sábado, 25 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
Técnicos agrícolas denunciam que não podem emitir receituários
Crea afirma que é preciso assinatura de um engenheiro agrônomo.
Profissionais da categoria têm sido demitidos.
Do Globo Rural
O técnico agrícola Amauri Barreto inspecionou a plantação e, entre algumas orientações de manejo, recomendou o uso de um agrotóxico. “Vou passar o receituário para ela, mas não posso assinar, é aí que está o problema, fica difícil da gente trabalhar dessa forma”, declara.
No Ceará, os técnicos agrícolas se encontram proibidos de emitir o receituário agronômico por conta de uma decisão do Crea, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que nega essa atribuição, assim que se entra com o pedido de registro profissional.
Na prática o que está acontecendo no Ceará é que os técnicos agrícolas vão até o campo, fazem o diagnóstico das plantações e repassam para os produtores. Depois eles precisam entrar em contato com um engenheiro agrônomo para emitir o receituário e muitas vezes, eles nem se quer vão ao campo.
Para não gastar com um profissional que não pode assinar o receituário, o produtor de flores Paulo Stéfano demitiu o técnico agrícola que prestava serviços na fazenda e contratou a consultoria de uma empresa de São Paulo, a mais de três mil quilômetros de distância da sua propriedade.
“Essa assessoria se torna mais difícil, já que eles não estão vendo o estado da planta. Nem tudo a gente consegue passar para eles, enquanto o técnico tinha um convívio com a planta no dia-a-dia, ele sabia o que era e o que poderia aplicar”, explica o produtor.
Enivaldo Neves era o técnico agrícola da fazenda de flores, depois de cinco anos de trabalho foi demitido. “Agora eu estou esperando o que vai acontecer com a nossa categoria”, declara.
A proibição atinge os dois mil técnicos agrícolas do estado. A justificativa, segundo o Crea do Ceará, é que as escolas não oferecem qualificação suficiente para esses profissionais no que se refere à emissão de receituário. “A grade curricular de um técnico agrícola gira em torno de 1.500 horas de formação. A de um engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal, que são aptos a emitir a receita agronômica, é cerca de três vezes maior, de quatro a cinco mil horas aula”, ressalta José Maria Freire, engenheiro agrônomo - Crea-CE.
Para garantir o direito à sua categoria de dar receita agronômica, a Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas, Fenata, tem orientado as associações estaduais a entrar com mandado de segurança na Justiça, com base no decreto 4560, de 2002, que regulamenta o trabalho desses profissionais. O parágrafo 19 do artigo VI diz que dentre as atribuições do técnico agrícola está a responsabilidade pela emissão de receitas de produtos agrotóxicos.
“Parece incrível, depois de quase 30 anos de profissão regulamentada, nós somos obrigados a ingressar em juízo contra os Creas para garantir o direito de exercer a nossa profissão”, afirma Mário Limberger, presidente da FENATA.
É isso que está fazendo a advogada Mayara de Andrade, que representa a Associação dos Técnicos Agrícolas do Ceará. Ela está dando entrada em um mandado de segurança na Justiça para derrubar a proibição.
“Na verdade a lei não fala sobre a questão da grade curricular. Então, não caberia ao Crea, que é um órgão fiscalizador, fazer esse tipo de limitação aos profissionais”, diz a advogada.
Em sete estados, Rio Grande so Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, a Justiça deu ganho de causa em favor dos técnicos agrícolas. No Espírito Santo, a briga durou 13 anos, até que em 2007, a Justiça autorizasse a emissão de receituário por profissionais de nível médio.
“Essa ação foi um referencial. A partir da prescrição do receituário, outras atribuições que estavam em torno dessa atividade foram aceitas. O Crea parou de perseguir o técnico agrícola”, afirma Antonio Carlos Balbino, presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Espírito Santo.
Foi só com essa decisão que José Ramiro, técnico agrícola há 20 anos na região serrana do estado, foi perdoado das 43 multas que recebeu em 2005 por ter emitido receituário agronômico. “Isso me causou muito estresse. Eu precisei viajar várias vezes à Vitória para resolver isso. Desgaste físico, mental e financeiro. Foi muito ruim na época”, conta José Legório Ramiro, técnico agrícola.
Hoje, a situação está bem diferente, tanto que o próprio Crea do Espírito Santo se mostra satisfeito com a nova realidade. “Mais de 90% das propriedades são consideradas pequenas, onde se pratica a agricultura familiar. Portanto há necessidade de mão-de-obra especializada para orientar esses pequenos produtores. Os técnicos agrícolas são parceiros do Crea do Espírito Santo, fazem parte da minha diretoria, fazem parte do nosso plenário e nós queremos cada vez mais valorizar essa categoria tão importante”, declara Luiz Fiorotti, presidente do Crea - ES.
Segundo a Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas, os próximos mandados de segurança devem ser solicitados em Pernambuco e na Bahia.
sábado, 18 de junho de 2011
DESCORNA EM BOVINOS
Por: ORLANDO MENDES GASPAR
A descorna é uma prática utilizada com a finalidade de facilitar o maneio, especialmente quando se trata de criações voltadas para a produção de leite para eliminar ou diminuir o risco de agressão a pessoas ou outros animais, ou em animais destinados a estabulados em regime de semi-estabulação. Pode também ter objectivos puramente estéticos, como ocorre, por exemplo, quando os bovinos são destinados a exposições ou leilões. A total eliminação dos cornos é feita por razões meramente estéticas. Quando ela não é bem feita, é provável que o animal desenvolva um chifre reduzido e rudimentar.
Para evitar problemas futuros e diminuir as hipóteses de erros na hora de fazer a descorna, a decisão mais acertada é optar por fazê-la quando o bezerro tem idades compreendidas entre 2 dias e 2,5 meses. Um aspecto importante é queimar bem o botão do corno, incluindo suas bordas, e quando necessário cortar os pêlos localizados na área periférica de cada corno, para melhor visualizar a sua base.
VANTAGENS
1. Ocupam menos espaço no estábulo, currais e veículos.
2. Evitam-se lesões corporais.
3. Ficam menos agressivos e há menos perigo para os tratadores.
CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS
1. Altura ideal para a descorna do bezerro – 2 dias a 2,5 meses de idade
2. Não descornar animais doentes ou debilitados
3. Evitar períodos de chuva
4. Repetir o curativo diariamente até completa cicatrização.
5. Se o corno estiver grande e houver perigo de ficar o buraco aberto não fazer a descorna.
Para a descorna em animais jovens existem dois métodos: o método químico e o método térmico.
Método químico
Os produtos mais utilizados são à base de tricloreto de antimónio, hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio, podendo apresentar-se de forma líquida ou pastosa.
Exemplo de produto químico
Apresenta algumas desvantagens tais como
1- utilização limitada em vitelos criados em grupo ou junto das mães;
2- Risco de lesar a pele e mucosas de outros animais ou o úbere da vaca;
3- Quando utilizado em excesso pode provocar queimaduras na cabeça do vitelo;
4- Risco para o próprio operador.
Método térmico
Consiste na utilização de um termocautério, deve ser feita entre as 3 e as 10 semanas de idade, logo que o botão do corno seja perceptível, mas não muito saliente. Uma intervenção sobre um corno demasiado desenvolvido, corre o risco de não ser bem sucedida permitindo o crescimento de cornos disformes. Se correctamente utilizada demora cerca de 4 minutos por vitelos e não existem perdas de sangue.
Exemplo de um descornador.
Descorna em animais adultos
É considerada descrona em animais adultos quando é realiza da em animais com mais de 18-20 meses de idade. Seja qual for o método utilizado é vantajoso a aplicação de um anestésico local, injectável na fossa temporal.
Posição correcta para infiltração da pálpebra superior (A), bloqueio do nervo auriculopalpebral (B), bloqueio na emergência do forámen infraorbitário (C), bloqueio do ramo cornual do nervo zigomatico-temporal (D) e fotografia. A anestesia para descorna é feita pela dessensibilização do nervo cornual que é um ramo da porção zigomaticotemporal (lacrimal) da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (quinto par craniano). O local para injecção é o terço superior do sulco temporal aproximadamente 2,5 cm abaixo da base do corno (Figura 1). Uma segunda aplicação um centímetro caudal à primeira, pode ser feita nos animais adultos com cornos desenvolvidos, na intenção de bloquear o ramo cutâneo do segundo nervo cervical. O bloqueio circular da base do corno é uma alternativa que pode substituir a técnica anterior em animais com cornos pouco desenvolvidos. |
Este tipo de descorna provoca uma hemorragia que poderá ser mais ou menos intensa.
A descorna pode ser efectuada utilizando:
Cabo descornador
Serra eléctrica ou manual
Descornador hidráulico ou manua
domingo, 12 de junho de 2011
PAZ NO CAMPO,QUANDO A TEREMOS??????
Líderes quilombolas fazem greve de fome por regularização de terras
No Maranhão, líderes de comunidades pedem mais segurança.
Eles querem ser incluídos em programa de proteção federal.
Do Globo Rural
Líderes de comunidades quilombolas, ameaçados de morte, começaram uma greve de fome na porta do Incra, no Maranhão. Eles querem a demarcação das terras e mais segurança.
Em protesto, os quilombolas exibiram cruzes e velas acesas para denunciar a violência no campo. Eles cobram do governo agilidade na regularização de 240 territórios no Maranhão, reconhecidos como terras de quilombo, mas que ainda não foram demarcados.
Dona Maria José Silva integra uma lista de 27 camponeses jurados de morte no Maranhão, segundo a Comissão Pastoral da Terra. "Depois que eles nos derem a titulação da nossa terra, acredito que a gente vai viver um pouco em paz”, disse.
Para forçar uma negociação com o governo federal, 17 quilombolas decidiram parar de comer. Todos dizem que estão na mira de pistoleiros.
Os quilombolas em greve de fome querem ser incluídos em programa de proteção federal dado aos defensores de direitos humanos. Eles dizem que só retornam aos quilombos escoltados com a Força de Segurança Nacional.
Ednardo Padilha diz que está disposto a resistir – sem comer – até obter uma resposta do governo.
“Devem sair daqui de 40 a 50 caixões. Nós vamos ficar aqui até a morte, sem comer nada, porque sabemos que a hora que chegar lá na comunidade, a gente vai morrer”.
No Maranhão, líderes de comunidades pedem mais segurança.
Eles querem ser incluídos em programa de proteção federal.
Do Globo Rural
Líderes de comunidades quilombolas, ameaçados de morte, começaram uma greve de fome na porta do Incra, no Maranhão. Eles querem a demarcação das terras e mais segurança.
Em protesto, os quilombolas exibiram cruzes e velas acesas para denunciar a violência no campo. Eles cobram do governo agilidade na regularização de 240 territórios no Maranhão, reconhecidos como terras de quilombo, mas que ainda não foram demarcados.
Dona Maria José Silva integra uma lista de 27 camponeses jurados de morte no Maranhão, segundo a Comissão Pastoral da Terra. "Depois que eles nos derem a titulação da nossa terra, acredito que a gente vai viver um pouco em paz”, disse.
Para forçar uma negociação com o governo federal, 17 quilombolas decidiram parar de comer. Todos dizem que estão na mira de pistoleiros.
Os quilombolas em greve de fome querem ser incluídos em programa de proteção federal dado aos defensores de direitos humanos. Eles dizem que só retornam aos quilombos escoltados com a Força de Segurança Nacional.
Ednardo Padilha diz que está disposto a resistir – sem comer – até obter uma resposta do governo.
“Devem sair daqui de 40 a 50 caixões. Nós vamos ficar aqui até a morte, sem comer nada, porque sabemos que a hora que chegar lá na comunidade, a gente vai morrer”.
CÓDIGO FLORESTAL!!!
Prazo para registro de reserva legal em cartório é prorrogado
O limite terminaria neste sábado (11), mas foi adiado para dezembro.
Até lá, Congresso deve concluir discussões e aprovar Código Florestal.
Do Globo Rural
Produtores rurais que ainda não fizeram a averbação da reserva legal da propriedade tinham até sábado (11) para regularizar a situação, mas o governo decidiu esticar o prazo. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (9) prorroga por 180 dias o prazo para que produtores rurais façam o registro da reserva legal da propriedade em cartório sem que sejam notificados ou multados pelos órgãos ambientais durante esse período.
O prazo terminaria neste sábado (11) e agora foi adiado para dezembro. O governo espera que, até lá, o Congresso Nacional conclua as discussões e aprove o texto do novo Código Florestal.
O presidente da Comissão do Meio Ambiente, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que o prazo é suficiente para concluir a votação. “O tempo ideal é o tempo do entendimento. E o tempo do entendimento, na minha convicção, será muito menor do que seis meses”, afirmou Rollemberg.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que espera que, no Senado, o governo consiga alterar algumas propostas do texto. “O importante é que a gente não comprometa a APP (Área de Preservação Permanente). É importante que a gente não tenha um texto que leve insegurança jurídica, ou seja, que não tenha contradições. É importante que a gente tenha um texto que não induza a novos desmatamentos, que mantenha a figura da reserva legal, que a gente possa ter clareza nos objetivos de regularização ambiental. E eu estou confiante que nós vamos ser bem-sucedidos nesse diálogo com o Senado”, explicou
O limite terminaria neste sábado (11), mas foi adiado para dezembro.
Até lá, Congresso deve concluir discussões e aprovar Código Florestal.
Do Globo Rural
Produtores rurais que ainda não fizeram a averbação da reserva legal da propriedade tinham até sábado (11) para regularizar a situação, mas o governo decidiu esticar o prazo. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (9) prorroga por 180 dias o prazo para que produtores rurais façam o registro da reserva legal da propriedade em cartório sem que sejam notificados ou multados pelos órgãos ambientais durante esse período.
O prazo terminaria neste sábado (11) e agora foi adiado para dezembro. O governo espera que, até lá, o Congresso Nacional conclua as discussões e aprove o texto do novo Código Florestal.
O presidente da Comissão do Meio Ambiente, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que o prazo é suficiente para concluir a votação. “O tempo ideal é o tempo do entendimento. E o tempo do entendimento, na minha convicção, será muito menor do que seis meses”, afirmou Rollemberg.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que espera que, no Senado, o governo consiga alterar algumas propostas do texto. “O importante é que a gente não comprometa a APP (Área de Preservação Permanente). É importante que a gente não tenha um texto que leve insegurança jurídica, ou seja, que não tenha contradições. É importante que a gente tenha um texto que não induza a novos desmatamentos, que mantenha a figura da reserva legal, que a gente possa ter clareza nos objetivos de regularização ambiental. E eu estou confiante que nós vamos ser bem-sucedidos nesse diálogo com o Senado”, explicou
domingo, 5 de junho de 2011
Conheça os métodos e sistemas de irrigação
Irrigação é uma técnica utilizada na agricultura que tem por objetivo o fornecimento controlado de água para as plantas em quantidade suficiente e no momento certo, assegurando a produtividade e a sobrevivência da plantação. Complementa a precipitação natural, e em certos casos, enriquece o solo com a deposição de elementos fertilizantes.
Método de irrigação é a forma pela qual a água pode ser aplicada às culturas. Os principais métodos são os seguintes:
"Escorrimento" - a partir de regos ou canais, onde a água desliza, sendo o seu excesso recolhido por uma vala coletora;
"Submersão" - utilizado em terrenos planos;
"Infiltração" - Utilizando sulcos abertos entre as fileiras de plantas;
"Aspersão" - A água cai no terreno de forma semelhante à chuva.
Método de irrigação é a forma pela qual a água pode ser aplicada às culturas. Os principais métodos são os seguintes:
"Escorrimento" - a partir de regos ou canais, onde a água desliza, sendo o seu excesso recolhido por uma vala coletora;
"Submersão" - utilizado em terrenos planos;
"Infiltração" - Utilizando sulcos abertos entre as fileiras de plantas;
"Aspersão" - A água cai no terreno de forma semelhante à chuva.
Cada método tem um ou mais sistemas associados, pelo que a escolha do mais adequado depende de diversos fatores, tais como a topografia (declividade do terreno), o tipo de solo (taxa de infiltração), a cultura (sensibilidade da cultura ao molhamento) e o clima (frequência e quantidade de precipitações, temperatura e efeitos do vento). Além disso, a vazão e o volume total de água disponível durante o ciclo da cultura devem ser analisados.
A eficiência de um sistema de irrigação refere-se à percentagem de água de fato absorvida pela planta.
Sistemas de irrigação
Gotejamento
Nesse sistema, a água é levada sob pressão por tubos, até ser aplicada ao solo através de emissores diretamente sobre a zona da raiz da planta, em alta frequência e baixa intensidade. Possui uma eficiência na ordem de 90%. Tem no entanto um elevado custo de implantação. É utilizado majoritariamente em culturas perenes e em fruticultura, embora também seja usado por produtores de hortaliças e flores, em especial pela reduzida necessidade de água, comparado aos demais sistemas de irrigação. Pode ser instalado à superfície ou enterrado, embora esta decisão deva ser tomada analisando-se criteriosamente a cultura a ser irrigada.
Aspersão convencional
Nos métodos de aspersão, são lançados jatos de água ao ar que caem sobre a cultura na forma de chuva. Existem sistemas inteiramente móveis, com a mudança de todos os seus componentes até os totalmente automatizados (fixos). No método convencional, a linha principal é fixa e as laterais são móveis. Requer menor investimento de capital, mas exige mão-de-obra intensa, devido às mudanças da tubulação (tubagem em Portugal). Uma alternativa extremamente interessante que tem sido utilizada pelos agricultores irrigantes é uma modificação na aspersão convencional, a chamada aspersão em malha, onde as linhas principais, de derivação e laterais ficam fixas, sendo móveis somente os aspersores. Esse tipo de sistema tem sido bastante utilizado no Brasil principalmente para a irrigação de pastagem, cana-de-açúcar e café.
Microaspersão
A microaspersão possui uma eficiência maior que a aspersão convencional (90%), sendo muito utilizada para a irrigação de culturas perenes. Também é considerada irrigação localizada, porém, a vazão dos emissores (chamados microaspersores) é maior que a dos gotejadores.
Pivô central
O sistema consiste basicamente de uma tubulação (ou tubagem) metálica onde são instalados os aspersores. A tubulação que recebe a água de um dispositivo central sob pressão, chamado de ponto do pivô, se apóia em torres metálicas triangulares, montadas sobre rodas, geralmente com pneu. As torres movem-se continuamente acionadas por dispositivos elétricos ou hidráulicos, descrevendo movimentos concêntricos ao redor do ponto do pivô. O movimento da última torre inicia uma reação de avanço em cadeia de forma progressiva para o centro. Em geral, os pivôs são instalados para irrigar áreas de 50 a 130 ha, sendo o custo por área mais baixo à medida em que o equipamento aumenta de tamanho. Para otimizar o uso do equipamento, é conveniente além da aplicação de água, aproveitar a estrutura hidráulica para a aplicação de fertilizantes, inseticidas e fungicidas.
Canhão hidráulico
Em geral, o aspersor de grande porte (denominado canhão) é manobrado manualmente. Por aplicar água a grandes distâncias, a eficiência do canhão é prejudicada pelo vento, sendo a sua indicação vetada para regiões com alta incidência de ventos. É geralmente utilizado em lavouras de cana-de-açúcar, para irrigação e distribuição de dejetos (vinhaça).
Sulco
Usa o método de irrigação por superfície. A distribuição da água se dá por gravidade através da superfície do solo. Tem menor custo fixo e operacional, e consome menos energia que os métodos por aspersão. É o método ideal para cultivos em fileiras. Deve ser feito em áreas planas. Exige investimento a mão-de-obra. Possui baixa eficiência, em torno de 30 a 40% no máximo. Atualmente, devido a escassez de água no mundo e problemas ambientais, inclusive para a irrigação, esse método tem recebido várias críticas devido a baixa eficiência conseguida.
Subirrigação
O lençol freático é mantido a certa profundidade, capaz de permitir um fluxo de água adequado à zona radicular da planta. É comumente associado a um sistema de drenagem subsuperficial. Em condições satisfatórias, pode ser o método de menor custo.
Hidroponia
A Hidroponia é um sistema em que as plantas são irrigadas e também alimentadas através de uma rotação de um fluxo de uma lâmina de água, impulsionado por uma bomba de água ligada a um sistema de tubos ou canaletas devidamente dimensionadas e programadas por um temporizador, fazendo com que as plantas não necessitem de terra para sua sobrevivência. Diversas fontes entendem que a hidroponia não pode ser considerada como um sistema de irrigação, mas sim uma técnica de cultivo, sendo que, é possível cultivar em hidroponia utilizando um sistema de irrigação por micro-aspersão ou por gota a gota.
MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM
Introdução
À exemplo do que acontece no Brasil, a produção de leite e de carne no sudoeste da Bahia é feita predominantemente à pasto. Além de ser a fonte de alimentação mais econômica, esse sistema de produção tem credenciado o país na exportação de carne e seus derivados, gerando expectativas para que o volume exportado em 2005 atinja oito bilhões de dólares, com crescimento de 25% em relação ao ano anterior.
Introdução
À exemplo do que acontece no Brasil, a produção de leite e de carne no sudoeste da Bahia é feita predominantemente à pasto. Além de ser a fonte de alimentação mais econômica, esse sistema de produção tem credenciado o país na exportação de carne e seus derivados, gerando expectativas para que o volume exportado em 2005 atinja oito bilhões de dólares, com crescimento de 25% em relação ao ano anterior.
O sudoeste da Bahia apresenta condições edafoclimáticas ideais para produção a pasto. Em adição à tecnologia disponível representada principalmente pela disponibilidade de genótipo de forrageiras e de técnicas de manejo das pastagens, qualidade genética do rebanho e controle sanitário, já conferem à pecuária regional potencial para obtenção de elevados índices de produtividade.
Infelizmente a produtividade média regional ainda é baixa. A produção de leite por vaca embora tenha experimentado melhoras, ainda está entre 800 a 1000 litros/vaca/lactação, correspondendo a 1000 kg de leite/ha/ano. Quanto ao gado de corte a produtividade está entre 5 a 6 @/ha/ano. Esses índices são ainda insignificantes e bem abaixo da potencialidade tecnológica e dos agrossistemas pastoris que compõem a região. Dispõem-se de tecnologias zootécnica e de gerenciamento da produção, suficiente para obtenção de cerca de 6.480 kg de leite/ha/ano, para gado de leite e 20 @ de carcaça/ha/ano para o gado de corte. Em explorações mais intensivas a tecnologia disponível potencializa o alcance de respectivamente 21.500 kg de leite/ha/ano e 35 @ de carcaça/ha/ano. Resta analisar os fatores que limitam, a adoção dessas técnicas por um número maior de produtores de modo a melhorarem sua renda e contribuírem para melhorar os
Escolha da forrageira
A produtividade da pecuária à pasto está diretamente relacionada com o potencial da forrageira, sua adaptabilidade ao ecossistema e principalmente com o manejo adotado. As forrageiras, quanto à sua exigência nutricional e conseqüentemente resposta à adubação podem ser classificadas em três grupos, apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação das forrageiras quanto à exigência nutricional.
Grupos | Forrageiras |
Grupo 1: elevada exigência nutricional | Capins: elefante, tifton, coastcross, tanzânia, mombaça, colonião. Leguminosas:soja perene, leucena. |
Grupo 2: Média exigência nutricional | Capins: braquiarão ou marandu, xaraés, jaraguá, ruziziensis, braquiária-de-brejo, estrela africana. Leguminosas: centrocema, siratro, , tropical, guandu, amendoim forrageiro. |
Grupo 3: Baixa exigência nutricional | Capins: gordura, braquiária comum (B. decumbens), humidicola, B. dictyoneura, andropogon. Leguminosas: stylozanthes (mineirão), desmodium cv. Itabela, calopogônio, cudzu tropical. |
É fundamental que na fazenda sejam atribuídas às áreas mais férteis forrageiras mais exigentes e produtivas. O plantio de forrageiras mais exigentes em solos pobres implica necessariamente na adubação da pastagem para que não haja queda de produtividade seguida da sua degradação. O capim–humidicola estabelecido em solo de tabuleiros costeiros necessitaria pouquíssima adubação fosfatada para produzir satisfatoriamente, já o capim-braquiarão (marandu), nessas mesmas condições, necessitaria de calagem, maior dosagem de fósforo, além nitrogênio e potássio.
Além da exigência nutricional outro fator importante na escolha da forrageira é a sua adaptabilidade às condições de excessiva umidade do solo e capacidade de cobertura do solo. Para áreas sujeitas a alagamento deve-se preferir os capins, braquiaria-de-brejo, capim-bengo, humidicola e estrela africana, ordenados de acordo com o nível de tolerância. Áreas com topografia muito acidentada, devem preferentemente ser deixadas como áreas de reserva permanente. Nas áreas medianamente acidentadas devem ser utilizadas forrageiras estoloníferas/decumbentes como é o caso de alguns capins dos gêneros Brachiaria (decumbens e humidicola) e do Cynodon (coastcross, tifton).
Na história da pecuária brasileira tem sido comum a substituição de forrageiras mais exigentes em fertilidade de solos, portanto mais produtivas, por forrageiras menos exigentes, a medida que se observa a queda da fertilidade do solo. Com isso acontece um verdadeiro retrocesso, com redução de produtividade, sem evitar que com o passar do tempo, ocorra a degradação da pastagem. Nesse caso é preferível não substituir a forrageira, mas sim proceder a reposição dos nutrientes, seguida do manejo adequado da pastagem. O mais grave também acontece, substituir forrageira de baixa exigência nutricional em pastagens degradadas por outra mais exigente sem o correspondente uso de fertilizante e manejo adequado.
Manejo da pastagem
O correto manejo das pastagens é fundamental para garantir a produtividade sustentável do sistema de produção e do agronegócio. Atrelados ao bom manejo estão a conservação dos recursos ambientais, evitando ou minimizando os impactos negativos da erosão, compactação e baixa infiltração de água no solo, de ocorrência comum em áreas mal manejadas e/ou degradadas. O manejo incorreto das pastagens é o principal responsável pela alta proporção de pastagens degradadas observada em todas as regiões do Brasil.
O princípio básico do bom manejo é manter o equilíbrio entre a taxa de lotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira, ou seja, a oferta de forragem (quantidade e qualidade). Para atender esse pré-requisito é necessário compreender a dinâmica dos componentes do ecossistema de pastagem: forrageira (potencial produtivo, taxa de crescimento, adaptabilidade), solo (fertilidade, textura, topografia) clima, animal (comportamento ingestivo, taxa de lotação). A taxa de lotação, o número de cabeças/ha, novilhos/ha, vacas/ha ou UA/ha ( UA= unidade animal = 450 kg de PV), deve variar dentro e entre estações do ano em função da oferta de forragem. Essa oferta depende da taxa de crescimento das forrageiras que por sua vez, varia em função do clima (chuva, temperatura, radiação solar). No sudoeste da Bahia observa-se variação nas taxas de crescimento entre estação e nas diferentes ecoregiões. Na ecoregião de Itapetinga observa-se um período seco bem definido. Na ecoregião do extremo sul observa-se um inverno chuvoso, mas as baixas temperaturas observadas nesse período (junho a agosto), reduzem a taxa de crescimento das forrageiras (Tabela 2) sugerindo redução na taxa de lotação ou suplementação com volumoso nesse período.
Tabela 2 – Taxa de crescimento observada para gramíneas e leguminosas forrageiras no extremo sul da Bahia.
Forrageiras | Mínima precipitação | Máxima precipitação |
Kg/ha/dia | ||
Gramínea(1) | 37,9 | 91,5 |
Leguminosas(2) | 13,3 | 41,7 |
(1) Média de 5 espécies ou cultivares.
(2) Média de 5 espécies ou cultivares.
Fonte: PEREIRA, et al. (1995)
No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemas de pastejo: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejo rotacionado (lotação rotacionada). Os demais são derivações do pastejo rotacionado, tais como pastejo alternado, pastejo diferido, etc. Esses sistemas de pastejo estão representados na Figura 1.
(2) Média de 5 espécies ou cultivares.
Fonte: PEREIRA, et al. (1995)
No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemas de pastejo: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejo rotacionado (lotação rotacionada). Os demais são derivações do pastejo rotacionado, tais como pastejo alternado, pastejo diferido, etc. Esses sistemas de pastejo estão representados na Figura 1.
Forrageiras | Período de descanso (dias) | Altura do pasto (cm) | |
Entrada | Saída | ||
Capim-elefante | 36 | 110 - 120 | 40 – 50 |
Colonião, tanzânia, mombaça | 36 | 70 - 80 | 30 – 40 |
Braquiarão, xaraés | 36 | 40 – 50 | 20 – 25 |
Brachiaria decumbens | 28 | 30 – 40 | 15 – 20 |
Capim humidicola, tifton 85, coastcross, estrela africana | 21 – 28 | 20 – 30 | 10 - 12 |
O período de ocupação (PO), é o tempo que os animais ficam pastejando em cada piquete. A sua duração deve ser compatível com a oferta de forragem acumulada e esta é realmente quem define a taxa de lotação pretendida. Na definição do período de ocupação também deve ser observado o resíduo pós-pastejo, que deve ser adequado para garantir a rebrotação no período de descanso seguinte. Sugestões sobre alturas de resíduos para algumas forrageiras são apresentadas na Tabela 3. O PO nunca deve exceder a 7 dias. O ideal é que fique entre 1 e 3 dias para gado de leite e 3 a 5 dias para gado de corte, dependendo da intensidade e do potencial de produção dos animais. O gado de leite é mais sensível a períodos de ocupação mais longos, pois a medida que passam os dias a produção de leite cai. Assim, para vacas com produção acima de 12 kg de leite/dia, o ideal é adotar PO de 1 dia.
O tamanho do piquete depende do número de animais definido em função da oferta de forragem, do período de ocupação e da área total disponível para o sistema. A área dos piquetes não deve ser necessariamente a mesma. O importante é que a disponibilidade de forragem dentro do piquete, ou seja a área útil. Piquetes com topografia muita acidentada ou com áreas alagadas, pedras, etc. devem ser maiores. Deve-se fazer uma divisão agronômica/zootécnica da pastagem e não uma divisão meramente topográfica. O número de piquetes quando se tem somente um lote por sistema de pastejo é calculado pelo quociente do PD pelo PO, somado a 1. O uso de mais de um lote em um mesmo sistema de pastejo é mais difícil de ajustar, devendo ser evitado.
Deve-se preferir piquetes na forma quadrada ou retangular, com a largura mínima igual a um terço do comprimento. O planejamento do sistema deve ser feito por técnico especializado em manejo de pastagem. Corredores, bebedouros, cochos saleiros ou para suplementação, áreas de descanso, devem ser alocados de modo a reduzir e tornar mais o cômodo possível o percurso dos animais. Em área acidentada, os corredores devem ser projetados cortando o declive, a fim de evitar a erosão e amenizar o esforço dos animais. Isso se torna mais importante ainda em gado leiteiro, onde a posição do estábulo/sala de ordenha deve também ser levada em consideração no planejamento do sistema de partejo. Uma vaca leiteira deixa de produzir cerca de 0,5 litro de leite/dia para cada quilometro percorrido em terreno plano. Em área acidentada essa redução pode triplicar. O arranjo de sistema de partejo com lotação rotacionada mais utilizado é aquele que adota uma área de descanso (do piquete do animal), onde são alocados os bebedouros (ou aproveitamento de corpos de água naturais), cochos saleiros, com livre acesso dos animais a partir do piquete que estão utilizando. De acordo o tamanho dos piquetes e área total do sistema pode haver de uma a várias áreas de descanso.
O nível de produtividade obtido no sistema de partejo está diretamente relacionado com a fertilidade do solo ou com o nível de adubação adotado e com o potencial de resposta da forrageira. Para forragens do grupo 1 (Tabela 1) o nível de fósforo no solo deve ser mantido em no mínimo 10 ppm. Utilizando-se os capins elefante e braquiarão e com adubação de 160 kg/ha de N, 60 kg/ha de K2O e 160 kg/ha de P2O5, em um sistema de partejo com lotação rotacionada (3 x 36 dias), na Essul/Ceplac, Itabela, obteve-se taxas de lotação, ganhos de peso diário e ganho de peso/ha de respectivamente, 4,6 e 4,1 UA/ha, 359 a 456 g/nov/dia e 785 e 756 kg/ha, no período de 385 dias (PEREIRA, et al. 2005). Níveis de N de 200/300 kg possibilitam a obtenção de 1000 kg/ha de PV ou 33@/ha.
No entanto, com bom manejo e com baixos níveis de nutrientes pode-se obter produções bem superiores à média regional. Adubação de 20 kg/ha de P2O5 e 90 kg/ha de N em pastagens de B. humidicola, em solos quatzosos (Faz. Barra dos Manguinhos, Ilhéus, BA) e de tabuleiros costeiros do sul da Bahia (Ceplac/Essul, Itabela) possibilitaram respectivamente a obtenção de 20 kg de leite/ha/dia e de 16 a 24 @/há (PEREIRA et al., 1996). Na consorciação dessa gramínea ou do Brachiaria dictyoneura com amendoim forrageiro cv Belmonte, sem adubação nitrogenada, obteve-se produção semelhante com o uso de novilhos de corte (SANTANA et al., 1998).
Considerações finais
Com a adoção de manejo estratégico das pastagens é possível elevar consideravelmente a sua produtividade e manter a sustentabilidade do sistema de produção. O uso de adubação implica no refinamento maior desse manejo, a fim de aumentar a eficiência do adubo aplicado.
Na condução de qualquer sistema deve ser respeitada a variação na taxa de crescimento da forrageira, adequando a taxa de lotação ao acumulo de forragem promovido por esse crescimento. A definição das varáveis de manejo mencionada deve ter uma certa flexibilidade para ser ajustado de acordo com as peculiaridades de cada forrageira, condições edafoclimáticas da região e intensividade do sistema de produção.
Fonte: ceplac
Avanços na utilização de Nitrogênio Não Protéico (NNP) na nutrição de vacas leiteiras
O uso do nitrogênio não protéico (NNP) na nutrição dos ruminantes data de muitos anos atrás, em 1879 na Alemanha. A ureia é o NNP mais conhecido e começou a ser fabricada industrialmente em 1870, quando BASSAROW promoveu sua síntese a partir do gás carbônico e da amônia. Mas foi no período de 1914 a 1918, devido à escassez de alimentos, ocasionada pela primeira guerra mundial, que a Alemanha intensificou a utilização da ureia como fonte protéica na alimentação de ruminantes. O intuito do aumento na utilização de ureia visava uma produção intensiva e de baixo custo de carne e de leite.
O NNP não é uma proteína. Possui características específicas: é deficiente em todos os minerais, não possui valor energético próprio; é extremamente solúvel e no rúmen, é rapidamente convertida em amônia, que se fornecida em doses elevadas pode ocasionar toxidez.
Isso acontece porque a proteína dietética é amplamente degrada no rúmen, gerando grande quantidade de amônia. Esta é potencialmente incorporada pelos microrganismos, principalmente os que degradam carboidratos estruturais, na forma de proteína microbiana. Porém, em muitas ocasiões a amônia liberada suplanta a capacidade de captura e metabolismo pelos microrganismos.
O nitrogênio amoniacal do rúmen pode ser removido, além da fixação na proteína microbiana, por difusão através da parede do rúmen ou do fluxo de fluido para o trato posterior, porém, esta segunda via é quantitativamente menos importante. A amônia absorvida através da parede ruminal é imediatamente transportada pelo sistema porta para o fígado, onde é intensamente metabolizada, pois sua forma livre é imensamente tóxica para o animal.
O NRC (1985) considera que, a quantidade de nitrogênio reciclado na forma de ureia para o rúmen é função do animal e das condições dietéticas e sugere a equação descrita abaixo para o cálculo da reciclagem total de nitrogênio:
Y = 121,7 - 12,01X + 0,3235X2
Onde: Y = N-ureia reciclado (% do N ingerido); e X = Proteína dietética ingerida.
A reciclagem assume, portanto, grande importância para manutenção dos níveis mínimos de N ruminal, para que se observem ao menos os níveis mínimos de produtividades sob baixos planos nutricionais. Para que haja funcionamento do rúmen sem comprometimento das atividades microbiológicas básicas, há necessidade de ao menos 7% de proteína bruta (≈1% de N) na MS ruminal. Recomenda-se que, para que sejam observados níveis aceitáveis de digestibilidade ruminal da MS seja mantida uma concentração de amônia ruminal igual ou superior a 5 mg/dl.
Níveis de proteína na dieta e sua relação com o balanço energético da vaca
Vacas leiteiras de alta produção no início da lactação não conseguem consumir quantidade de nutrientes suficientes para atender a elevada produção de leite, desta forma estes animais entram em um balanço energético negativo durante um período de aproximadamente 90 dias, quando as vacas perdem peso, isto acontece mais intensamente nos primeiros 21 dias pós-parto.
Num experimento realizado com 45 vacas da raça Holandesa por um período de 120 dias pós-parto, onde os animais foram alimentados com duas dietas: 11,1 e 15,5% de proteína degradável no rúmen; Os animais alimentados com 15,5% de proteína degradável perderam duas vezes mais peso do que aqueles alimentados com 11,1% de PDR, a concentração de uréia aumentou de 17,10 mg/dl para 22,40 mg/dl naqueles animais alimentados com 15,5% PDR.
Os autores afirmaram que o excesso de amônia produzido no rúmen precisa ser transformado no fígado em ureia, e este processo requer um alto custo energético, além de utilizar os intermediários do ciclo de Krebs (α-cetoglutarato), diminuindo o metabolismo energético do animal bem como a gliconeogênese. Desta forma este desajuste no metabolismo intermediário são mecanismos potenciais os quais determinam como dietas com alto teor de proteína degradável no rúmen podem alterar a performance reprodutiva dos animais.
Ureia para vacas em lactação
Com a finalidade de melhorar a utilização da ureia na alimentação dos animais, na década de 70, foi desenvolvido por pesquisadores de "Kansas State University" (EUA), um produto extrudado à base de amido do grão de milho e ureia, com equivalente protéico de 45%, denominado "starea". O mesmo produto obtido pela extrusão de uma fonte de amido com a ureia e enriquecido com enxofre foi desenvolvido na década de 80 na Universidade Federal de Lavras, então Escola Superior de Agricultura de Lavras, e foi batizado com o nome de amireia.
Assim, experimentos avaliaram o desempenho de vacas leiteiras em lactação, alimentadas com dietas contendo diferentes fontes protéicas: farelo de algodão, farelo de soja, amireia e concluíram que a ingestão de matéria seca e proteína, produção de leite corrigida ou não para 4% de gordura, e o teor de gordura no leite, não diferiram entre os tratamentos, sugerindo a possibilidade da utilização de amireia na dieta de vacas leiteiras, sem problemas de desempenho e aceitabilidade das dietas.
Essa é uma constatação importante, pois a composição do leite é um bom retrato do perfil nutricional da vaca. Quando o N ureico no leite, no inglês, "milk urea N (MUN)", alcançam valores acima de 20 mg/dl, problemas patológicos podem ocorrer. Essa também é uma constatação importante, pois existe uma alta correlação (r2 = 0,918) entre o nitrogênio ureico no plasma, "blood plasma urea N" (BUN) e o MUN, podendo o MUN expressar a concentração de N no sangue e no plasma sanguíneo desproteinizado. Os valores de BUN e MUN são influenciados pela hora da refeição e pela concentração de proteína na dieta. É observada menor variação quando as vacas são mantidas confinadas.
Para as análises do BUN as amostras de sangue devem ser colhidas 2 a 4 horas após a refeição da vaca. Para ter valores comparáveis, a amostragem de todas as vacas deve ser feita ao mesmo tempo após a alimentação. Os valores de MUN representam em média 85% dos valores de BUN, variando de 83 a 98%. Dividindo os valores de MUN por 0,85 obtém-se uma estimativa de BUN.
Os valores de MUN podem ser obtidos através das amostras que vão para os laboratórios de controle leiteiro. É necessário que as amostras sejam devidamente acondicionadas para que os níveis de ureia no leite não sejam reduzidos pela atividade microbiana. Eles podem ser diminuídos 50% se as amostras de leite ficarem em temperatura ambiente por 24 horas. A adição de um inibidor da fermentação ou a refrigeração logo após a colheita é necessário para se obter resultados precisos a partir das amostras de leite. Assim, a concentração de MUN pode servir como um guia para a identificação de dietas que possuam excesso ou deficiência de proteína.
O pesquisador Flávio Portela, Professor do Departamento de Zootecnia da ESALQ, com a ajuda do Dr. Huber, professor nos Estados Unidos, resumiram 19 comparações de nove experimentos onde a ureia foi adicionada de 0,4 a 1,8% da matéria seca, substituindo total ou parcialmente o farelo de soja, farinha de peixe e outros subprodutos. A ingestão de matéria seca não foi alterada com a suplementação de ureia na dieta em 14 comparações, aumentou em duas e diminuiu em três. A produção de leite não foi afetada pela utilização da ureia em 17 comparações, mas foi afetada em duas. A percentagem de proteína no leite não foi afetada pela ureia em 14 comparações e aumentou em cinco, o que pode ser explicado pelo aumento na síntese de proteína microbiana ao se fornecer ureia na dieta.
Outros experimentos demonstraram que para vacas primíparas, 1% de ureia na dieta, afetou negativamente a produção de leite, porém aumentou a percentagem de gordura no leite. As dietas continham ainda feno de alfafa e 35 a 42% de sorgo floculados a vapor.
Quando a ureia é adicionada a silagem (30% de matéria seca), grande quantidade da ureia será hidrolisada em amônia durante a fermentação, observando aumentos nos teores de amônia da silagem. Esta hidrólise permite o aparecimento de um agente tamponante durante a fermentação, e que as silagens com ureia contém níveis mais altos de ácidos orgânicos.
Quando usar ureia?
Vários fatores merecem ser mencionados na decisão do uso e do nível de ureia nas dietas das vacas leiteiras:
1) nível de produção do rebanho (kg/lactação):
- inferior a 5.450;
- 5.451 a 6.800;
- 6.801 a 8.180;
- superior a 8.180.
2) preço da proteína.
3) preço recebido por litro de leite.
4) composição da ração de base, isto é o nível de energia que fornece a ração.
5) degradabilidade da proteína dos ingredientes. As silagens pré-secadas de
gramíneas e leguminosas contém proteína mais degradável, em geral.
6) estádio de lactação das vacas. A ureia é melhor utilizada após 100 dias de
lactação.
7) número de distribuição de concentrado por dia. Quanto mais vezes o concentrado é fornecido durante o dia, melhor será a utilização da ureia.
O Conselho de Produção Animal do Quebec adotou um guia para auxiliar o produtor na definição do uso de ureia na alimentação das vacas leiteiras, em função do preço da proteína no mercado. Embora, trata-se de um sistema relativamente complexo, é possível intereelacionar o preço do leite, preço do milho em grão, preço do farelo de soja e o nível de produção do rebanho, para a tomada de decisão quanto ao uso ou não da ureia na alimentação de vacas leiteiras.
No início de lactação, sobretudo para as vacas com produção acima de 6.800 kg/lactação, a ureia não se constitui em ingrediente ideal para ser utilizar na mistura com grãos. Ela é mais bem aproveitada se incorporada à silagem, na proporção de 5 kg de ureia por tonelada de silagem de milho (28 - 35% de MS). Nesta situação todo suplemento protéico sem ureia, como por exemplo, o farelo de soja ou farinha de peixe, deverá ser distribuído em complemento.
Este guia é um guia aproximado para determinar se o preço da proteína é relativamente baixo, moderado e elevado. Para se obter as informações faça os seguintes cálculos:
-primeiramente faça a diferença entre o preço de 0,45 kg de farelo de soja e 0,45 kg de milho em grão, em seguida subtraia este montante do preço de 0,45 kg de leite. Se o resultado for 8 centavos de reais ou mais, o preço da proteína é relativamente baixo.
-se o resultado for entre 3 e 8 centavos o preço da proteína é relativamente moderado. Se o resultado for inferior a 3 centavos o preço da proteína é relativamente elevado.
Exemplos:
-1ª Situação preço da proteína relativamente baixo: quando o produtor estiver recebendo 16 centavos de reais por 0,45 kg de leite, o farelo de soja estiver custando 14 centavos e o milho 9 centavos, os passos são: 1) 14 - 9 = 5; 2) 16 - 5 = 11 centavos.
-2ª Situação preço da proteína relativamente moderado: quando o produtor estiver recebendo 16 centavos de reais por 0,45 kg de leite, o farelo de soja estiver custando 19 centavos e o milho 9 centavos, os passos são: 1) 19-9 = 10; 2) 16 - 10 = 6 centavos.
-3ª Situação preço da proteína relativamente elevado: quando o produtor estiver recebendo 16 centavos de reais por 0,45 kg de leite, o farelo de soja estiver custando 25 centavos e o milho 11 centavos: 1) 25 - 11 = 14; 2) 16 - 14 = 2.
Para os rebanhos de produção de leite inferior a 5.450 kg, tudo indica que o lucro máximo será obtido com a utilização de um concentrado a base de ureia, completado, no início da lactação, com um suplemento protéico sem ureia, como o farelo de soja.
Para os rebanhos com produção entre 5.450 e 6.800 kg, a mesma situação se configura, exceto que é ainda mais importante que se forneça o suplemento protéico sem ureia no início da lactação. O concentrado de base poderá conter ureia.
Para os rebanhos acima de 6.800 kg, tudo indica que a utilização de concentrado sem ureia levará a uma melhor otimização do investimento em proteína, a qual é sempre dispendiosa, e nesse nível de produção a quantidade de concentrado fornecida é, geralmente, elevada.
Conforme os conhecimentos atuais e aqueles dependentes das condições de preço, tudo indica que rebanhos com produção de leite superior a 8.180 kg possam se beneficiar de concentrados com degradabilidade controlada. Independentemente do nível de ureia na dieta de base (por exemplo, silagem de milho), é importante que o suplemento protéico não contenha ureia, pois este suplemento é unicamente destinado às vacas no início de lactação quando a ureia não é bem aproveitada.
Alguns cuidados básicos devem ser tomados quando a ureia está presente na dieta de vacas leiteiras, entre eles poderíamos citar alguns dos mais importantes:
- Os animais devem ser inicialmente adaptados ao consumo da ureia, desta forma a mesma deve ser fornecida em quantidades crescentes na dieta, e se caso os animais permanecerem dois dias sem consumirem ureia em sua dieta, o processo de adaptação deve ser recomeçado e em hipótese alguma usar em quantidades superiores as recomendadas;
- A ureia deve ser misturada de forma homogênea aos alimentos, a fim de obter um ingestão regular, e ser fornecida diariamente, sem interrupções;
- Uma vaca de 550 kg de PV pode consumir até 200 g de ureia por dia sem problemas;
- Não fornecer ureia aos animais dissolvida em água para beber, ou nos "sopões";
- Quando a ureia se constituir a principal fonte protéica, fornecer aos animais uma boa mistura mineral à vontade;
- Quando se usa ureia, é importante administrar o enxofre (S) na proporção de uma parte deste elemento para cada 10 a 15 partes de nitrogênio, para se obter melhores resultados. São indicados como fontes de enxofre, o sulfato de cálcio (17% de S), sulfato de amônio (24% de S), que se constituem em excelentes fontes deste nutriente;
- Os sintomas de intoxicação pela ureia se caracterizam por agitação, falta de coordenação, salivação intensa, tremores musculares, micção e defecção constantes, respiração ofegante e timpanismo;
- Nos casos de intoxicação, utilizar duas garrafas de vinagre por animal como antídoto, logo aos primeiros sintomas. Colocar o bico da garrafa no canto da boca e deixar o líquido descer, não puxar a língua do animal, porque iria para o pulmão e o asfixiaria;
- No caso da utilização em vacas leiteiras de alta produção fazer acompanhamento da concentração de ureia no leite ou no plasma, evitando problemas reprodutivos.
Considerações finais
A utilização de ureia reduz, de forma considerável, o custo das dietas utilizadas na alimentação de vacas leiteiras. Os estudos até hoje realizados mostram que dietas com PB ou PDR pouco acima do recomendável pelo NRC - Gado de Leite, ou de fontes de NNP, não afeta o desempenho reprodutivo em animais de baixa e média produção de leite. Em rebanhos de leite que utilizam forragens tropicais suplementados com ureia ou uma fonte de proteína verdadeira observa-se uma melhora no desempenho reprodutivo. Conclui-se que a ureia pode ser bem aproveitada pela vaca, como são as fontes de proteínas verdadeiras.
Entretanto, ambas necessitam de um correto balanceamento com fontes de carboidratos fermentescíveis, aliado a sincronização de degradação no rúmen entre as fontes de proteínas e de carboidratos, otimizando desta forma, a produção microbiana e evitando a formação de excesso de amônia.
Quanto maior for a degradabilidade da proteína da ração maior será a produção de amônia e possivelmente, maiores serão as perdas urinárias de compostos nitrogenados na forma de ureia.
Valores altos de MUN e BUN no leite e no sangue, respectivamente, indicam aumento das perdas de proteínas. Além disso, vacas com concentrações elevadas de MUN e BUN sofrem maior estresse devido à conversão de amônia em ureia no fígado e à subsequente excreção urinária.
Altos níveis de MUN e BUN também têm impacto ambiental, porque é um indicativo que mais nitrogênio está sendo excretado no esterco e na urina, contribuindo para o aumento de problemas na qualidade da água e do cheiro exalado pelos dejetos.
Os estudos com vacas de leite de alta produção (>8.500 kg/lactação) indicam que a elevação nos níveis circulantes de BUN acima de 19 a 20 mg/dl comprometem a fertilidade e as taxas de concepção.
Maiores estudos são necessários para melhor elucidar o exato mecanismo pelo qual altas concentrações de BUN afetam a fertilidade em vacas de alta produção.
Fonte:
Geraldo Tadeu dos Santos, Fábio Luiz Bim Cavalieri, Elisa Cristina Modesto. Palestra publicada nos Anais do 2º Simpósio Internacional em Bovinocultura de Leite: Novos conceitos em Nutrição. UFLA, 2001, p. .199-228
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