Banco de colostro: uma importante ferramenta para a saúde das bezerras
Um dos grandes entraves enfrentados na bovinocultura de leite é a sanidade do rebanho, considerando especialmente os animais mais jovens, as bezerras recém-nascidas. Estes animais são imunologicamente deprimidos quando comparados aos animais adultos, e ainda, contam com uma ampla gama de agentes microbianos, aos quais não apresentam resistência alguma, e, para agravar o quadro, normalmente são separadas das mães ao nascimento.
Assim, muitas vezes os animais adoecem e morrem. A mortalidade nas primeiras horas de vida chega a 5-10% e essa porcentagem pode ser reduzida com o oferecimento adequado de colostro, primeiro leite produzido pela vaca após o parto. O colostro é um leite rico em imunoglobulinas, constituindo a primeira imunidade neonatal, uma vez que a barreira placentária bovina não permite a transferência de anticorpos da mãe para o feto durante a gestação.
A imunidade gerada pela ingestão do colostro garante proteção ao animal até que ele próprio produza suas células de defesa, quando seu organismo estiver maduro imunologicamente, o que deve acontecer após 4 a 6 semanas de vida. O colostro, porém, não é importante apenas para o fornecimento de anticorpos, mas também de nutrientes, hormônios e fatores de crescimento.
Para que estes anticorpos do colostro possam ser absorvidos, há necessidade de que o mesmo seja oferecido nas primeiras horas de vida. Neste período, ainda não há atividade gástrica, permitindo que os anticorpos não sejam digeridos antes de alcançar o intestino delgado, onde serão absorvidos de maneira intacta. Da mesma forma, em até seis horas após o parto, o intestino tem capacidade máxima de absorção de anticorpos, pois são substâncias de alto peso molecular, necessitando da absorção diferenciada que ocorre pelas microvilosidades intestinais neste momento, sendo que este poder de absorção vai decrescendo até tornar-se nulo em 24 horas, quando o fornecimento de colostro torna-se completamente ineficaz para a proteção do animal.
Como alguns bezerros podem ter dificuldade para se levantar e, por isso, demorar a ter acesso ao colostro materno, e também para conseguir mensurar a quantidade de colostro ingerida pelo bezerro, recomenda-se sempre ofertar diretamente o colostro ao bezerro, garantindo assim o máximo aproveitamento do mesmo. Caso o animal não consiga fazer a ingestão do produto, deve-se optar pela passagem de sonda esofágica para administrar o colostro, sempre com cuidado e sob orientação veterinária.
O volume de colostro a ser ofertado varia de acordo com a sua qualidade, pois a quantidade de anticorpos existentes no leite apresenta diferenças entre as raças bovinas, idade da vaca e oferta nutricional. Vacas mais velhas produzem colostro de melhor qualidade, assim como vacas que consumam alimentos de boa qualidade nutricional.
Espera-se que no mínimo 2 litros de colostro sejam ingeridos nas primeiras 6 horas, sendo que alguns autores recomendam 4 litros de colostro logo após o nascimento e completar até o volume equivalente a 10-15% do peso do bezerro nas primeiras 24 horas, de preferência ofertando o colostro com intervalos de 4 horas.
Existem situações especiais nas quais o fornecimento de colostro deve ser realizado com o auxílio humano. Há vacas que não conseguem produzir colostro, principalmente devido à baixa oferta nutricional em determinadas épocas do ano, além de casos de morte das mesmas ao parto; ainda, vacas doentes que podem transmitir patógenos ao bezerro através do colostro.
Deve-se considerar também aqueles casos em que a vaca iniciou a produção de colostro muito tempo antes do parto, o que não é tão comum, mas que pode acontecer. Caso isso tenha ocorrido, possivelmente no momento do parto o colostro possui uma pequena quantidade de anticorpos, tendo qualidade imunológica baixa. A fim de garantir, portanto, um bom colostro para os bezerros, é aconselhável manter na propriedade um banco de colostro.
O ideal é que toda vaca sadia recém parida seja ordenhada e o seu colostro seja avaliado com um colostrômetro, equipamento que mede a qualidade do colostro relacionando-o com a quantidade de anticorpos presentes, os quais apresentam peso molecular evidenciado por densidade superior no colostro. As densidades, então, são demonstradas em intervalos de colorações diferentes, sendo a menor densidade vermelha, intermediária amarela e a superior verde.
O colostro que se apresente vermelho ao teste tem qualidade ruim (até 20mg/ml de IgG), amarelo é para uma qualidade intermediária (21 a 50mg/ml de IgG) e verde é um colostro de alta qualidade (maior que 51mg/ml de IgG). O lactodensímetro também pode ser utilizado para medir a densidade do leite. Neste caso, um colostro com densidade acima de 1,056 seria considerado ideal para a quantidade de imunoglobulinas.
Fonte: Silper e Coelho, 2008
Se o colostro for de qualidade intermediária ou alta, recomenda-se o armazenamento do mesmo, sempre com atenção especial à limpeza dos recipientes. O ideal é armazenar apenas o colostro do primeiro dia após o parto, o qual possui qualidade superior de anticorpos quando comparado aos demais dias. Não se pode misturar colostro de diferentes vacas. A manutenção do colostro pode ser realizada na geladeira (4ºC) por até 7 dias ou congelado no freezer à temperatura de -15ºC ou -20ºC por até 1 ano. Pode-se congelar porções individuais de 1 ou 2 litros devidamente identificados com a data de congelamento, evitando assim o desperdício.
Uma das etapas mais importantes do fornecimento de colostro congelado é a preparação do mesmo para administrar ao animal, pois nesse momento pode haver a completa destruição das propriedades imunológicas. O descongelamento do colostro deve iniciar sempre do frasco mais antigo ainda dentro da validade e deve ser feito em banho-maria com água a 45-50ºC, não devendo ultrapassar esta temperatura de 50ºC para evitar perda dos anticorpos por desnaturação térmica.
O fornecimento ao bezerro pode ser realizado por mamadeira ou sondas esofágicas. Deve-se ressaltar que o colostro deve ser fornecido integral, sem diluições, para garantir uma transferência de imunidade adequada. A diluição do produto só pode ser realizada quando houver um excedente de colostro produzido, e este excesso aproveitado para a alimentação artificial de bezerras de idade maior.
Uma bezerra que não tenha recebido uma colostragem correta, e no tempo certo, tem poucas chances de sobreviver frente a diversos microorganismos presentes no ambiente. Assim, as pneumonias, diarréias e infecções de umbigo, que costumam acometer os bezerros, são potencialmente mais letais para estes animais imunologicamente comprometidos. Para eles, não adianta fornecer o colostro tardiamente, restando apenas a reposição das células de defesa pela transfusão de sangue de outro animal.
No entanto, o procedimento tem um custo mais elevado, e necessita de mão de obra capacitada para a coleta de sangue e posterior administração ao animal, sendo realizada sob orientação de um médico veterinário. Desta forma, a manutenção de um banco de colostro na propriedade, com o devido treinamento dos funcionários para administração do produto no tempo de seis horas após o parto, é a alternativa mais barata e de fácil execução para garantir a saúde de bezerras, futuras repositoras do plantel leiteiro.
Fonte:Milk Point
Assim, muitas vezes os animais adoecem e morrem. A mortalidade nas primeiras horas de vida chega a 5-10% e essa porcentagem pode ser reduzida com o oferecimento adequado de colostro, primeiro leite produzido pela vaca após o parto. O colostro é um leite rico em imunoglobulinas, constituindo a primeira imunidade neonatal, uma vez que a barreira placentária bovina não permite a transferência de anticorpos da mãe para o feto durante a gestação.
A imunidade gerada pela ingestão do colostro garante proteção ao animal até que ele próprio produza suas células de defesa, quando seu organismo estiver maduro imunologicamente, o que deve acontecer após 4 a 6 semanas de vida. O colostro, porém, não é importante apenas para o fornecimento de anticorpos, mas também de nutrientes, hormônios e fatores de crescimento.
Para que estes anticorpos do colostro possam ser absorvidos, há necessidade de que o mesmo seja oferecido nas primeiras horas de vida. Neste período, ainda não há atividade gástrica, permitindo que os anticorpos não sejam digeridos antes de alcançar o intestino delgado, onde serão absorvidos de maneira intacta. Da mesma forma, em até seis horas após o parto, o intestino tem capacidade máxima de absorção de anticorpos, pois são substâncias de alto peso molecular, necessitando da absorção diferenciada que ocorre pelas microvilosidades intestinais neste momento, sendo que este poder de absorção vai decrescendo até tornar-se nulo em 24 horas, quando o fornecimento de colostro torna-se completamente ineficaz para a proteção do animal.
Como alguns bezerros podem ter dificuldade para se levantar e, por isso, demorar a ter acesso ao colostro materno, e também para conseguir mensurar a quantidade de colostro ingerida pelo bezerro, recomenda-se sempre ofertar diretamente o colostro ao bezerro, garantindo assim o máximo aproveitamento do mesmo. Caso o animal não consiga fazer a ingestão do produto, deve-se optar pela passagem de sonda esofágica para administrar o colostro, sempre com cuidado e sob orientação veterinária.
O volume de colostro a ser ofertado varia de acordo com a sua qualidade, pois a quantidade de anticorpos existentes no leite apresenta diferenças entre as raças bovinas, idade da vaca e oferta nutricional. Vacas mais velhas produzem colostro de melhor qualidade, assim como vacas que consumam alimentos de boa qualidade nutricional.
Espera-se que no mínimo 2 litros de colostro sejam ingeridos nas primeiras 6 horas, sendo que alguns autores recomendam 4 litros de colostro logo após o nascimento e completar até o volume equivalente a 10-15% do peso do bezerro nas primeiras 24 horas, de preferência ofertando o colostro com intervalos de 4 horas.
Existem situações especiais nas quais o fornecimento de colostro deve ser realizado com o auxílio humano. Há vacas que não conseguem produzir colostro, principalmente devido à baixa oferta nutricional em determinadas épocas do ano, além de casos de morte das mesmas ao parto; ainda, vacas doentes que podem transmitir patógenos ao bezerro através do colostro.
Deve-se considerar também aqueles casos em que a vaca iniciou a produção de colostro muito tempo antes do parto, o que não é tão comum, mas que pode acontecer. Caso isso tenha ocorrido, possivelmente no momento do parto o colostro possui uma pequena quantidade de anticorpos, tendo qualidade imunológica baixa. A fim de garantir, portanto, um bom colostro para os bezerros, é aconselhável manter na propriedade um banco de colostro.
O ideal é que toda vaca sadia recém parida seja ordenhada e o seu colostro seja avaliado com um colostrômetro, equipamento que mede a qualidade do colostro relacionando-o com a quantidade de anticorpos presentes, os quais apresentam peso molecular evidenciado por densidade superior no colostro. As densidades, então, são demonstradas em intervalos de colorações diferentes, sendo a menor densidade vermelha, intermediária amarela e a superior verde.
O colostro que se apresente vermelho ao teste tem qualidade ruim (até 20mg/ml de IgG), amarelo é para uma qualidade intermediária (21 a 50mg/ml de IgG) e verde é um colostro de alta qualidade (maior que 51mg/ml de IgG). O lactodensímetro também pode ser utilizado para medir a densidade do leite. Neste caso, um colostro com densidade acima de 1,056 seria considerado ideal para a quantidade de imunoglobulinas.
Fonte: Silper e Coelho, 2008
Se o colostro for de qualidade intermediária ou alta, recomenda-se o armazenamento do mesmo, sempre com atenção especial à limpeza dos recipientes. O ideal é armazenar apenas o colostro do primeiro dia após o parto, o qual possui qualidade superior de anticorpos quando comparado aos demais dias. Não se pode misturar colostro de diferentes vacas. A manutenção do colostro pode ser realizada na geladeira (4ºC) por até 7 dias ou congelado no freezer à temperatura de -15ºC ou -20ºC por até 1 ano. Pode-se congelar porções individuais de 1 ou 2 litros devidamente identificados com a data de congelamento, evitando assim o desperdício.
Uma das etapas mais importantes do fornecimento de colostro congelado é a preparação do mesmo para administrar ao animal, pois nesse momento pode haver a completa destruição das propriedades imunológicas. O descongelamento do colostro deve iniciar sempre do frasco mais antigo ainda dentro da validade e deve ser feito em banho-maria com água a 45-50ºC, não devendo ultrapassar esta temperatura de 50ºC para evitar perda dos anticorpos por desnaturação térmica.
O fornecimento ao bezerro pode ser realizado por mamadeira ou sondas esofágicas. Deve-se ressaltar que o colostro deve ser fornecido integral, sem diluições, para garantir uma transferência de imunidade adequada. A diluição do produto só pode ser realizada quando houver um excedente de colostro produzido, e este excesso aproveitado para a alimentação artificial de bezerras de idade maior.
Uma bezerra que não tenha recebido uma colostragem correta, e no tempo certo, tem poucas chances de sobreviver frente a diversos microorganismos presentes no ambiente. Assim, as pneumonias, diarréias e infecções de umbigo, que costumam acometer os bezerros, são potencialmente mais letais para estes animais imunologicamente comprometidos. Para eles, não adianta fornecer o colostro tardiamente, restando apenas a reposição das células de defesa pela transfusão de sangue de outro animal.
No entanto, o procedimento tem um custo mais elevado, e necessita de mão de obra capacitada para a coleta de sangue e posterior administração ao animal, sendo realizada sob orientação de um médico veterinário. Desta forma, a manutenção de um banco de colostro na propriedade, com o devido treinamento dos funcionários para administração do produto no tempo de seis horas após o parto, é a alternativa mais barata e de fácil execução para garantir a saúde de bezerras, futuras repositoras do plantel leiteiro.
Fonte:Milk Point
Nenhum comentário:
Postar um comentário