19.04.2010 | 03:20
Sebrae
Agricultor lucra com hortaliças orgânicas
WILLAME SOUSA
Joedivam Silva Rocha prepara o composto utilizado como fertilizante natural das hortas
Jeoedivan Rocha tem 34 anos de idade, 20 anos de agricultura química e seis anos de agricultura orgânica. Poderíamos apenas dizer que são 26 anos de dedicação ao cultivo da terra. Mas as etapas precisam e devem ser separadas. Afinal de contas, o respeito ao meio ambiente e à saúde veio apenas após o agricultor frequentar as aulas do curso de Agricultura Orgânica, ofertado em 2004 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), iniciativa que revolucionou a forma de plantar deste filho de agricultores que desde os oito anos trabalha na roça.
Com o certificado, Rocha diz que o treinamento trouxe mais do que conhecimento. Ele ganhou saúde sem precisar abandonar a única atividade que sabe desempenhar. Atividade esta que garante o sustento dele, da mulher, a agricultora Carla Lima, 34, e da filha, a estudante Joana Rocha, 13. Ele faz parte da Hortvida (Associação dos Produtores Orgânicos de Boa Vista).
Rocha desde cedo aprendeu que os produtos químicos eram os mais eficazes para fertilizar a terra e combater as pragas. Mas ele não sabia que ao mesmo tempo em que tornava a área a ser cultivada mais fértil agredia o meio ambiente e, muito menos, que o mesmo veneno que matava as pragas o fazia morrer um pouco a cada dia.
"Fui intoxicado e diagnosticado pelos médicos. Eu sentia tontura e enjoo, minha pele não suava mais, as mãos inchavam e ficava com as juntas doloridas", relembrou. Os sinais eram a evidência de que algo ia errado com a saúde do agricultor. Entretanto, não havia alternativa para o sustento da família. Abandonar a produção de alface, cebolinha, couve, almeirão, pimenta, limão, mostarda, rúcula, rabanete, jiló e pepino na chácara Copaíba, região conhecida por Jardim das Copaíbas, no Distrito Industrial, significava perder a renda no final do mês.
"O Sebrae mandou um consultor vir me procurar para fazer parte deste curso de agricultura orgânica. Aceitei meio ressabiado porque eu não acreditava que era possível fazer agricultura orgânica. Mas consegui e hoje acredito muito, porque a agricultura orgânica é boa para a saúde e respeita a natureza. Meu cliente hoje está mais contente com o que faço e vem de longe, lá do Caçari e do Paraviana, comprar aqui", disse ele, sorridente.
No entanto, nem tudo são flores, e Rocha explicou que há sequelas dos anos em que ficou exposto aos agrotóxicos, algo que não apaga o conhecimento adquirido, os clientes conquistados e o sorriso no rosto dele. "Com certeza, o Sebrae me ajudou muito. Foi um parceiro que mudou a minha vida, porque hoje o meu produto tem qualidade e eu sei tratar bem meu cliente, manusear e dar mais valor à minha propriedade e respeitar o meio ambiente".
Atualmente, esclareceu o agricultor, para adubar a terra é utilizada a própria vegetação da propriedade. A urina de uma vaca e de um boi e dos caprinos também é adicionada na produção do "composto", que é o adubo orgânico, para fermentá-lo. "A vaca e as cabritas também fornecem leite, que eu comercializo para ajudar na renda no final do mês, além de usá-lo para consumo próprio", acrescentou
O Sebrae também o ensinou a utilizar as folhas de uma árvore cultivada no próprio quintal de Rocha para combater as pragas das plantações e servir de repelente.
Produção rende R$ 3 mil por mês
FONTE: SEBRAE
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