A importância da floresta para o meio ambiente
No Brasil 87% da população vivem em centros urbanos. O clima urbano difere
consideravelmente do ambiente natural. As cidades distanciam-se cada vez mais
da natureza, utilizando materiais como ferro, aço, amianto, vidro, piche, entre
outros. Estes materiais geralmente são refletores e contribuem para a criação de
ilhas ou bolsões de calor nas cidades. Em função disso, o clima é semelhante ao
do deserto, quente e seco durante o dia e frio durante a noite.
A impermeabilização dos solos causa grandes problemas também na medida que
evitam ou impedem a infiltração da água, forçando-a para a calha dos rios, muitas
vezes criando enchentes, já que os rios não conseguem absorver um volume tão
grande de água num curto espaço de tempo.
Benefícios da arborização
Os benefícios advindos da arborização urbana promovem a melhoria da qualidade
de vida e o embelezamento da cidade. Essa arborização depende do clima, tipo
de solo, do espaço livre e do porte da árvore para se obter sucesso nas cidades.
Além da função paisagística, a arborização proporciona à população proteção
contra ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de parte dos raios solares,
sombreamento, atração e ambientação de pássaros, absorção da poluição
atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população, valorização da
propriedade pela beleza cênica, higienização mental e reorientação do vento.
A floresta, quando em equilíbrio, reduz ao mínimo a saída de nutrientes do
ecossistema. O solo pode manter o mesmo nível de fertilidade ou até melhorá-lo
ao longo do tempo.
Uma floresta não perturbada apresenta grande estabilidade, isto é, os nutrientes
introduzidos no ecossistema pela chuva e o intemperismo geológico estão em
equilíbrio com os nutrientes perdidos por lixiviação para os rios ou lençol freático.
Os nutrientes, uma vez introduzidos no ecossistema, podem se reciclar por um
longo tempo, função da eficiência biogeoquímica e bioquímica das espécies
florestais do sistema.
O entendimento da relação das florestas implantadas com a água é uma questão
muito complexa e deve levar em consideração as múltiplas atividades antrópicas,
tendo como unidade a microbacia. Deste modo, a floresta deve ser apreciada
como uma atividade agrícola qualquer, que visa à produção de biomassa com
intenção de obter algum lucro. Assim, além do consumo de água, devemos
contabilizar a sua qualidade, o regime de vazão e a saúde do ecossistema
aquático. Possibilita também uma visão mais abrangente sobre a relação do uso
da terra, seja na produção florestal, agrícola, pecuária, abertura de estradas,
urbanização, enfim, toda e qualquer alteração antrópica na paisagem e a
conservação dos recursos hídricos.
Quem sabe assim, a sociedade perceba que uma possível diminuição na
quantidade de água, deterioração de sua qualidade ou a degradação hidrológica
não estão somente nas florestas implantadas, mas numa infinidade de outras
atividades antrópicas de práticas de manejo.
As florestas per se não melhoram a qualidade da água, porém alguns de seus
atributos, como a cor aparente, está relacionada com a quantidade de matéria
orgânica e sedimentos na água. Estudos compararam a cor aparente da água de
microbacias com florestas nativas, reflorestadas com eucaliptos e com pastagem.
Nas florestas nativas a variabilidade natural só é alterada com as chuvas em
grandes quantidades. Para os eucaliptais, mesmo com operações drásticas como
construção de estradas ou exploração florestal tende a voltar ao equilíbrio
dinâmico rapidamente. Para a pastagem, entretanto, a concentração de
sedimentos suspensos na água é exageradamente elevada o tempo todo.
O custo específico com produtos químicos nas Estações de Tratamento de Água
(ETAs) eleva-se com a redução do percentual de cobertura florestal da bacia de
abastecimento. Nos EUA, o estado de Nova Iorque investiu em áreas de
preservação permanente - APPs, e os responsáveis garantem que para cada um
dólar investido, economizam sete dólares no tratamento de água.
Pelos resultados das pesquisas percebe-se que as florestas são importantes por
vários fatores, mas principalmente em relação aos recursos hídricos, pois
interceptam a água das chuvas, reduzindo o risco de erosão, aumentam a
capacidade de infiltração da água no solo tornando-o mais poroso e a estabilidade
do sistema ou microssistema funcionando com tampão, isto é, liberando ou
retendo água.
* Engenheiro florestal, mestre em Ciências Florestais, pesquisador da Embrapa
Meio Ambiente.
laerte@cnpma.embrapa.br
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