domingo, 5 de junho de 2011

Formulação de rações para vacas leiteiras - 



Frequentemente alguns leitores me solicitam formulação de ração. Em todas as oportunidades que me deixaram mensagem relatando tão somente a produção de leite e breve descrição dos alimentos, a minha resposta foi não. Há profissionais no mercado que adotam essa política, mas não admiro nem sigo essa linha de pensamento. No meu entendimento, para uma formulação simplista não é necessário o auxílio de um especialista na área. Recentemente esse fato novamente aconteceu, e assim, resolvi compilar alguns dados da minha biblioteca pessoal durante minha pós-graduação no Departamento de Zootecnia da ESALQ. O texto a seguir é uma produção minha, com colaboração do Dr. Hugo Imaizumi (ex-colega de turma), enquanto éramos orientados do Professor Dr. Flávio A. Portela Santos.

Este texto objetiva fornecer informações técnicas, esclarecer sobre os passos e informações necessárias para formulação de rações para vacas leiteiras, assim como descrição de metodologias para tal formulação. Reafirmo que esse texto é de cunho informativo, sem pretensão de ensinar detalhadamente como formular ração para bovinos, visto que são necessários anos de estudos em nutrição de ruminantes para estar apto a desempenhar corretamente esta função.

1. Agrupamento de animais e exigências nutricionais

Com o objetivo de estabelecer um programa nutricional para vacas leiteiras, há a necessidade de se agrupar os animais em função das diferentes fases por que passam durante o período entre um parto e outro. Com base nas exigências nutricionais da vaca leiteira, são identificadas 4 fases distintas ao longo da curva de produção:

1) período seco da vaca: em geral 60 dias pré-parto
2) início de lactação: do parto aos 100 dias pós-parto
3) meio de lactação: dos 101 aos 200 dias pós-parto
4) final de lactação: dos 201 aos 305 dias pós-parto

1.1. Período seco

Durante os primeiros 40 dias do período seco, as exigências nutricionais da vaca podem ser supridas sem grandes dificuldades, pois o animal consegue ingerir quantidade adequada de alimento. Vacas que na secagem apresentarem condição corporal ao redor de 3,5 (escala de 1 a 5), podem ser alimentadas apenas com volumoso de boa qualidade e mistura mineral. Vacas com condição corporal abaixo de 3,5 podem necessitar de suplementação com concentrado.

Na fase final do período seco, nas últimas 3 semanas que antecedem o parto, a vaca entra no período de transição, que se estende até 3 semanas pós-parto. Nessa fase pré-parto, o crescimento acelerado do feto e o início da síntese de colostro aumentam significativamente a exigência nutricional da vaca. Este fato é agravado pela queda no consumo de alimento por parte da vaca nesta fase final. Estes fatos implicam na necessidade de se aumentar as densidades energéticas, protéicas e de minerais e vitaminas das rações de vacas leiteiras nas 3 semanas que antecedem o parto.

O manejo de vacas leiteiras nas 3 últimas semanas pré-parto, têm grande impacto na produção de leite, reprodução e saúde da vaca durante a futura lactação. Vacas que parem magras, com condição corporal abaixo de 3,5, não têm reservas de energia suficientes para apresentar pico de lactação alto. Vacas que parem com excesso de condição corporal, especialmente com escore acima de 4,0 são mais propensas a apresentarem distúrbios metabólicos após o parto, baixa produção de leite e perda excessiva de condição corporal após o parto.

1.2. Início de lactação (1 a 100 dias pós-parto)

Esta é a fase de maior produção de leite da vaca. A produção é crescente até aproximadamente 60 dias pós-parto, quando a vaca atinge o pico de lactação. As 3 primeiras semanas após o parto são as mais críticas para a vaca leiteira. Muitos dos problemas que acometem vacas leiteiras ocorrem durante este período e estão normalmente ligados à mudanças drásticas de metabolismo, alterações hormonais, aumento na demanda de nutrientes, depressão da imunidade, estresse do parto e início da lactação. Todos estes fatores podem ser exacerbados quando o manejo pré-parto é inadequado.

O grupo de vacas em início de lactação é o que recebe a alimentação com maior concentração de nutrientes, ou seja, com maior teor de concentrado. Em função da mudança drástica em apenas 60 dias, do final do período seco ao pico de lactação, é necessário que o aumento na dose de concentrado seja gradativo nas primeiras semanas pós-parto.

O consumo de alimento é crescente pós-parto, porém abaixo do necessário para suprir as exigências da vaca até o pico de lactação. O pico de consumo de MS só ocorre 30 a 60 dias após o pico de lactação. Isto resulta na perda de condição corporal da vaca nos primeiros 30 a 60 dias pós-parto. Os principais objetivos ao se formular rações para vacas em início de lactação são maximizar o pico de lactação e minimizar a perda de condição corporal pós-parto. 

1.3. Meio de lactação (101 a 200 dias pós-parto)

Nesta fase, a vaca atinge o pico de consumo de matéria seca, a produção de leite apesar de ainda ser alta, está em declínio e tem início a reposição de condição corporal. As exigências em energia, proteína, minerais e vitaminas são menores que na fase anterior. Ajustes devem ser feitos na ração, com redução no teor de concentrado da mesma.

1.4. Final de lactação (201 a 305 dias pós-parto)

Nesta fase a ingestão de nutrientes é bem maior que a demanda, uma vez que a produção está em franco declínio. Esta é a fase de maior reposição da condição corporal da vaca. Excesso de concentrado nesta fase, além de elevar os custos de produção pode favorecer a ocorrência de vacas com condição corporal excessiva, fator predisponente para distúrbios metabólicos pós-parto.

1.5. Vacas primíparas - um grupo a parte

Vacas primíparas em início de lactação são os animais de maior exigência nutricional do rebanho. Entretanto, ocupam posição hierárquica inferior ao das vacas multíparas, que são dominantes em relação as primíparas. Seja em sistemas confinados ou em sistemas em pastagens, é importante agrupar estas vacas separadamente das demais. Em rebanhos que utilizam pastagens, apesar do problema não ser tão intenso durante o pastejo, o fornecimento do concentrado em grupo, pode ser crítico para estas vacas se mantidas juntas com as multíparas. Neste caso, certamente não conseguirão comer a quantidade necessária de concentrado.

2. Ingredientes para a formulação de rações para bovinos

Os alimentos volumosos mais utilizados nos sistemas de produção de leite no Brasil são as pastagens, as silagens de milho, sorgo ou capim e a cana-de-açúcar. Animais mantidos exclusivamente em pastagens tropicais bem manejadas, têm seu potencial de produção de leite limitado em 8 a 14 kg/vaca/dia. As vacas dificilmente conseguem ingerir quantidades de forragem suficiente para produções maiores que as citadas. Quando alimentadas exclusivamente com silagem de milho ou sorgo, o teor baixo de proteína destes alimentos limita a produção a patamares inferiores ao das pastagens tropicais. No caso da cana-de-açúcar as limitações em proteína são tão severas que não permitem sequer a manutenção do animal.

O uso de alimentos concentrados tem por objetivo suprir as deficiências nutricionais das forrageiras e permitir produções elevadas das vacas leiteiras. Os concentrados são na grande maioria compostos por suplementos energéticos, suplementos protéicos e suplementos minerais e vitamínicos.

Tanto os suplementos energéticos quanto os protéicos, contêm energia e proteína, com raras exceções. Os suplementos energéticos são assim chamados por conterem teores altos de energia e teores baixos de proteína. Por outro lado, os suplementos protéicos contêm teores elevados de proteína, podendo também ser ricos em energia.

2.1. Suplementos energéticos

No Brasil os principais suplementos energéticos utilizados nos concentrados de vacas leiteiras são os grãos de cereais como o milho, o sorgo, o milheto e diversos subprodutos como a polpa cítrica, a casca de soja, o farelo de arroz, o farelo de trigo e o farelo de mandioca, dentre outros. Estes ingredientes contêm teores altos de energia, entre 75 a 92% de NDT (%MS), mas são pobres em proteína bruta, com teores normalmente inferiores a 12% (%MS). O farelo de trigo tem 16 a 18% de proteína bruta (%MS).

2.2. Suplementos protéicos

Os principais suplementos protéicos utilizados nos concentrados de bovinos no Brasil são o farelo de soja, o farelo de algodão e a uréia, fonte de nitrogênio não protéico. O farelo de soja tem 47 a 50% de PB e 82% de NDT (%MS). O farelo de algodão tem 38 a 41% de PB e 66 a 75% de NDT (%MS). A uréia é fonte de nitrogênio não protéico e contêm 45% de nitrogênio. Como a proteína tem 16% de nitrogênio, o equivalente protéico da uréia é de 281%, ou seja, cada kg de uréia equivale a 2,81 kg de proteína bruta.

As sementes de oleaginosa como a soja grão e o caroço de algodão são boas fontes de proteína, porém ricas em energia devido ao teor alto de óleo, ao redor de 18% da MS. A soja grão tem de 36 a 40% de PB e 101% de NDT. O caroço de algodão tem ao redor de 24% de PB e 90% de NDT (%MS). O farelo de amendoim é um suplemento protéico com 50 a 52% de PB, com oferta crescente no país. Suplementos com teores médios de PB são o farelo de girassol (30% de PB), o resíduo de cervejaria (20 a 25%) e o farelo glúten de milho -21 (refinasil ou prómil) com 21 a 24% de PB.

2.3. Suplementos minerais e vitamínicos

Os concentrados para vacas leiteiras devem conter núcleo mineral na sua composição. A formulação do núcleo mineral vai depender da exigência do animal e da composição mineral dos alimentos consumidos pelo bovino.

Pastagens são ricas em vitaminas A, D e E, não havendo a necessidade de suplementar os animais. Entretanto, forragens conservadas na forma de silagem ou feno, perdem quantidades grandes dessas vitaminas, principalmente de vitamina A, sendo recomendado suprir essas vitaminas no concentrado.

3. Sistemas de formulação de rações

A maioria dos países desenvolvidos desenvolveu seus próprios modelos de exigência nutricional para bovinos e tabelas com a composição nutricional dos principais alimentos utilizados nas formulações de rações. No Brasil, o modelo mais utilizado é o modelo americano do NRC (2001).

Nos últimos 30 anos, houve evolução considerável no campo do conhecimento da nutrição de ruminantes. O número crescente de estudos na área e a informatização têm permitido o desenvolvimento de programas de formulação cada vez mais precisos.

Alguns modelos iniciais eram simples e apresentavam as exigências das vacas leiteiras em NDT, PB, e minerais e vitaminas. As formulações podiam ser feitas manualmente, com número não muito grande de cálculos a serem efetuados.

Nos modelos atuais, as exigências energéticas são apresentadas em termos de energia líquida de lactação. As exigências protéicas são determinadas para a população microbiana ruminal (proteína degradável no rúmen) e para o bovino (proteína metabolizável). Atualmente, tem havido avanço considerável do conhecimento das exigências em aminoácidos essenciais para vacas leiteiras de alta produção. Os programas atuais também têm evoluído quanto à adequação dos teores de fibra nas rações, com vistas à manutenção de pH ruminal adequado. Do conceito de fibra bruta houve evolução para a adequação das exigências em FDN. Mais importante que o teor total de FDN é a porcentagem de FDN proveniente de forragem na ração, pois esta é fração mais efetiva em estimular a ruminação. Finalmente, estudos têm sido conduzidos com o objetivo de determinar a efetividade da FDN de cada alimento. Diversos modelos já adotam valores de FDN efetiva nas tabelas de composição dos alimentos e trazem exigências dos animais neste quesito.

A utilização de programas de computação é imprescindível quando queremos utilizar estes modelos atuais na sua plenitude





Formulação de rações para vacas leiteiras -



4. Composição dos alimentos e exigências nutricionais

Na Tabela 1 são apresentadas as composições bromatológicas de diversos alimentos utilizados nas rações de vacas leiteiras no Brasil.

Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos



Na Tabela 2 são apresentadas as exigências nutricionais de uma vaca leiteira mantida em pastagem ao longo da lactação de 6250 kg de leite em 305. Também são apresentadas formulações de rações para essa vaca no início, meio e final de lactação. Os cálculos foram feitos utilizando o NRC (2001).

Tabela 2. Rações para vacas leiteiras durante a lactação



Na tabela 2 pode-se observar que à medida que a lactação da vaca avançou no tempo e a produção de leite foi sendo reduzida, foram feitas alterações na ração total. Tanto os teores de energia como os teores de proteína bruta foram reduzidos na ração. A concentração de proteína degradável no rúmen foi muito pouco alterada. Já a concentração de PNDR foi reduzida de 5,3 para 4,5%, uma vez que a exigência da vaca em proteína metabolizável diminuiu, mas não a exigência do rúmen em PDR. Na prática isto significou redução no teor de farelo de soja e aumento no teor de ureia na ração com o avançar da lactação.

5. Formulação de ração através do Quadrado de Pearson

Quando ainda não se dispunha de computadores para a formulação de ração, os modelos traziam as exigências energéticas e protéicas do animal em tabelas, e os cálculos eram feitos manualmente. Tomemos por exemplo um modelo que adotasse as exigências energéticas do animal em NDT e as exigências protéicas em PB. Será usada como exemplo uma vaca adulta de 500 kg de peso vivo, no pico de lactação, com produção de 25 kg de leite/dia, com 3,5% de gordura e 3,1% de proteína bruta. Os ingredientes disponíveis para a ração são pasto de alta qualidade, polpa cítrica, farelo de soja e mistura mineral.

De acordo com o programa, o consumo de MS esperado é de 16,78 kg/dia. As exigências para manutenção e produção de leite são de 11,91 kg de NDT e de 2,56 kg de PB.

Suponhamos que a dose fornecida de concentrado seja de 1 kg de matéria natural de concentrado por kg de leite. Portanto, 25 kg de leite divididos por 3 resulta na dose de 8,3 kg de matéria natural de concentrado por vaca/dia. O teor de MS do concentrado é de 90%, portanto serão necessários 7,47 kg de MS de concentrado (8,3 x 0,9).

O consumo total predito pelo programa é de 16,78 kg de MS. Assim o animal terá que ingerir 9,31 kg de MS de pasto. Esta ingestão de pasto fornecerá 6,05 kg de NDT (9,31 x 0,65) e 1,49 kg de PB (9,31 x 0,16).

Portanto o concentrado terá que fornecer 5,86 kg de NDT (11,91 - 6,05) e 1,07 kg de PB (2,56 - 1,49).

Para fazermos o cálculo do concentrado em matéria natural, teremos que incluir os 5,86 kg de NDT e 1,07 kg de PB nos 8,3 kg de concentrado que a vaca irá consumir. Isto é, teremos que formular um concentrado com 70,6% de NDT e 12,9% de PB na matéria natural. Vamos arredondar os valores para 71% de NDT e 13% de PB.

Para formular o concentrado com 13% de PB com os ingredientes polpa cítrica e farelo de soja pode-se utilizar o quadrado de Pearson, da seguinte maneira:

O teor de PB do milho moído na MS é 9,4%. Para calcular o teor de PB na matéria natural, basta multiplicarmos 9,4 pelo teor de MS do milho:

9,4 x 0,88 = 8,27% de PB na matéria natural

O mesmo é feito para o farelo de soja:

50 x 0,88 = 44 % de PB na matéria natural

Para facilidade de cálculo vamos arredondar os valores para 8% de PB na matéria natural do milho. Agora se monta o quadrado de Pearson:

Milho: 8% de PB 31
13% de PB
F. soja: 44% de PB 5/36

Na coluna da esquerda colocamos os dois ingredientes que irão compor o concentrado. Na região central do quadrado colocamos o teor de PB almejado e na coluna da direita colocamos a diferença entre os valores calculados de forma cruzada, ou seja: na linha do farelo de soja colocamos o resultado da subtração entre o teor de PB do milho e o teor de PB almejado, ou seja, 8 - 13 = 5. Na linha do milho de soja procedemos da mesma forma, 44 - 13= 31.

Então somamos 31 + 5 = 36. Para calcular a proporção de cada ingrediente, procede-se da seguinte maneira:

Milho: (31 / 36) x 100 = 86,11%
F. Soja: (5 / 36) x 100 = 13,89%

Portanto, na batida de 100 kg de concentrado deverão ser incluídos:
86,11 kg de milho
13,89 kg de farelo de soja

Para incluir 5 kg de núcleo mineral nos 100 kg de ração e manter o teor de 13% de PB na mistura, será necessário fazer o seguinte ajuste:

Polpa cítrica: 80,00 kg
Farelo de soja: 15,00 kg
Núcleo mineral: 5,00 kg

Após todos estes cálculos fica claro que não faz sentido abrir mão da utilização de um programa informatizado de formulação de ração.

6. Formulação de rações utilizando o NRC (2001)

A seguir apresentaremos os passos para a utilização do NRC(2001). O programa encontra-se disponível na internet (site: http//:www.nap.edu). Antes da instalação do programa, é necessário alterar a configuração regional do seu computador para o inglês (USA), pois no sistema americano, vírgula é ponto e vice-versa.

Ao iniciar o programa siga os seguintes passos para formular a ração:

a) clique na janela "inputs"
b) clique "program settings"


Na coluna da esquerda aparecerão os itens Units e Basis:
Sugestão: formule a ração com base na unidade métrica (metric) e em matéria seca (dry matter).

Na coluna do meio, constará o item Cabeçalho (header text) e rodapé (footer text):
Escolha a seu critério como gostaria que saísse o impresso dos relatórios. Sugestão: left( long date); center (simulation fale name); right (page number)

Na coluna da direita tem-se o item "Ration Results":
Os itens ali escolhidos aparecerão na tela quando estiver formulando a ração, para que você possa efetuar os ajustes necessários em proteína, energia, etc.
Sugestão: use a sugestão do programa mantendo clicado o item "use default results based on animal type" na parte inferior do lado direito da tela.

Completado o item Program settings, vamos agora descrever o animal:

c) clique o item "animal description" e preencha as seguintes opções:

Tipo de animal: vaca em lactação (lactating cow).
De baixo para cima preencha os itens: intervalo entre partos, idade ao primeiro parto, ordem da lactação, dias em lactação, condição corporal, dias prenhe, peso vivo e idade em meses.

d) clique em "production":

Digite o peso da vaca na idade adulta;
Escolha a raça do animal;
Clique no quadrinho inferior para computar o peso do bezerro ao nascer com base no peso da vaca na idade adulta determinado;
Digite a produção de leite;
Digite o teor de gordura do leite;
Digite o teor de proteína bruta do leite;

e) Clique em "Management/Environment"

Digite a temperatura média do local no período em questão
Digite se os animais estão pastejando (grazing) ou não
Em caso de pastejo, determine a distância média percorrida da ordenha ao pasto
Digite quantas vezes por dia ela percorre essa distância
Digite se o terreno é plano ou montanhoso

Concluídas todas as etapas do "Inputs" clique a próxima janela:

f) FEEDS

Após clicar a janela FEEDS, vamos escolher os alimentos:

g) clicar em "add feeds to ration":

Ao fazer isto aparecerá na tela a biblioteca de alimentos. Clique os alimentos desejados e então clique o botão "add"

Após a escolha dos alimentos, cheque a composição de cada um deles e faça as alterações necessárias de acordo com a análise bromatológica dos seus ingredientes.

Concluídas todas estas etapas clique na janela RATION para formular a ração.

h) RATION

Coloque as quantidades de cada ingrediente e cheque os resultados na tela a direita. Use seus conhecimentos de nutrição para formular uma boa ração

i) REPORT

Ao clicar esta janela você encontrará os relatórios que podem ser visualizados ou impressos.

7. SIMULAÇÃO

Vamos agora utilizar o NRC (2001) para formular dietas para uma vaca leiteira. Alimente o programa com os seguintes dados:

Animal type: lactating cow
Age: 53 months
Body weight: 540 kg
Days pregnant: 60
Days in milk: 150
Condition score: 3
Calving interval:12
First calving: 24

Mature weight: 540
Breed: Holstein
Milk production: 20
Milk fat: 3.6
Milk crude protein: 3.2

Grazing
Distance: 200 m
One way trips: 4
Flat


Escolha os alimentos:

Bermudagrass hay, tifton-85
Corn grain ground, dry
Soybean meal, 44
Urea
Vitamin premix 1


Corrija os valores do tifton-85 simulando um pasto de alta qualidade:

NDF: 60
CP: 13
Lignin: 3

Ração 1

Digite 12 kg de MS de pasto, 5,1 kg de milho, 0,3 kg de mistura mineral, totalizando 17,4 kg de MS, conforme proposto pelo programa (Predicted DMI). Lembre-se que o programa é em inglês e, portanto deve-se usar ponto ao invés de vírgula, ou seja, 5.1 e não 5,1.

Acompanhe no RATION RESULTS: NEL Allowable milk: 23.3 kg/d

Isto significa que a ração é capaz de suprir Energia Líquida de lactação (Nel) para a produção de 23,3 kg de leite. Há sobra de energia, uma vez que a vaca está produzindo 20 kg. Isto é recomendável uma vez que aos 150 dias de lactação esta vaca deverá estar ganhando condição corporal. Entretanto, o ganho de 0,4kg/d mostrado no SUMARY REPORT, está um pouco acima do ideal, exigindo que se monitore a condição corporal da vaca para evitar vacas obesas na secagem.

Uma unidade de condição corporal corresponde à aproximadamente 80 kg de peso vivo. O objetivo é que a vaca chegue ao momento da secagem, aos 305 dias de lactação (12 meses de intervalo entre partos) com condição corporal 3,5. Portanto, esta vaca deveria ganhar 0,5 (3,5 - 3,0) unidades, ou seja, 40 kg de peso vivo (0,5 x 80) nos 155 dias restantes de sua lactação. Isto significa 40/155 = 0,258 kg/d.

Sendo conservador, uma vez que a qualidade do pasto pode variar ou a vaca pode estar consumindo menos pasto que o previsto por causa de estresse térmico ou outros fatores, seria prudente manter esta sobra de energia (0,4 kg/d), desde que a condição corporal do animal seja monitorada regularmente.

MP Allowable milk: 14.5 kg/d

Observe que há proteína metabolizável suficiente para apenas 14,5 kg de leite/d, quando o objetivo é atingir 20 kg de leite. Recordando, a proteína metabolizável é representada pelos aminoácidos provenientes da digestão intestinal da proteína microbiana, PNDR e proteína endógena. Portanto, o primeiro passo para aumentar a disponibilidade de proteína metabolizável para a vaca é tentar aumentar a síntese microbiana no rúmen.

Observe que na parte inferior do quadro RATION RESULTS está escrito em negrito que há falta de PDR. Olhe no RATION RESULTS que há um balanço negativo de 357g. Isto significa que a síntese microbiana está sendo limitada no por falta de PDR. A forma mais barata de tentar suprir esta deficiência é através da adição de uréia. Uma deficiência do programa é que o NRC (2001) considera PDR como uma entidade única, desconsiderando que na realidade ela é composta por peptídeos, aminoácidos e amônia. Vale lembrar que a adição de uréia adiciona apenas amônia ao fluido ruminal e, portanto, a resposta em produção de leite sugerida pelo programa pode não ser obtida na íntegra na prática.

Na tentativa de suprir a deficiência de PDR adicione 0,15 kg de ureia e retire os correspondentes 0,15 kg de milho, mantendo o consumo total em 17,4kg de MS. Observe que continua sobrando energia (suficiente para 23,1 kg de leite) e que agora há proteína metabolizável para 19,2kg de leite. Este aumento na disponibilidade de proteína metabolizável ocorreu devido a uma maior síntese de proteína microbiana, que pode ser constatada checando o SUMARY REPORT. Houve um aumento na proteína metabolizável proveniente de bactérias (MP-Bacterial =939 g/d contra 751g/d antes da adição de ureia).

Observe também que o balanço de PDR mostra uma sobra de 68 g, valor este adequado.

Apesar do aumento em produção de leite, ainda não foi possível fazer a vaca produzir os desejados 20 kg/d, por falta de proteína metabolizável, que ainda apresenta um balanço negativo de - 51g/d.

Há duas formas de suprir esta proteína metabolizável:

a) A primeira alternativa é suprir mais milho, mais ureia e menos pasto, a fim de aumentar o NDT e a PDR da dieta e estimular uma maior síntese de proteína microbiana. Lembre-se que a produção de proteína microbiana é computada pelo NRC(2001) como: kg de NDTajustado * 0,13

b) A Segunda alternativa é suprir um pouco de farelo de soja, a fim de aumentar o suprimento de PNDR para o intestino. Forneça 4,5 kg de miho, 0,5 kg de farelo de soja, 0,1 kg de ureia, 0,3 kg de mineral e 12 kg de pasto. Observe que continua havendo sobra de energia e que houve aumento na disponibilidade de proteína metabolizável, agora suficiente para produzir 20,5 kg de leite/d.

Após fazer os ajustes em energia e proteína, cheque no SUMARY REPORT se o teor de fibra (NDF e FNDF) está adequado e a relação entre CF e CNF.

Considerações finais

Formulação de ração é um tema importante e deve ser encarado com cuidado, pois um balanceamento incorreto não surtirá os efeitos desejados. Se fornecermos menos nutrientes do que o necessário, a vaca não apresentará o seu potencial genético e perderemos dinheiro. Se fornecermos mais nutrientes do que o necessário, gastaremos mais dinheiro, causaremos desequilíbrio no organismo do animal e causaremos efeitos ambientais indesejáveis com a maior produção de dejetos e lixiviação de nutrientes para o lençol freático.

Para formulações gratuitas, procure o departamento técnico da cooperativa ao qual é cooperado, ou um extensionista da EMPAER ou algum outro órgão de extensão do governo, ou mesmo instituições de pesquisa como universidades, escolas agrotécnicas ou centros de difusão de tecnologia. Para formulações e acompanhamento vip, existem um grande número de consultores autônomos ou empresas de consultoria na área

Fonte: Milk Ponti

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