domingo, 5 de junho de 2011

Tratamento de vaca seca reduz mastite clínica durante lactação subsequente



O uso da terapia da vaca seca no final da lactação é uma das medidas mais importantes e recomendadas para prevenção de novas infecções intramamárias (IMI) durante o período seco. Além do uso da terapia da vaca seca, a ocorrência de mastite durante o período seco está ligada a outros fatores como: nível de produção de leite no momento da secagem, condição dos tetos e nível de contaminação ambiental dos tetos. Além disso, a demora na formação de tampão de queratina no tetos é outro fator de risco para ocorrência de mastite durante esta fase, já que até 50% dos tetos permanecem abertos (sem a formação da queratina) durante o período seco. A formação do tampão de queratina faz parte do processo natural de involução da glândula mamária após a secagem e tem função de proteção contra a invasão bacteriana.

Além da função de prevenção de IMI durante a fase inicial do período seco, a terapia da vaca seca é um componente indispensável para a eliminação de infecções subclínicas existentes na secagem. No entanto, em alguns países existe grande pressão para redução do uso de antibióticos na produção animal, principalmente em vacas sadias, o que levou ao desenvolvimento de medidas preventivas como o selante interno de tetos a base de subnitrato de bismuto. O selante interno deve ser aplicado no momento da secagem e forma uma barreira física na extremidade dos tetos, que impede a entrada de bactérias causadoras de mastite. Este produto é inerte e insolúvel no leite e, portanto, não tem ação antimicrobiana. A retirada do produto pode ser facilmente realizada durante as primeiras ordenhas após o parto e não traz risco para a saúde do bezerro, caso ocorra ingestão pela mamada. Em termos gerais, o uso do selante interno em quartos sadios, apresenta efeito similar ou até melhor do que o tratamento de vaca seca, em termos de prevenção de novos casos de mastite.

Desta forma, em rebanhos que buscam reduzir o emprego de antibióticos ou que não podem utilizá-los (produção orgânica), o uso do selante interno é uma alternativa ao uso da terapia da vaca seca, em termos de prevenção de novas IMI. Para avaliar a eficácia do uso do selante interno e do uso da terapia da vaca seca foi desenvolvido um estudo na Inglaterra, o qual utilizou 240 vacas em dois rebanhos. Os animais foram divididos em 4 grupos e submetidos a um dos seguintes tratamentos durante a secagem: a) terapia da vaca seca (framicetina + penetamato + penicilina), b) tratamento de vaca seca com 600 mg de cloxacilina, c) selante interno e, d) sem tratamento algum. Foram coletadas amostras de leite para CCS e cultura microbiológica antes da secagem, após o parto, aos 40 e 100 dias de lactação. 

Os resultados do estudo indicaram que a ocorrência de novas IMI no momento do parto e o número de casos clínicos durante a lactação foram reduzidos nas vacas com o uso do selante interno em comparação com as que não tiveram sem nenhum tipo de tratamento. Por outro lado, o número de casos clínicos em vacas tratadas com selante foi semelhante ao observados nas vacas com ambos os tratamentos de vaca seca (framicetina e cloxacilina), conforme tabela 1.

Tabela 1 - Frequência de mastite clínica durante quatro estágios de lactação em função do tipo de tratamento de vaca seca utilizado na secagem.




Uma importante contribuição deste estudo foi a presença de um grupo controle nos qual as vacas não receberam nenhum tipo de tratamento. Isso somente foi possível com o uso de rebanho de produção orgânica do leite, pois dentro dos atuais sistemas convencionais de produção todas as vacas são tratadas na secagem. Isso permitiu verificar que o uso do selante de forma isolada apresenta resultados semelhantes ao dos dois tratamentos de vaca seca utilizados em relação à prevenção de casos de mastite clínica. No entanto, com o uso do selante isoladamente perde-se a oportunidade de eliminar as infecções subclínicas existentes no momento da secagem, o que para a maioria dos rebanhos é o único momento economicamente viável para eliminar as IMI subclínicas. Desta forma, o uso do selante de tetos deve ser feito em associação com a terapia de vaca seca, visando obter alta proteção contra novas IMI durante o período seco e eliminar as IMI existentes no momento da secagem.

Fonte: Bhuto et al., Research in Veterinary Science, v.90, p.316-320, 201

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