapatos em um lado do corpo do animal é considerada adequada para que os bovinos desenvolvam proteçao contra os agentes da tristeza parasitária. Deste modo, o carrapato, que antes era tido como um inimigo altamente prejudicial a pecuária, passa a atuar como um aliado, funcionando como um “vacinador natural” dos bovinos.
Realizando-se as açoes descritas de forma correta, é possível reduzir significativamente o número de banhos carrapaticidas, de 16 a 20, para apenas cinco tratamentos anuais. Além de representar considerável economia com a aquisiçao de carrapaticidas, esta prática leva a reduçao no estresse dos animais e nos custos com mao-de-obra, minimizaçao de resíduos no leite, elevando a qualidade e agregando valor ao produto, preservaçao ambiental e, principalmente, retardo no processo de resistencia, garantindo maior tempo de utilizaçao das poucas bases químicas disponíveis.
Uma pequena desvantagem deste programa de controle consiste no fato de que os banhos devem ser realizados na época das chuvas, o que poderia levar a perdas do produto e disseminaçao da resistencia. Este problema pode ser facilmente contornado transferindo-se os banhos para outro dia, caso o dia marcado para o tratamento esteja chuvoso, ou mantendo os animais em um galpao coberto por duas horas após o banho. Nao havendo, na propriedade, instalaçoes suficientes para abrigar todos os animais do rebanho, a separaçao em lotes proporcionará a realizaçao dos tratamentos sem transtornos.
É importante ressaltar, no entanto, que, para que o programa de controle estratégico seja bem-sucedido, tem de ser utilizado o produto certo, na dose recomendada, com diluiçao bem feita e aplicaçao adequada.
2.4) Outros erros: detecçao e correçao
No quadro a seguir sao apresentados os principais erros cometidos na tentativa de controlar o carrapato dos bovinos, bem como recomendaçoes para evitá-los e/ou corrigi-los:
PRINCIPAIS ERROS
COMO CORRIGIR
Escolha errada e troca indiscriminada de carrapaticidas. Determinar o carrapaticida ideal para cada propriedade. Teste de sensibilidade realizado gratuitamente pela Embrapa Gado de Leite.
Tratamento dos animais quando estao mais infestados. Controle estratégico: atuar preventivamente com cinco banhos nos meses mais quentes do ano.
Preparaçao errada da soluçao carrapaticida. Ler atentamente a bula do produto. Cuidados com dosagem, homogeneizaçao e períodos de carencia.
Banho mal dado. Administrar produto no sentido contrário ao dos pelos e com pressao adequada em todo o corpo animal, incluindo cara, orelhas e entrepernas.Evitar dias de chuvas e horas de sol forte.Nao banhar animais cansados.Escolher equipamento adequado ao tamanho do rebanho (bomba costal somente em rebanhos pequenos).
Tratamento “pour on” mal realizado. Avaliar cuidadosamente o peso do animal.Aplicar o produto nos locais recomendados pela bula.
Animal recém-banhado mantido longe dos pastos infestados. Após o banho, os animais devem retornar as pastagens infestadas, para que funcionem como “aspiradores” das larvas.
Mesmo número de tratamentos para bovinos de raças diferentes. Mais cuidados com animais de maior grau de sangue europeu, que sao mais sensíveis a carrapatos, bernes, verminoses e ao calor excessivo.
Mesmo número de tratamentos para todos os animais de uma mesma raça. Identificar e cuidar mais intensamente dos animais de “sangue doce”, que sao as “fábricas” de carrapatos do rebanho, ou até mesmo descartá-los.
Contato imediato dos animais recém-adquiridos com o restante do rebanho. Realizar tratamento carrapaticida e isolar esses animais por 30 dias, antes de sua incorporaçao ao rebanho.
3)Outras formas de controle
Diante do grave quadro de resistencia dos carrapatos aos carrapaticidas químicos, outras alternativas estao sendo pesquisadas e serao divulgadas a medida que sejam validadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As vacinas contra o carrapato dos bovinos já sao uma realidade. Desde a década de 90 está disponível no mercado brasileiro uma vacina cubana que tem açao sobre o sistema digestório do carrapato, matando-o ou inibindo a postura. Está em fase final de pesquisas uma vacina brasileira, com mecanismo de açao semelhante. Fungos e nematóides como controladores biológicos de carrapatos também estao sendo pesquisados, com resultados bastante promissores para uso até mesmo em associaçao com produtos químicos. Outras vertentes de pesquisas se referem ao uso de substâncias derivadas de plantas, os fitoterápicos e a formaçao de rebanhos a partir de animais que sejam comprovadamente resistentes a parasitas. Embora os resultados ainda nao sejam passíveis de divulgaçao, é importante que todos saibam que existe uma significativa parcela de pesquisadores empenhada em buscar soluçoes que contribuam para o controle de carrapatos e para a garantia de segurança e qualidade nos produtos derivados dos animais tratados
Fonte: agromundo

ALTERNATIVA PARA A SECA - GADO DE LEITE



COT Nº 73, dezembro de 2002
 
CANA-DE-AÇÚCAR:
UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA
 
INTRODUÇÃO
Dentre as gramíneas forrageiras, a cana-de-açúcar se destaca por dois aspectos: alta produção de matéria seca (MS) por hectare e capacidade de manutenção do potencial energético durante o período seco. Além disso, o seu replantio se faz necessário apenas a cada quatro ou cinco anos.
Entretanto, a cana-de-açúcar é um alimento desbalanceado, com baixos teores de proteína e altos teores de açúcar, sendo que este último nutriente depende da época do ano e da variedade utilizada. Por essa razão, não é aconselhável o seu uso como alimento exclusivo.
A ensilagem do excesso da canade- açúcar é uma ferramenta que pode ser usada para facilitar o manejo dos talhões, e tratamentos como a hidrólise ou fermentação (sacharina) podem aumentar o seu valor nutricional. O objetivo deste trabalho é apresentar formas de utilização da cana-de-açúcar na alimentação de bovinos durante o período de seca.

PRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é insuperável em termos de produção de matéria seca e energia/ha, em um único corte. Nas condições de Brasil Central, a produção de cana integral fresca/ ha/corte pode variar entre 60 e 120 toneladas, por um período de até cinco anos (maior produção no primeiro ano).
As pontas constituem cerca de 20%–30% desse total. Para assegurar uma melhor distribuição qualitativa durante a seca e reduzir problemas com florescimento, a Embrapa Gado de Leite (2002a) recomenda plantar metade da área com variedades de cana precoce (RB 83-5486; RB 76-5418; SP 80-1842; e IAC 86-2210), e a outra, com variedades médias/tardias (CB-45-3; RB 72-454; SP 71-1406; RB 73-9743; RB 73-9359; SP 70-1143; e SP 79-1011).
Todas essas variedades são destinadas para a indústria, mas já existem programas de melhoramento genético de cana para fins forrageiros (Landell et al., 2002). Deste trabalho resultou o lançamento, em 2002, da variedade IAC 86-2480, com hábito de crescimento ereto, bainha aderida fracamente ao colmo (facilitando a desfolha natural), e uma boa relação entre o teor de fibra e a quantidade de açúcar.
Este último aspecto resultou em um aumento de 17% no ganho de peso, em comparação com a variedade industrial RB 72-454 (Rodrigues et al., 2002 citado por Landell et al., 2002). O plantio é feito em sulcos de 30 cm de profundidade e espaçamento de 1,20 metro, onde são deitados toletes do colmo de cana, com três a quatro gemas. Para o plantio de 1 hectare são necessários de 8 a 12 toneladas de colmos, ou cerca de 1.000 m2 de viveiro.
Usar colmos de plantas sadias com oito a doze meses de idade.
Na ausência da análise local do solo, a Embrapa Gado de Leite (2002a) sugere, para solos de mediana fertilidade, distribuir 2 t/ha de calcário, com dois meses de antecedência ao plantio, e no sulco, antes de deitar os colmos, aplicar 400 kg/ha da fórmula 05-25-20. Três meses após o plantio, aplicar em cobertura 110 kg de uréia ou 250 kg de sulfato de amônio/ha.
Para garantir boa persistência do canavial, aplicar adubação de cobertura após cada corte, usando a fórmula 20-10-20, na base de 400 kg/ha, no início das chuvas. Em função do tamanho do canavial, a aplicação de esterco de curral é altamente recomendável.
O plantio pode ser feito entre os meses de outubro e novembro, com produção menor, mas já disponível na próxima seca, ou entre janeiro e março, com maior produção, mas disponível apenas na seca do ano seguinte. Na fase inicial, manter o canavial limpo e com controle rigoroso no ataque de formigas.
A área a ser plantada depende da produção esperada por hectare e do número de animais e dias de alimentação. O cálculo desta área é feito da seguinte forma:
    • Supor uma produção de 120 t/ha• 100 animais com peso vivo médio de 300 kg
    • 150 dias de alimentação
    • Oferta diária/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).
Para calcular a quantidade total necessária de cana: 100 (número de animais) x 150 (número de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg.Para calcular a área a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) ÷ 120.000 (produção de cana/ha) = 2,25 ha.
Deve-se lembrar que a produção do primeiro ano é maior em relação às produções seguintes, por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de área para plantio, como margem de segurança, passando então para uma área final de 2,5 ha de cana.

COLHEITA
Pode ser manual ou mecânica, dependendo da quantidade a ser trabalhada diariamente. Deve ser feita quando a cana estiver madura (período da seca), quando maior será o teor de açúcar (40%–50%, base matéria seca) e melhor o valor nutricional. Não deve ser utilizada durante a fase de crescimento (período das chuvas). Após o corte, a cana pode ser armazenada na sombra, por até três dias; entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de forma a reduzir os efeitos negativos da fermentação sobre o seu consumo.
Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se for possível, devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de forragens existentes no mercado apresentam capacidade de corte próxima de 25 t/hora, e tamanho de partícula ajustável entre 3–18 mm.
Possíveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso deve ser evitado, pois compromete o manejo e a produção do canavial. O ideal seria conservar essa sobra sob a forma de silagem ou desidratação (85% a 90% de matéria seca).

VALOR NUTRICIONAL
O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com o seu alto teor de açúcar (40%–50% de açúcares na matéria seca), visto que seu teor de proteína é extremamente baixo. O resultado é um alimento nutricionalmente desbalanceado, e quando oferecido como único componente da dieta, o consumo é baixo e não é capaz de atender nem mesmo as necessidades de mantença do animal. Portanto, se o objetivo for alcançar mantença ou ganhos de peso, a cana-de-açúcar, necessariamente, precisa ser suplementada.
Para se atender a situação de mantença ou ganho pouco acima da mantença, a opção mais simples e barata é usar o nitrogênio não protéico (uréia + sulfato de amônio). Este suplemento vai atender diretamente as exigências nutricionais dos microorganismos do rúmen, resultando em melhor consumo e utilização de nutrientes. Já para alcançar ganhos de peso, é necessário atender também as exigências nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais como farelos, grãos, rações etc. O resultado seriam ganhos entre 400 e 700 g/dia para bovinos em crescimento.
Em função do seu alto teor de carboidratos solúveis, a cana é classificada como um volumoso de média qualidade (valor médio de 58,9% de nutrientes digestíveis totais – NDT), mas com baixos teores de proteína bruta (valor médio de 3,8%) e fósforo (valor médio de 0,06%).

SUPLEMENTAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR
A cana pode suportar diferentes níveis de desempenho animal, dependendo da forma em que for suplementada. O primeiro nutriente a ser corrigido é o nitrogênio, por ser um elemento essencial para o uso do alto potencial energético da cana. A forma mais simples e barata de atender essa exigência é com a uréia mais uma fonte de enxofre.
Ao alcançar o rúmen, a uréia libera amônia, que, combinada com os produtos da digestão do açúcar (os ácidos graxos voláteis), irão formar a proteína microbiana. Este tipo de suplementação é conhecido como Sistema Cana + Uréia, que, segundo a Embrapa Gado de Leite (2002b), consiste do seguinte: 
Preparar uma mistura de 8,5 partes de uréia + 1,5 parte de sulfato de amônio (fonte de enxofre), guardando-a logo em seguida, nos próprios sacos da uréia (amarrar bem a boca do saco, pois a uréia absorve muita umidade e endurece) e estocar até o seu uso. 
Para os primeiros 10 dias de alimentação, aplicar com um regador 500 g desta mistura, dissolvida em 4 litros de água, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida aos animais, que devem ter livre acesso à mistura mineral e água. 
Do décimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca triturada. Esta dieta fornecerá nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantença ou um pouco acima (até 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade da planta ao corte.
Para ganhos maiores (0,4–0,7 kg/dia), é necessário fornecer nutrientes adicionais a uma dieta de cana tratada com uréia, em uma quantidade variando de 15%–25% do consumo total de matéria seca, como mostrado na Tabela 1.

Tabela 1. Efeito do uso de suplementos para bovinos recebendo dietas
à base de cana + uréia, no consumo de matéria seca e ganho de peso diário
 
Suplemento
ganho
(kg/ani/dia)
consumo cana
(% PV1)
fornecimento
(kg/dia)
Farelo de arroz
1,0
2,20
0,721
Farelo de algodão
0,6
1,92
0,500
Milho triturado
1,0
2,18
0,462
Sorgo triturado
1,0
-
0,372
Sem suplemento
0,0
1,84
0,131
1PV = peso vivo
Fonte: Moreira (1983) citado por Boin & Tedeschi (1993).Em rações para animais em engorda confinados, a substituição da silagem de milho ou sorgo pela cana, como forma de reduzir custos com alimentação, fatalmente vai resultar em redução no desempenho animal, aumentando o custo da arroba ganha no confinamento. Isto foi observado por Duarte et al. (1996), em uma situação em que novilhos cruzados em confinamento receberam à vontade silagem de milho, silagem de sorgo ou cana-de-açúcar, mais 2 kg/ animal/dia de uma ração concentrada.
Os animais apresentaram os seguintes ganhos de peso vivo (kg/animal/dia): 
      silagem de milho = 1,199 kg;
      silagem de sorgo = 1,185 kg; e 
      cana-de-açúcar = 0,642 kg. 
Este menor desempenho da cana resultou em um custo de US$ 40,00 por arroba ganha no confinamento, superior ao custo obtido com a silagem de milho (US$ 22,00) ou sorgo (US$ 34,00), embora o custo/tonelada desses volumosos tenha sido menor para a cana (US$ 11,00) em comparação às silagens de milho (US$ 19,00) ou sorgo (US$ 28,00).Apesar desses resultados, a cana pode ser uma opção de volumoso na engorda de animais zebu, que iniciam a engorda com idade acima de 30 meses, ou em situações de fontes de ingredientes para concentrados mais baratas (por exemplo levedura em usinas de álcool).

CANA HIDROLISADA
É o resultado de um tratamento químico da cana in natura, com soda cáustica (2 a 4 g de hidróxido de sódio por quilo de matéria seca de cana triturada). Na prática, tem-se usado 20 kg de uma solução de 50% de soda cáustica por tonelada de matéria fresca de cana triturada (No Paraná...1998).
A aplicação é feita usando-se um bico pulverizador instalado no tubo de descarga de uma colhedeira de forragem. Cuidados especiais devem ser tomados com a soda cáustica, por ser um produto altamente corrosivo. Este tratamento pode aumentar a digestibilidade e o consumo da cana. O fator custo, bem como as características corrosivas da soda cáustica, limitam seriamente o uso deste tratamento na propriedade rural.

SACCHARINA
É um produto, desenvolvido em Cuba, resultante da fermentação aeróbica (fermentação ao ar livre) da cana-deaçúcar com uréia. Sua maior vantagem em relação ao sistema cana + uréia, seria um maior teor de proteína verdadeira, pela fermentação do açúcar, existente na cana, com a amônia proveniente da uréia, e realizada por leveduras e bactérias.
Segundo dados da literatura, após o período de fermentação a cana passa a apresentar um teor de proteína bruta entre 11% e 16%, sendo que desta, cerca de 8,9% a 13,9%, respectivamente, é proteína verdadeira (Demarchi, 2001). Entretanto, parece que isto não ocorre plenamente (Zanetti et al., 1993). O processo consiste no seguinte: a cana picada é distribuída em um piso revestido (camadas de 5 a 10 cm), coberto, mas bem ventilado.
Para cada tonelada de cana picada, aplicar cuidadosamente 17 kg da seguinte mistura: 15 kg de uréia + 5 kg de uma mistura mineral + 2 kg de sulfato de amônio. Essa mistura deve ser a mais uniforme possível, e logo após a mesma, manter a cana tratada em uma camada mais espessa, entre 20 e 25 cm, a fim de assegurar condições de umidade necessária para a fermentação.
Esta fermentação deve durar entre 24 até um máximo de 48 horas, podendo então a cana tratada ser fornecida para os animais. Um outra opção seria secar (máximo de 10% a 15% de umidade) e estocar para posterior uso (conserva-se bem por períodos de até seis meses).

SILAGEM DE CANA
A alta produtividade da cana e a coincidência do seu ponto de amadurecimento (maiores teores de açúcar na MS) com a época de menor produtividade das pastagens, fazem com que a mesma seja uma boa opção de forragem in natura para uso na seca. Entretanto, fatores como excesso de produção ou disponibilidade de mão-de-obra e máquinas para o seu corte diário, podem favorecer uma decisão pela sua ensilagem, apesar da menor digestibilidade e consumo da cana ensilada, quando comparada com a cana in natura.
Para ensilar a cana com sucesso, é importante observar a época do corte (deveria ser durante a seca, quando a cana está com altos teores de açúcar e matéria seca ao redor de 30%), a eficiência de corte da cana pelas máquinas (tamanho de partículas entre 2 e 5 cm), boa compactação no silo (de preferência usando trator) e fechamento do mesmo em três dias no máximo, usando-se lona plástica, garantindo com isto, uma total expulsão do ar (fermentação anaeróbica).
Apesar de todo este cuidado, a composição da cana vai favorecer uma elevada produção de ácido acético e álcool (ação de leveduras), prejudicando o seu consumo. O ideal é se houvesse uma maior produção de ácido lático. O uso de aditivos biológicos não tem mostrado resultados consistentes, entretanto, a adição de uréia (0,5% da matéria original) juntamente com o rolão de milho (10% a 12% da matéria original) tem contribuído para melhorar consumo.

BAGAÇO DE CANA
O bagaço é o principal resíduo da indústria da cana e representa aproximadamente 30% da cana integral moída. É um produto de baixo valor nutricional e qualquer tentativa do seu uso na alimentação animal deve estar associado a algum tipo de tratamento físico (pressão e vapor) ou químico (amônia, soda cáustica).
O teor de proteína na matéria seca, fica entre 1% e 2%, sendo que 90% do nitrogênio pode estar indisponível associado com a fibra, e o teor de fibra ácida entre 58% e 62%. Isto resulta em digestibilidades baixas (25% a 30%), tornando-o um alimento, in natura, de valor nutricional desprezível.
O uso acima de 20% de bagaço em rações requer um tratamento, e o físico é o que tem maior possibilidade de êxito. Isto limita o seu uso ao local de sua produção ou em propriedades bem próximas ao mesmo.

CONCLUSÃO
A cana-de-açúcar apresenta grande potencial forrageiro por duas razões principais: alta produção de massa e manutenção da qualidade durante a seca. Apresenta limitações nutricionais.
Dietas exclusivas de cana + uréia + minerais, resultam em mantença do peso vivo. O uso de suplementos protéicos/energéticos perfazendo 15% a 25% do consumo total de matéria seca, pode resultar em ganhos da ordem de 400 – 700 g/animal/dia.
A cana pode ser ensilada, mas este processo reduz o seu consumo. O uso de aditivos pode melhorar o consumo. O bagaço de cana pode apresentar algum potencial forrageiro após tratamento, entretanto, o custo do mesmo é um fator limitante

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa é aprovado

quinta, 15/setembro/2011 às 19:59
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quinta-feira (15) a liberação para cultivo comercial do feijão geneticamente modificado (GM) resistente ao vírus do mosaico dourado, pior inimigo da cultura no Brasil e na América do Sul.
Desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o feijão é a primeira planta transgênica aprovada comercialmente totalmente produzida por instituições públicas de pesquisa. Foram quase 10 anos de pesquisa em parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargen e Embrapa Arroz e Feijão.
“Nos testes de campo realizados, mesmo com muita presença da mosca branca, inseto que transmite o vírus do mosaico, a planta transgênica não foi infectada pela doença”, afirma Francisco Aragão, pesquisador do Cenargen e um dos responsáveis pelo projeto.
Importância social, ambiental e econômica
O feijão é uma cultura de extrema relevância social, especialmente na América Latina e na África, sendo a leguminosa mais importante na alimentação de mais de 500 milhões de pessoas. No Brasil, é a principal fonte vegetal de proteínas e de ferro e, associado ao arroz, resulta em uma mistura ainda mais nutritiva.
A produção mundial de feijão é de mais de 12 milhões de toneladas. O Brasil ocupa o segundo lugar nesse ranking e a planta é produzida principalmente por pequenos agricultores, com cerca de 80% da produção e da área cultivada em propriedades com menos de 100 hectares. Uma vez que o vírus do mosaico dourado atinge a plantação ainda na fase inicial, pode causar perdas de até 100% na produção. Segundo estimativas da Embrapa Arroz e Feijão, os danos causados pela doença seriam suficientes para alimentar até 10 milhões de pessoas.
O feijão transgênico apresentou vantagens econômicas e ambientais, a exemplo da diminuição das perdas, a garantia das colheitas e a redução da aplicação de defensivos. Com a aprovação, as sementes transgênicas serão multiplicadas e devem chegar ao mercado em dois ou três anos.
“Todas as análises de segurança foram realizadas e o feijão geneticamente modificado é tão ou mais seguro que as variedades convencionais, tanto para o consumo humano quanto para o meio ambiente”, ressalta Aragão.
Nova tecnologia
Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Francisco Aragão, e da Embrapa Arroz e Feijão, Josias Faria, utilizaram quatro estratégias de transformação genética.
Em linhas gerais, eles modificaram geneticamente a planta para que ela produzisse pequenos fragmentos de RNA responsáveis pela ativação de seu mecanismo de defesa contra o vírus do mosaico dourado, devastador à lavoura. "Mimetizamos o sistema natural", diz Francisco Aragão.
Além disso, os fragmentos de RNA podem causar resistência a várias estirpes do mesmo vírus.
As informações são do CIB - O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
 
Fonte: CIB