Dilma tomará posse como primeira presidenta do Brasil
Para o economista Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV),o Brasil precisa investir no mínimo o equivalente a 20% do PIB.
“Não houve no governo Lula nenhum ano em que a taxa de investimento chegou a 20% do PIB, taxa atingida pelo Brasil somente em 1994. Somente em 2008, tivemos um crescimento acima de 18%. Nos demais anos de Lula, o investimento ficou abaixo desse percentual”, lembrou Castelar.
Superar esse percentual de investimento é mais urgente para o governo Dilma do que foi para o governo Lula, diante do dinamismo alcançado pela economia brasileira nos últimos oito anos. “Conseguir aumentar essa taxa de investimento é uma tarefa que se faz a cada dia mais urgente para tornar sustentável nosso crescimento econômico. O governo de Dilma terá que dar um jeito para esse desafio que não é recente. É um desafio antigo”, explicou Castelar.
Ele observou, entretanto, que Dilma assume o país com um nível de confiança dos investidores muito maior do que existia em 2003, primeiro ano de Lula. “Em 2003, os investidores sabiam que o presidente era aquele que, no PT, chegou a defender um plebiscito sobre o calote das dívidas interna e externa”, disse o professor. “Hoje, essa preocupação não existe mais”, acrescentou.
A manutenção da austeridade econômica no governo Lula, na opinião de Castelar, foi fundamental para criar essa confiança. “O tempo serviu para mostrar que as políticas macroeconômicas implantadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso não eram apenas políticas de governo, mas medidas que teriam que ser tomadas por qualquer um que estivesse no cargo. Essa manutenção foi muito importante”, considerou.
Outro ponto positivo para o Brasil é uma situação inédita de solidez em seu posicionamento no mercado internacional. “Nesses oito anos do governo Lula, o Brasil soube aproveitar os altos preços das commodities e, com isso, construiu uma situação que lhe permitiu fazer frente à crise do mercado externo em 2008 e 2009. Hoje, a solidez da situação do Brasil no mercado internacional é bem maior do que a que existia em 2003”, avaliou.
Embora a presidenta eleita tenha protagonizado um governo com medidas de estímulo ao consumo, principalmente nos últimos dois anos, a equipe econômica de Dilma foi anunciada em meio a perspectivas de contenção de gastos para os próximos dois anos, pelo menos. A preocupação de conter a inflação continua.
Confirmado para permanecer no cargo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já avisou que o governo passará a atuar de forma contracionista no que se refere à área fiscal (ou gastos públicos). O ministro informou que a orientação é continuar o controle da inflação administrada pelo sistema de metas. A expectativa é que a inflação continue em 4,5% até 2012. O governo que reduzir os gastos, principalmente de custeio, e aumentar a poupança pública.
“No período da crise nós aumentamos gastos e reduzimos o primário para viabilizar a rápida recuperação da economia brasileira. Agora, superada a crise, vamos recuar e reduzir os gastos”, declarou Mantega, ao anunciar sua permanência na pasta
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