segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Estudo mostra que mudanças no uso do solo podem diminuir desmatamento

Pesquisa, uma parceria entre Banco Mundial e Embrapa, apontou redução de quase 70%


O agronegócio brasileiro pode deixar de ser vilão quando se fala de emissões de gases do efeito estufa. Um estudo desenvolvido pelo Banco Mundial e por pesquisadores da Embrapa mostra que com algumas mudanças do uso do solo, o Brasil pode reduzir o desmatamento em quase 70%.



O estudo levou três anos. Mais de 50 pesquisadores envolvidos, e o resultado está em uma publicação de quase 300 páginas, que rende muita discussão, e que dá uma diretriz para o uso da terra nos próximos 20 anos, de forma a reduzir as emissões de carbono. Segundo os pesquisadores, para atingir a meta nas duas décadas é preciso menos US$ 400 milhões em investimentos.



O pesquisador da Embrapa Luiz Gustavo Barioni coordenou os trabalhos sobre os efeitos da pecuária nas emissões. O estudo mostra que a atividade é responsável por 18% das emissões dos gases do efeito estufa. Aumentar a produtividade do rebanho brasileiro é uma forma de reduzir este peso.



– O aumento de produtividade permite que você tenha expansão de outras atividades agrícolas como exemplo a cana, a soja, o milho, o feijão, o arroz, sem que haja desmatamento – diz Barioni.



São três as formas sugeridas no estudo: recuperação de áreas degradas, integração lavoura pecuária e suplementação – ou seja, mais confinamento. O pesquisador Bruno Alves, também da Embrapa, coordenou o trabalho sobre os efeitos da agricultura.



As emissões vêm do uso de fertilizantes, das queimadas e dos combustíveis das máquinas agrícolas. O pesquisador diz que aumentar o sistema de plantio direto na produção de grãos, por exemplo, já é um bom começo para o Brasil. Atualmente, segundo o IBGE, entre 15 e 20% da área de grãos são cultivados neste sistema. Para o pesquisador, é pouco. Outra sugestão é a redução ou uso racional de fertilizantes.



– Existe uma necessidade de incentivos do governo para que essas barreiras sejam superadas com crédito mais favorável ao produtor. Também se busca mais investimento na difusão de tecnologia, na extensão rural para que o conhecimento que a Embrapa e outras instituições de pesquisa vem gerando cheguem ao produtor. Assim, ele ganha mais confiança para adotar essas práticas, que vão melhorar muito a agricultura nacional – afirma Alves.



O relatório descrito no estudo tem um objetivo: reduzir as emissões, sem comprometer o desenvolvimento do Brasil. Atualmente, 60% das emissões são decorrentes do uso do solo. Deste percentual, 40% são causados pelo desmatamento, 18% pela pecuária e 5% por conta da agricultura. Há uma parcela ainda dos setores de energia e de transporte.



– Enquanto no setor de energia as emissões são proporcionais ao setor industrial, no setor do uso do solo é diferente. Isso porque as emissões são relacionadas à expansão marginal do setor. Quer dizer que se em um ano você consegue acomodar a necessidade de terras adicionais através da liberação de pastagens, imediatamente a necessidade de desmatamento cai a zero – explica Christophe de Gouvello, pesquisador do Banco Mundial.



O estudo foi apresentado ao governo federal já no ano passado. Atualmente, uma série de audiências está sendo feita com profissionais de áreas específicas para divulgar as informações da pesquisa.







CANAL RURAL

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