Enquanto muitos pecuaristas amargam prejuízos com a seca que diminui as pastagens nesta época do ano, uma família de produtores de pequeno porte comemora bons resultados. O segredo do sucesso, dizem eles, é a integração da lavoura com a pecuária, uma iniciativa da Universidade Federal em parceria com Emater e diversos outros representantes do setor em Campo Mourão. Este é o segundo ano em que o projeto é realizado e segundo os especialistas, a previsão é que demore mais três anos para a propriedade atingir o ideal.
Os resultados já são visíveis, além da produção leiteira praticamente dobrar - eram produzidos em média 9 mil litros de leite, hoje são 17 mil, com a mesma quantidade de animais – foram economizados mais de duas toneladas e meia de feno e quase 80 toneladas de cilagem. A coordenadora do projeto, Iole Canali, explicou que o processo é simples. “O projeto consiste em trabalhar a área produtiva com grãos para comercialização no verão e pastagens no inverno. O pastejo vai de abril a setembro e nessa época é plantado aveia e azevem. No restante do ano, a mesma área que serviu de pasto é utilizada para plantação de safras de verão, como milho e soja, sempre respeitando a rotação de culturas”, explica.
Um dos maiores problemas hoje da pecuária de corte é a falta de forragem em quantidade e qualidade, principalmente entre os meses de maio a outubro. Com a integração, a lavoura potencializa a produção de pasto e recupera a pastagem. “Nessa experiência ficou claro que eles nunca tiveram um rebanho como esse. A pastagem tem alto teor nutricional e reduz o custo com a alimentação.”
O projeto era que fosse utilizada somente uma pequena área da propriedade com esse sistema. Após dois anos, a família de agropecuáristas já implantou a integração em 80% da propriedade e segundo o produtor Antonio de Oliveira, 55 anos, a partir de agora, o objetivo é só crescer. “Faz 14 anos que eu mexia com leite, sempre do mesmo jeito. Quem vive como a gente não tem muita tecnologia, não sabia aplicar, agora estamos colhendo os frutos desse trabalho diferenciado que foi implantado. Quando você entra no projeto vem coisa nova e a gente aprende a deixar de lado o que fazia a tantos anos”, comenta.
Maria José Aparecida de Oliveira, 48 anos, esposa de Adão, o acompanhou na nova empreitada. Ela conhece cada um dos animais pelo nome e o mais interessante é que as vacas parecem atender ao seu chamado. “A pastagem hoje é outra, ‘elas’ [as vacas] vão sentindo isso. Em outras épocas agora estaríamos com problemas sérios com essa seca prolongada”, diz. Maria comentou que hoje, a seca está atrasando o plantio de milho, que será plantado agora no espaço que serviu de pasto durante a seca.
O principal desafio na implantação do sistema foi vencer a resistência do produtor e quebrar alguns mitos que estes possuem. “O produtor precisa ser vencido para depois ir gradualmente aceitando o que a gente propõe. Quando vão vendo os resultados, eles vão aderindo a algumas práticas e qualquer adesão é importantes e traz vantagens para o pequeno produtor”, explica a pesquisadora. Entre os mitos a serem quebrados está a ideia de que as vacas vão compactar o solo e será impossível trabalhar. Iole explicou que com o acompanhamento adequado isso não acontece. “É uma vida difícil, mas se não fosse cuidar disso, o que a gente ia fazer? Plantar soja para competir com grandes produtores? Não tem como”, pondera Antonio.
O filho do casal Everton Adão de Oliveira, 23 anos, está junto com os pais na experiência e diz estar animado. “Nunca pensei em sair do campo, até morei na cidade, mas tenho certeza que aqui tenho muito mais conforto e sem contar que estou trabalhando no que um dia será meu, fazendo a propriedade dar lucros. Em breve vamos fazer o sombreamento para os animais, aumentar o conforto do gado. A tendência é só expandir.”
A lavoura é mais exigente no preparo de solo. Precisa de uma boa adubação, correção de acidez. E isso acaba trazendo benefícios também pra pecuária. As áreas são cultivadas com grão, com alta fertilidade, quando é formado um pasto novo, ele é de alta produtividade, qualidade, e isso aumenta muito a produtividade da pecuária reduzindo muito os custos
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